sexta-feira, 30 de junho de 2017

QUE COISA!



Na segunda-feira, em Santa Maria, comprei o livro GUERRAS SANTAS, de Philip Jenkins (um dos maiores estudiosos de religião). Já na página 16, leio o parágrafo seguinte:

Histórias de terror a respeito da violência cristã sobejam em outras épocas, com as Cruzadas e a Inquisição como manifestações principais; mas a violência entre cristãos referente aos debates dos séculos V e VI foi mais sistemática e numa escala muito maior que aquela produzida pela Inquisição. [...] Quando Edward Gibbon escreveu seu texto clássico a respeito do DECLÍNIO E QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO, descreveu inúmeros exemplos da violência e fanatismo cristãos.

         O Concílio de Calcedônia (perto da moderna Istambul, na Turquia) ocorreu no ano 451, onde e quando “a Igreja formulou a declaração que acabou se tornando a teologia oficial do Império Romano”. Nesse concílio, ficou decidido que Cristo é de natureza humana e divina. Isso foi de encontro à fé dos chamados monofisistas, que acreditavam na natureza divina única de Cristo.
         De acordo com Jenkins, a maior onda de terror fratricida ocorreu entre os próprios católicos. Mais tarde, os católicos matariam muçulmanos e protestantes em diferentes momentos históricos.
           Gostaria tanto que os católicos soubessem a história de sua igreja. 

sábado, 24 de junho de 2017

PESSIMISTA OU REALISTA?

Não sei se sou mais pessimista que realista, ou vice-versa. Os brasileiros chegam a um consenso: diretas já. Todos creem (à exceção de mim) que novas eleições resolverão os nossos problemas políticos, não obstante o grau de irresolubilidade que tenham alcançado nestes dias. Não penso assim. Dentro de um ano, novo processo eleitoral será aberto, com a possibilidade de ser conduzido pela “soberana vontade do povo”. E daí? Uma nova equipe de governo (presidente, ministros e secretários), por acaso, será composta apenas por pessoas incorruptas e incorruptíveis? A Lava-Jato continuará inconclusa, ou dará origem a outras operações do gênero. Os otimistas que me perdoem, vítimas fáceis da demagogia e do fisiologismo de nossos políticos. 

segunda-feira, 19 de junho de 2017

UMA ESTRADA


Uma estrada é a melhor metáfora para a vida. Tal associação semântica precede a existência do primeiro poeta que a empregou na Antiguidade. 
Da parte que me cabe, já aludi mais de uma vez a ela, sem me importar em ser pouco original. Algum aspecto da vida (e da estada), de repente, adquire a significação de algo que escapou à vista até então. 
Ao deixar a cidade nessa manhã, senti o prazer quase indescritível de estreitar a relação estrada–vida, tornando-a mais real que metafórica. 
Por um momento, desejei isto mesmo: dirigir por uma estrada sem destino, despreocupado com o vem pela frente ou com o que fica para trás. 

sexta-feira, 9 de junho de 2017

MELINDRES FERIDOS...

Pessoas que acreditam num deus pessoal (tratado de “senhor” pelos cristãos), de quando em vez, interpelam-me nas redes sociais, exigindo mais respeito à sua fé, à sua religião. Elas se incomodam com a naturalidade da forma como me expresso sobre a não existência de um deus pessoal, a ilusão que significa noutras palavras sua fé e a grande mentira pregada pela sua religião. A recíproca não é verdadeira, na medida em que não me incomoda a forma debochada com que tratam minha descrença, o ateísmo de um modo geral. Pelo contrário, acho até engraçado me dizerem que não há ateu em avião que cai. Como saber a rápida conversão na iminência da morte? Os acidentes aéreos, salvo raríssimas exceções, não há sobreviventes. Na contracapa de meu livro Considerações neoateístas, faço referência a essa ironia, cujo contraponto é extraordinário: nenhum avião interrompeu sua queda por motivo das súplicas e orações feitas a um deus pessoal. Por uma questão de ética, todavia, não baixo o nível, para rebater argumentos já ultrapassados, preconceituosos, obsoletos. Há um processo de secularização em andamento desde Nicolau Copérnico, passando pelos empiristas, Iluminismo, Charles Darwin, Friedrich Nietzsche, Sigmund Freud, Albert Einstein, Bertrand Russel, Círculo de Viena, genética e neoateístas do século XXI, que apresenta um novo paradigma, fundamentado no espírito filosófico e científico. Sou apenas um arauto desse processo civilizacional, que não tem a voz cálida para se desculpar com os melindres feridos.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

COMENTÁRIOS DIVERSOS



O grande mal realizado por Marx foi deflagrar a dualidade burguesia versos proletariado, que a era pós-industrial se encarregou de eliminá-la de vez. É risível, que alguns marxistas (burgueses) continuam a repetir feito papagaio essa fórmula de criar o conflito social.

Entre os livros mais importantes da história humana, cito A revolução dos corpos celestes, de Nicolau Copérnico, A origem das espécies, de Charles Darwin, e A interpretação dos sonhos, de Sigmund Freud. Coincidentemente, os três livros são responsáveis pelas três grandes frustrações da civilização ocidental, provocadas com as descobertas, respectivamente, do heliocentrismo, da evolução das espécies pela seleção natural e do inconsciente.

À exceção da rádio da URI, as demais são, ou de tendência católica, ou evangélica.
Semana passada, alguém apresentou um programa radiofônico, em que discorreu sobre o Milagre do Sol, ocorrido na Cova de Iria, em Fátima, Portugal. Segundo ele, católico fervoroso, Lisboa era a cidade mais descrente do mundo, governada por comunistas ateus. Tais autoridades chegaram a prender Lúcia, Francisco e Jacinta, as três crianças que viram Nossa Senhora de Fátima.
Não havia comunista em Lisboa na época, senão democratas que implantaram a república portuguesa em 1910.
Um dos pontos fortes da nova constituição normatizava sobre o programa de laicização e secularização da república recém-constituída.
Ainda na monarquia, derrubada pela revolução republicana, a Igreja Católica praticamente governava (sob a beneplácita omissão do rei D. Manuel II).
Diante da inadmissibilidade das congregações organizadas pela igreja e da Companhia de Jesus, foi inevitável o choque entre a instituição religiosa e o governo.
O apresentador do programa deveria conhecer um pouco de história, saber que desmistifica a realidade.

A chuva continua a cair no Rio Grande do Sul, fazendo os rios subirem muito acima de seus leitos naturais, além de suas margens, onde residem teimosamente os homens.

CONTRADIÇÕES VEGETARIANAS



O jovem diz ser vegano, fazendo uma careta de nojo diante da costela assada (posta à mesa), no entanto, não curte a salada de aboborinha verde.

A senhora diz ser defensora dos animais, que sofrem horrores ao serem mortos. Ela chega a citar o filósofo Peter Singer, para dar maior credibilidade a seu argumento, no entanto, aderiu ao colágeno hidrolisado como última tentativa de emagrecer, ter pele, unha e cabelo perfeitos. O colágeno é extraído do osso e da cartilagem do boi, que deve ser morto antes de fornecer a matéria-prima para a tal “bebida da beleza”.

Em Curitiba, tive um colega de trabalho que não se alimentava de carne por uma questão ética (dizia ele): era contra a matança de animais, no entanto, usava sapato de couro, cinto de couro, carteira de couro...

terça-feira, 6 de junho de 2017

DESEMPREGO E OCIOSIDADE



Keynes* já foi ultrapassado pela chamada 3ª Revolução Industrial, que chega ao Brasil com benfazejo atraso e morosidade. Caso ela viesse antes e com rapidez, maior seria o desemprego (seja nos centros industriais, seja no campo). A automatização diminui o emprego de braços humanos – produzindo mais. A massa de desempregados (condenada à pobreza pelo sistema capitalista) será obrigada a viver ao lado de um maior número de pessoas ociosas (beneficiadas pelo mesmo sistema).
* John Maynard Keynes (1883 – 1946) foi um economista britânico, adepto de uma política econômica de estado intervencionista. Um de seus dogmas pregava que a retomada dos investimentos reduz o desemprego.
P.S.: Temer é keynesiano.

O ESTADO IDEAL

Segundo Platão, o Estado nasce em razão da não autarquia de cada indivíduo, isto é, o homem não se basta a si mesmo e tem necessidade dos serviços de muitos outros homens. 
Em primeiro lugar, são imprescindíveis os serviços de todos aqueles que provêm às necessidades materiais, desde o alimento até as vestes e a habitação. No liberalismo atual, o mercado desempenha em grande parte essa função.
Em segundo lugar, são necessários os serviços de alguns homens responsáveis pela guarda e defesa da Cidade (Estado). Hoje todos reclamam da falta de segurança.
Em terceiro lugar, é necessário a dedicação de alguns poucos homens que saibam governar adequadamente. 
A Cidade, portanto, necessita de três classes sociais: 1) a dos lavradores, artesãos e comerciantes (agricultura, indústria e comércio); 2) a dos guardas (polícias e forças armadas); 3) a dos governantes (políticos).
(Baseado no livro História da Filosofia, de Giovanni Reale e Dario Altiseri.)