terça-feira, 19 de julho de 2016

O LIVRO DOS ESPÍRITOS


A Bíblia, o Corão, O Livro de Mórmon, O Livro dos Espíritos, entre outros livros não escapam de minha análise em Considerações Neoateístas. Sobre O Livro dos Espíritos, por exemplo, escrevi 34 páginas. Eis os três primeiros tópicos:
"Ao ler a Introdução de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, fiz algumas anotações, que me exigem uma análise mais demorada. Em princípio, uma doutrina ditada por espíritos superiores não poderia demandar tantas páginas de esclarecimento, malgrado a inteligência de seus adeptos. O codificador justifica a necessidade do escólio introdutório, em razão da falta de uma 'língua perfeita', 'em que cada ideia teria a representação por um termo próprio'. A palavra 'alma', por exemplo, prestar-se-ia a três ideias diferentes, em decorrência da limitação linguística. A doutrina espírita faz a escolha seguinte: 'alma é o ser imaterial... que reside em nós e sobrevive ao corpo'. Idealismo puro, contra o qual se justifica meu contraponto.
"A alma bem definida, o codificador passa a se preocupar com os contraditores da doutrina (antes dela vir a público textualmente). Ele inicia com as mesas que giram, acompanhadas ou não de outras manifestações estranhas. Segundo ele, esse fenômeno remonta 'à mais alta antiguidade'. O número de provas não mais suscitaria dúvida, ainda que, para alimentá-lo, somam-se os casos de fraude. A movimentação dos objetos revelariam uma inteligência como causa - os espíritos. A partir desse salto metafísico, o codificador faz tabula rasa da mente (cujos poderes ainda não são inteiramente conhecidos até hoje).
"O passo seguinte foi transformar o movimento de objetos e as batidas sistemáticas numa forma de linguagem (empregada pelos espíritos para a comunicação). Como o meio era 'demorado e incômodo', as entidades comunicantes indicaram outro: a escrita. Um lápis preso a um cesto, associaria o movimento de objetos à produção de 'palavras, frases e discursos inteiros de várias páginas, tratando das mais altas questões de filosofia, de moral, de metafísica, de psicologia...'. O codificador não esclarece se os textos são inéditos ou já publicados por autores conhecidos. Seu próprio discurso é tendencioso e hiperbólico: altas questões de metafísica... Em menos de cem anos, o avanço filosófico e científico provocariam o fim da metafísica. Altas questões de psicologia? Isso é quase impossível antes de Freud e Jung. A produção textual automática, todavia, necessita de uma pessoa dotada de forças especiais - o médium (intermediário entre os espíritos e os homens). O codificador, leniente, contradiz-se mais adiante: 'Essa faculdade (a mediunidade), de resto, desenvolve-se pelo exercício'".
Noutra postagem, sigo transcrevendo os tópicos na sequência.

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