terça-feira, 26 de janeiro de 2016

BENEFÍCIOS DA RELIGIÃO?

Ante a questão de se saber qual a importância da religião, o senso comum não titubeia em respondê-la com dois exemplos, geralmente associados a mudanças de comportamento.
O primeiro é bastante real: fulano era alcoólatra, violento e endividado (não necessariamente nessa ordem). A família, já praticante, conseguiu levá-lo à igreja, onde foi apresentado a Jesus. Muitas orações para resgatar sua alma da perdição. Hoje ele é outro homem. Mais querido pelos seus, próspero nos negócios, temente a Deus.
O segundo exemplo é hipotético: sicrano passará a se comportar mal em vista de não mais seguir uma religião. Nesse aspecto, responde negativamente à indagação de Mítia, personagem de Os irmãos Karamázov, de Dostoiévski: “Como o homem seria virtuoso sem Deus?”.
Alguns membros da sociedade santiaguense seguiram uma trajetória semelhante à de fulano. Claro, entenda-se por alcoolismo outros vícios; por violência, outros aleijões morais; por dívida, outros problemas. Por outro lado, há membros que abandonaram sua religião (via de regra, a católica), tornando-se ateus. Incluo-me neste grupo.
Daniel Dennett, em seu Quebrando o encanto, escreve o seguinte: “Se eu lançar um mau olhado em você, você pode ficar seriamente amedrontado a ponto de cair doente, mas se isso acontecer é porque você é crédulo, não porque eu tenho poderes mágicos”. Analogamente, o alcoólatra traz dentro de si as condições de deixar do álcool. Os Alcoólicos Anônimos, que não têm vínculo religioso, fazem “milagre” na recuperação de viciados em aproximadamente 90.000 grupos distribuídos em mais de 150 países.
Outras organizações não religiosas também fazem esse trabalho com sucesso expressivo, provando que não é a religião que opera o “milagre”. Meu tio, que muito fumou e bebeu ao longo de seus 70 anos, estava com problemas sérios. O médico foi peremptório: “Ou você deixa do cigarro e do álcool, ou poderá comprar o caixão”. O que ele fez a partir da hora da consulta? Deixou do fumo e do trago. Malgrado a crença numa vida além, as pessoas querem mesmo é viver esta vida.
(Não falo em meu nome), todos os ateus que conheço são pessoas corretíssimas. Elas não pensam que tudo é permitido, porque Deus não existe. Obviamente, nem todos alcançaram amadurecimento suficiente para não tripudiar daqueles que ainda creem nas crenças de sua religião.  
O senso comum é a maioria. Até há pouco tempo, ele era porta-voz do poder eclesiástico da Santa Sé, que metia na fogueira quem pensasse diferente. 

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