quarta-feira, 25 de abril de 2018

EIS UMA VERDADE:



A crença noutro mundo, numa vida além da morte, constitui a maior desgraça para este mundo, para esta vida. Obviedade que parece escapar da percepção daqueles que creem, especialistas na execração da Terra (que Nietzsche já rechaçara como o verdadeiro niilismo). 
Depois de Platão, o cristianismo se tornou o arauto oficial dessa depreciação, a transformar o paraíso (ab origine) em inferno. 
Por mais de um milênio, logrou sucesso em instituir o pecado, a dor, o sofrimento. 
Felizmente, a razão humana reagiu à insanidade a ela atribuída, a tempo de fundar o verdadeiro humanismo, agora assegurado por um processo de secularização irreversível.

terça-feira, 17 de abril de 2018

PALAVRAS DE SABEDORIA


Caro leitor, não considere esse título uma pretensão descabida antes de chegar ao fim das linhas abaixo. Sua paciência e credibilidade serão recompensadas, prometo-lhe de antemão. O presente texto poderá estimular uma reflexão em sua consciência.
Minha escolha pelo conhecimento, ao invés de acumular bens materiais (como geralmente ocorre com a maioria das pessoas), exigiu-me muita leitura e atenta observação da realidade, dos seres, coisas, fenômenos, tudo o que me cercava no tempo e no espaço.
Todas as veredas que percorri em busca de sabedoria, as mais difíceis possíveis como o de conhecer a mim mesmo, trouxeram-me a este caminho mais amplo e claro sob o sol do bem. À semelhança do homem liberto na alegoria platônica, superei a ignorância de que somos dotados ab origine e passei a compreender minhas antigas crenças e preconceitos.
A nova condição, todavia, desenvolveu em mim a responsabilidade de voltar (sempre que possível) ao interior da caverna, para dar aos outros o testemunho da claridade. A forma preferida como cumpro esse ofício remonta aos anos oitenta, quando comecei a expressar na escrita o pouco que tinha conhecimento. No impedimento de dar uma camisa ao outro (porque disponho de poucas em meu guarda-roupa), ofereço-lhe ideias. Assim penso fazer o bem.
Lamentavelmente, como previsto por Platão, não sou bem recebido por meus semelhantes mais necessitados, que teimam em viver presos às correntes do dia a dia de uma forma empedernida, ignara. Neste aspecto, o Brasil consiste numa imensa caverna, não apenas pelas religiões (que vicejam), não apenas pelas políticas (que governam), não apenas pelo crime (que assombram)...

Froilam de Oliveira
17 de abril de 2018

sexta-feira, 13 de abril de 2018

LULISMO: MANIFESTAÇÃO DE IRRACIONALIDADE

O irracionalismo político já constitui uma realidade no Brasil, a imitar a Alemanha na época nazista. A grande diferença é que lá, ele unificou a nação em torno de um líder e aqui, divide a nossa sociedade. O lulismo (petismo) é um fenômeno que escancara a participação do inconsciente na tessitura viva da realidade, a ignorar as difíceis conquistas da consciência (tomadas como marcas do avanço civilizatório). Inicialmente, pensei se tratar de anarquismo, estratégia dos lulistas para detonar com o establishment, por eles identificado como obra de uma elite (ainda chamada de “burguesia”). Sem uma crise de grandes proporções, que coloque em dúvida o sistema até então dominante, o socialismo não tem chance de chegar ao poder. 
Em seus primórdios, o lulismo empregou o “jeitinho brasileiro”, de malícia exclusiva, na medida em que não havia mais a possibilidade de uma revolução armada (comum a outros tempos). Seus arrivistas passaram a discursar sobre a democracia, regime aperfeiçoado e instituído pelo país mais capitalista do mundo, os Estados Unidos. Nesse aspecto, eles poucos se importavam com a contradição nunca percebida pela legião de apedeutas que caiu na armadilha. Após algumas derrotas eleitorais, a oposição lulista conseguiu chegar ao Planalto, a despeito do melhor momento econômico por que atravessava o país. O primeiro “pograma” no novo governo, o Fome Zero, exemplifica a contradição já reconhecida na América Latina: a fome passa a constituir a geografia humana da América Latina socialista/socialista, notadamente Cuba* e Venezuela. 
Os brasileiros deveríamos saber o que aconteceu ao longo dos governos lulistas. Infelizmente, uma parte da sociedade ainda resiste, a empunhar uma bandeira vermelha, crentes na inocência de seu grande líder. Políticos, juristas, jornalistas, professores, intelectuais, todos que o seguiam de perto, não mais se confundem como anarquistas ou socialistas. Muitos enriqueceram com a simples aproximação do poder, alçando-se a uma condição material acima da maioria (que constituiria a classe tão odiada em seus discursos). O medo de perder as regalias alcançadas não dispensando as formas ilícitas, penso agora, amplia-se para algo maior, mais assustador. Na falta de referências filosóficas, sociológicas ou psicanalíticas, denomino o fenômeno a tomar corpo de irracionalismo.

* Sugiro a leitura do romance O homem que amava os cachorros, do escritor cubano Leonardo Padura.