segunda-feira, 21 de novembro de 2016

MALEDICÊNCIA

            Hoje liguei para a Erilaine, cumprimentando-a pelo trabalho com os gêneros textuais realizado com alunos do 9º ano do Instituto Professor Isaías. Ela e uma aluna (representante da turma) estarão em Porto Alegre amanhã, para o Encontro do Movimento Pedagógico Latino Americano.
         Algumas pessoas em Santiago, sabedoras de nossa separação, procuram a Erilaine para falar mal de mim (como se isso fosse agradá-la). Pessoas que conhecíamos na rua, ou nos lugares que frequentávamos. Disse-me que se indigna com a tentativa de difamação, rejeitando-a de imediato.
         Essas pessoas, na maioria cristãs ou espíritas, crentes num deus infinitamente bom, que preceitua o “amar uns aos outros”, não sabem que o fim da relação entre mim e Erilaine aconteceu sem briga. Não falamos mal um do outro, para justificar o injustificável. A propósito, há nove anos, no princípio do nosso relacionamento, propus a ela que colocássemos a seguinte frase na entrada da casa: “Aqui não se fala mal dos outros”.
         Essa ética até parece um tanto estranha num ateu, num anticristão. Não o é, todavia. O mesmo posso dizer dos ateus que conheço em minha cidade: a maledicência não os caracteriza antiteticamente.
           Todos nós temos falhas (algumas incorrigíveis). Ninguém é perfeito, malgrado a condição de perfectibilidade. Gostaria de saber que falhas esses maledicentes – que a Erilaine já não soubesse depois de nove anos.

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