quarta-feira, 19 de abril de 2017

ANTICATOLICISMO


"PECADOS" DE GIORDANO BRUNO
(Por que não sou católico?)

        Giordano Bruno foi um padre e filósofo italiano, queimado na fogueira em 19 de fevereiro de 1600 pela Igreja Católica. Seus “pecados”: apontar incoerências em Aristóteles, aproximar-se do arianismo (fé segundo a qual a Trindade era uma invenção humana) e, principalmente, por ler obras de místicos e alquimistas.
        Bruno representa o mais famoso dos hereges (de uma lista muito extensa de) condenados pela “Santa” Inquisição. Bruxas não existem, todavia, mais de 40 mil mulheres foram mortas pela Igreja Católica com acusação de bruxaria.
        Depois de matar muita gente, o catolicismo passou esse poder assassino ao islã, cuja literatura prega que “o Paraíso fica à sombra da espada”.
        Nascido numa família católica, acreditei na religião (que me fez confessar um pecado aos sete anos de idade). Ainda bem que a abandonei na juventude, a partir do conhecimento de História, não bastasse o conhecimento de outras ciências e de Filosofia.
        Ao escrever e publicar sobre esse assunto, não penso ser falta de respeito com os católicos (ampla maioria da sociedade a que pertenço). A História é que deveria ser acusada de falta de respeito, da mesma forma que outras ciências e que a Filosofia.
        Uma coisa que me causa certa indignação é como as pessoas se agarram a uma religião, usando o pouco de razão que desenvolveram naturalmente para justificar (racionalizar) as próprias crenças.
Sugiro a essas pessoas que leiam História, a história da Igreja Católica, a história de Giordano Bruno.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

CRÔNICA DO RINCÃO DOS MACHADO


 
Esta tarde chuviscosa e longa, depois da sesta, de um trabalho de marcenaria e do banho, propicia-me um momento adequado para escrever algo. Não basta o barulho da chuva como estimulante, o drink é fundamental para me indicar a “toca do coelho”.
A última expressão acima não significa que saio da realidade, para mergulhar feito Alice ao encontro de uma alegoria. Minha condição não é a de um personagem, o que me impõe tomar as rédeas da elocução. É exatamente isso que faço neste momento.
O Rincão dos Machado, costumo dizer às pessoas com quem me relaciono na cidade, representa meu cantinho telúrico, de uma poesia rude e delicada ao mesmo tempo. Rude como a vida no âmbito rural, delicada como as boninas que florescem no campo. Aqui encontro o silêncio (tão precioso aos indivíduos contemplativos), às vezes interrompido pelo canto dos pássaros, pelo volume do rádio ligado na cozinha, ou pelo som da chuva. Aqui encontro a simplicidade, tão agradável ao meu espírito. Aqui vivo a liberdade, depois de tantas dependências e enleios (que me fizeram penar anos e anos). Aqui meu pai e meu irmão também vivem livres, trabalham bastante é verdade, mas são donos de seus destinos.
A chuva que cai continuamente provoca um aumento no fluxo de água do rio Rosário, encobrindo a ponte que nos leva à cidade. Somos obrigados a dar uma volta maior, caso decidirmos experimentar as benesses da civilização. O lamentável é que as estradas continuam em péssimo estado, malgrado as promessas do prefeito.  
A tarde se foi, uma vez que as duas janelas da sala onde me encontro desapareceram do meu campo visual. A noite chega previsível, ainda mais silenciosa que a tarde. Apenas o coro dos sapos me chama a atenção (ao sair lá fora por um motivo óbvio). O açude está em festa.
Na conclusão desta crônica, para manter a coerência textual, devo retomar algo expresso em sua introdução. Dessa forma, digo que o drink estava ótimo. Pouco poético, mas autêntico como sói ocorrer ao realista,  que toma a liberdade de colocar o ponto final e pronto.

domingo, 9 de abril de 2017

REFLEXÃO NUM DOMINGO DE CHUVA

O gênero homo é agressivo. Essa característica foi fixada em seu DNA ao longo dos primeiros milhões de anos de evolução. A última espécie, o homo sapiens, constitui a prova da beligerância de natureza genética. 
Não foi só a capacidade de se organizar de forma flexível em grandes grupos sociais, de acordo com Harari (2015), que o levou a dominar o planeta. Todas as guerras testemunhadas nos últimos cem anos, registradas pela história escrita ou pela memória oral, são a sequência natural de um comportamento que se pode inferir preexistente desde o paleolítico. 
Huxley (1937) chegou a escrever que “Todos os caminhos em busca de uma sociedade melhor são bloqueados, mais cedo ou mais tarde, pela guerra, ameaças de guerra, preparativos para a guerra”. 
O fenômeno da guerra, quase que exclusivamente humano, por sua vez, consiste na extensão da violência de que é propenso o indivíduo. Sua manifestação em grau máximo está no assassinato. 
A decisão de fazer guerra ou de matar outra pessoa nasce de uma pulsão, de uma vontade. A demora com que é tomada tal decisão não depende da razão, como já ocorre na intempestividade. (Razão como um processo inteligente, diga-se de passagem.) 
Os feitos recentes de Bashar al-Assad e Donald Trump, respectivamente, ditador sírio e presidente dos Estados Unidos, comprovam o acima exposto.   

quarta-feira, 5 de abril de 2017

ENSINO DE FILOSOFIA

ERRO SISTEMÁTICO NA APRESENTAÇÃO DA FILOSOFIA A ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO


A história da Filosofia é maçante demais para ser escrutinada por uma geração de indivíduos pertencente à modernidade líquida. A Filosofia não se resume ao registro de sua história (de 25 séculos), mas abrange Teoria do Conhecimento (ou Epistemologia), Ética, Lógica, Filosofia Política, Estética... Essas áreas, via de regra, amalgamam-se com os fatos filosóficos. Ainda que se priorize a história, o vetor estabelecido pela cronologia não necessariamente deva ser unidirecional, apenas do filósofo mais antigo para o mais moderno. Aulas intermináveis são dedicadas ao estudo dos gregos clássicos, por exemplo, e citações rápidas aos pensadores contemporâneos (uma vez que o tempo escasso em final de trimestre, semestre ou ano letivo assim o exige). A história da Matemática, da Física, da Biologia, entre outros campos do saber, não é prioridade para os alunos, senão o estágio atual em que se encontram os conhecimentos matemáticos, físicos, biológicos etc. A Filosofia deve ser ensinada como a própria atividade de pensar – não engessada pelo tempo. Seu principal objetivo, segundo Wittgenstein, “é a clarificação lógica do pensamento”. Desafio maior é fazer pensar a geração de indivíduos pertencentes à modernidade líquida.