quarta-feira, 3 de agosto de 2016

A PAIXÃO* PELA POLÍTICA

Na Terra dos Poetas, infelizmente, a poesia tem pouca penetração popular, para não dizer pouquíssima. A maioria dos santiaguenses é constituída de não leitores. A minoria que lê, todavia, prefere outros gêneros textuais – literários ou não. 
A grande paixão das pessoas (neste aspecto Santiago não se distingue de outros lugares) é a política partidária, com ênfase nestes meses que antecedem as eleições municipais. (Depois do pleito, os antes apaixonados eleitores se desligam do poder instituído por eles, por intermédio do voto, deixando-o à mercê de seus representantes – que legislam e administram por orientação própria ou de suas siglas.) 
A partir das convenções ocorridas há pouco, já se pressente o alvoroço em nossa cidade. 
À semelhança da paixão pelo futebol, a paixão pela política tem suas bandeiras com cores bem definidas. À semelhança da paixão pela corrida de cavalo (já foi a mais forte noutros tempos), a paixão pela política tem seus candidatos preferidos, em quem fazer uma aposta (de mudança, por exemplo). 
Malgrado haver um terceiro concorrente, a polarização entre dois candidatos a prefeito será inevitável. 
Das crianças aos velhos, mesmo entre aqueles que não votam, todos se envolvem apaixonadamente, numa intensidade cada vez maior – até culminar com o dia das eleições. Exatamente nesse dia de arroubo propiciado pela política, ninguém perceberá a ausência da poesia. 

* Paixão no sentido de "sentimento, gosto ou amor intensos a ponto de ofuscar a razão" (Houaiss). 

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