segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

UMA CERTEZA

Um ano vai, outro ano vem. 
Um retrospecto. 
Uma expectativa. 
O ano vivido foi bom, para ser lembrado. O ano vivido foi ruim, para ser esquecido. 
Reducionismo puro. 
Leniência. 
Injustiça. 
O ano a viver será maravilhoso. A esperança é exagerada, é tudo. 
Ao longo dos primeiros meses, todavia, ela vai perdendo sua força delusória. 
A realidade volta a determinar a vida de cada um de nós. Boa ou ruim.
Nessas alturas, é tarde para reconsiderar 2015 e é cedo para alimentar novos desejos para 2017. 
Não há outra maneira de viver melhor, senão admitindo 2016. Tal como é.
Essa aceitação afetiva, que Nietzsche denominou de amor fati, traz implícita a possibilidade de ser quebrado o ciclo imposto de fora, pelas passagens de ano (por exemplo). 
As coisas não mudam porque assim indica a numerologia, o horóscopo, a divindade e outras ficções.
O calendário não passa de uma ordem imaginada. 
O tempo é um continuum absoluto, cujo contato com as nossas experiências é o presente, agora. 
É, não foi, não será. 
O segredo para a felicidade (tão mutuamente desejada em torno do Ano-Novo), consiste na compreensão desse ponto. 
A máquina dos desejos compara-se, grosso modo, com uma casa da moeda que emite milhões em cédulas sem o lastro correspondente. 
O ouro está dentro de nossos corações e mentes. Ou não está.
O ano pouco interessa. O dia de hoje sim.
Uma certeza. 


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