Na
Terra dos Poetas, infelizmente, a poesia tem pouca penetração popular, para não
dizer pouquíssima. A maioria dos santiaguenses é constituída de não leitores. A
minoria que lê, todavia, prefere outros gêneros textuais – literários ou não.
A
grande paixão das pessoas (neste aspecto Santiago não se distingue de outros
lugares) é a política partidária, com ênfase nestes meses que antecedem as
eleições municipais. (Depois do pleito, os antes apaixonados eleitores se
desligam do poder instituído por eles, por intermédio do voto, deixando-o à
mercê de seus representantes – que legislam e administram por orientação
própria ou de suas siglas.)
A partir das convenções ocorridas há pouco, já se
pressente o alvoroço em nossa cidade.
À semelhança da paixão pelo futebol, a
paixão pela política tem suas bandeiras com cores bem definidas. À semelhança
da paixão pela corrida de cavalo (já foi a mais forte noutros tempos), a paixão
pela política tem seus candidatos preferidos, em quem fazer uma aposta (de
mudança, por exemplo).
Malgrado haver um terceiro concorrente, a polarização entre
dois candidatos a prefeito será inevitável.
Das crianças aos velhos, mesmo
entre aqueles que não votam, todos se envolvem apaixonadamente, numa
intensidade cada vez maior – até culminar com o dia das eleições. Exatamente
nesse dia de arroubo propiciado pela política, ninguém perceberá a ausência da
poesia.
* Paixão no sentido de "sentimento, gosto ou amor intensos a ponto de ofuscar a razão" (Houaiss).
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