Pessoas que acreditam num
deus pessoal (tratado de “senhor” pelos cristãos), de quando em vez,
interpelam-me nas redes sociais, exigindo mais respeito à sua fé, à sua
religião. Elas se incomodam com a naturalidade da forma como me expresso sobre
a não existência de um deus pessoal, a ilusão que significa noutras palavras
sua fé e a grande mentira pregada pela sua religião. A recíproca não é
verdadeira, na medida em que não me incomoda a forma debochada com que tratam minha
descrença, o ateísmo de um modo geral. Pelo contrário, acho até engraçado me
dizerem que não há ateu em avião que cai. Como saber a rápida conversão na
iminência da morte? Os acidentes aéreos, salvo raríssimas exceções, não há
sobreviventes. Na contracapa de meu livro Considerações
neoateístas, faço referência a essa ironia, cujo contraponto é
extraordinário: nenhum avião interrompeu sua queda por motivo das súplicas e
orações feitas a um deus pessoal. Por uma questão de ética, todavia, não baixo
o nível, para rebater argumentos já ultrapassados, preconceituosos, obsoletos. Há
um processo de secularização em andamento desde Nicolau Copérnico, passando
pelos empiristas, Iluminismo, Charles Darwin, Friedrich Nietzsche, Sigmund Freud,
Albert Einstein, Bertrand Russel, Círculo de Viena, genética e neoateístas do
século XXI, que apresenta um novo paradigma, fundamentado no espírito
filosófico e científico. Sou apenas um arauto desse processo civilizacional,
que não tem a voz cálida para se desculpar com os melindres feridos.
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