sexta-feira, 9 de junho de 2017

MELINDRES FERIDOS...

Pessoas que acreditam num deus pessoal (tratado de “senhor” pelos cristãos), de quando em vez, interpelam-me nas redes sociais, exigindo mais respeito à sua fé, à sua religião. Elas se incomodam com a naturalidade da forma como me expresso sobre a não existência de um deus pessoal, a ilusão que significa noutras palavras sua fé e a grande mentira pregada pela sua religião. A recíproca não é verdadeira, na medida em que não me incomoda a forma debochada com que tratam minha descrença, o ateísmo de um modo geral. Pelo contrário, acho até engraçado me dizerem que não há ateu em avião que cai. Como saber a rápida conversão na iminência da morte? Os acidentes aéreos, salvo raríssimas exceções, não há sobreviventes. Na contracapa de meu livro Considerações neoateístas, faço referência a essa ironia, cujo contraponto é extraordinário: nenhum avião interrompeu sua queda por motivo das súplicas e orações feitas a um deus pessoal. Por uma questão de ética, todavia, não baixo o nível, para rebater argumentos já ultrapassados, preconceituosos, obsoletos. Há um processo de secularização em andamento desde Nicolau Copérnico, passando pelos empiristas, Iluminismo, Charles Darwin, Friedrich Nietzsche, Sigmund Freud, Albert Einstein, Bertrand Russel, Círculo de Viena, genética e neoateístas do século XXI, que apresenta um novo paradigma, fundamentado no espírito filosófico e científico. Sou apenas um arauto desse processo civilizacional, que não tem a voz cálida para se desculpar com os melindres feridos.

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