segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

POR AONDE?

O vento prenuncia chuva para logo. Ele se faz ouvir no farfalho enlouquecido das ramagens. Uma encruzilhada teima em se desenhar à minha frente, com perspectivas obliteradas pela minha dúvida. Não posso retornar tampouco, na medida em que a vida é uma estrada de sentido único. Meu tempo se constitui com a necessidade de ocupar novos pontos no espaço, seguir adiante. Neste momento, vou por aonde? A viagem há pouco realizada não foi suficiente para determinar um norte, malgrado indo para o sul. Talvez siga para o norte. Talvez. A chuva, prestes a cair, deverá apagar minhas pegadas.

domingo, 25 de dezembro de 2016

COMENTÁRIOS DIVERSOS

O pessoal fala muito em deus, deus pra cá, deus pra lá, mas não vejo foto dele (ou de seu único representante encarnado).
Não faltam fotos de comida, muita comida, muita bebida, muitas selfies, muitas mensagens bobas.
O Natal se seculariza, pelos hábitos daqueles que se dizem religiosos.

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O NATAL foi introduzido no Cristianismo pela Igreja Católica, a partir de uma festa sabidamente pagã. A data hoje continua repleta de paganismos, como a figura do Papai Noel. O consumismo enlouquecido associado ao espírito natalino, mais que os elementos pagãos, e o processo de secularização serão responsáveis pelo fim da religiosidade que subsiste ainda no Natal.

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O Uruguai é o país mais adiantado da América Latina, mais educado, mais seguro. IDH mais alto. Apresenta o maior índice de ateus, o que prova ser a moralidade anterior à religião, independente desta. Para responder à preocupação de um personagem de OS IRMÃOS KARÁMAZOV, de Dostoievski, sem deus tudo é possível, óbvio, inclusive a ordem, a decência humana. O Brasil é preponderantemente religioso e...

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HÁ UM PROCESSO CIVILIZACIONAL em curso no Ocidente: a secularização. O que é a secularização? É a transformação ou passagem de coisas, fatos, pessoas, crenças e instituições, que estavam sob o domínio religioso, para o regime leigo. Esse processo é irreversível, mas as religiões se agarram em seus esteios dogmáticos (fixos no sobrenatural).

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

FIM DE ROMANCE

A sensação de um vazio começou logo no primeiro dia em que ele ficou sozinho no apartamento com as coisas faltando ou fora do lugar em decorrência da separação. Os furos e marcas nas paredes, lembrança imediata dos quadros, não cessaram de tortura-lo até que os pintores os eliminassem com duas demãos de tinta. Sua única saída era a rua, todavia, assim que abria a porta de volta e não a via ao fundo do corredor (preparando aulas), o vazio voltava a crescer, paradoxalmente feito uma bolha. Uma bolha vazia, diga-se de passagem, que lhe pressionava de dentro para fora, a doer na garganta, a congestionar os olhos, a rasgar a pele da racionalidade (e expor o sentimento vivo que procurara isolá-lo internamente). Após entregar o apartamento, ele retornou para o lugar de sua infância, com a perspectiva de que o vazio se preenchesse de alguma forma inexplicável. As poucas coisas que restaram do antigo lar, simples como um pote de temperos identificado por ela, os travesseiros ou o par de chinelos que ganhara de aniversário, todavia, acionavam um estado de intensa suscetibilidade emotiva, muito difícil de esconder daqueles que o cercavam na nova casa. Toda vez que retornava à cidade, via-se em frente ao edifício em que morara, a olhar para as janelas do apartamento com a ideia quase obsessiva de vê-la de repente. Certa noite, depois de rodar pela cidade sem destino, estacionou o carro na esquina em frente, para permitir que a bolha explodisse inexplicavelmente. Dentro do carro, ouvindo as músicas que ouviam em suas viagens, ele continua a sentir o vazio com uma tristeza sempre renovada, a se perguntar se ela não sentia algo também, ao ouvir as mesmas músicas. A semana que vem, ele tem uma viagem marcada (de acordo com o que haviam planejado antes da separação). Agora irá sozinho, ouvindo as músicas que ouviam juntos. Certamente, o vazio crescerá dentro dele, na medida em que estará vazio o lugar que ela ocupava ao seu lado. Depois dessa viagem, talvez faça outra com destino incerto, outra mais e mais outra. Mesmo indo para Pasárgada, não será feliz inteiramente, porque há de persistir o vazio criado pela ausência dela. 

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

LEIO HOJE

Do livro A arte de questionar, de A.C. Grayling:
"O que as pessoas religiosas querem dizer com a palavra 'deus' nada significa para mim, exceto um emaranhado incoerente de conceitos cujos diversos subgrupos mais convenientes são escolhido por diferentes apologistas religiosos com distintos objetivos.
"Porém a palavra traz à mente o fenômeno das religiões criado pelo homem, cujo efeito na humanidade, tanto agora quanto ao longo do tempo, tem sido, com uma margem considerável, negativo. Bastaria pensar na falsidade ideológica e nas consequentes distorções de comportamento acarretadas pela ideia de que existem agentes sobrenaturais que criaram este mundo tão imperfeito e que eles têm um interesse em nós que abrange até nossa vida sexual e o que devemos ou não comer ou vestir em certos dias.
"Trata-se de uma fonte frequente de conflito e crueldade. Em seu nome, foram cometidos crimes que não teriam sido perpetrados por nenhum outro motivo: o assassinato daqueles que 'blasfemam' ou são 'heréticos' [...]
"As doutrinas básicas das principais religiões têm suas raízes nas superstições e fantasias de camponeses analfabetos que viveram há milhares de anos. É surpreendente que essas crendices, sob a forma parcial de versões sofísticas posteriores, continuem a ter alguma credibilidade. [...]
"Eu gostaria que as pessoas vivessem sem superstição, governassem suas vidas pela razão e conduzissem seus relacionamentos com base em princípios reflexivos acerca do que devemos uns aos outros como semelhantes  que estão viajando através da condição humana - com gentileza e generosidade sempre que possível e justiça em todas as ocasiões. Nada disso requer religião ou o nome vazio de 'deus'".

terça-feira, 29 de novembro de 2016

REFLEXÃO ATEÍSTA

Os teístas, criadores de deus, deveriam se perguntar qual a possível relação de sua criatura com a morte de um grande número de pessoas em acidentes diversos.
Segundo a própria crença, esse deus antropomórfico apresenta três atributos essenciais: onipotência, onipresença e onisciência. A propósito, se ele é onipresente, por que a reza “Pai nosso que estais no céu”?
Algumas vezes, por fatores casuais, diz-se que houve milagre. Uma pessoa se salva, quando sua morte era mais suscetível. Daniel Dennett expressa em Quebrando o Encanto (2006): “A única maneira de considerar seriamente a hipótese dos milagres seria excluir as alternativas não milagrosas”.
Muito antes de ler esse filósofo, escrevi que o milagre era negado pela ocorrência contrária (a falta de milagre).
Diante das “tragédias”, os teístas poderiam pensar sobre isso e, ato contínuo, questionar a possibilidade de a criatura que eles tomam como real ser imaginária. Ao contrário, isentam-na dos três atributos acima citados, rogando-lhe que dê forças às famílias dos mortos. 

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

FEIRA DO LIVRO

Hoje estive na Livraria Inove, onde comprei o livro A arte de questionar, de A. C. Grayling (filósofo britânico).
Perguntei ao Miguel sobre a feira, e ele me respondeu (sem esconder a desolação) que vendera pouco, bem abaixo das anteriores. Ao contrário do noticiado, as vendas tiveram uma queda muito acima dos 19% (apresentada na Feira do Livro de Porto Alegre).
Em razão do (re)lançamento do meu livro, acompanhara as duas últimas horas de domingo, e o movimento de pessoas que visitavam a Estação era desoladamente pequeno. A prova disso, mais uma vez me foi dada pelo Miguel: venderam-se menos livros no domingo do que na quarta-feira (por ocasião da abertura).
Malgrado a vontade e o trabalho dos organizadores, os santiaguenses continuam lamentavelmente sem o gosto pela leitura.
Penso que duas causas externas também contribuíram para a queda generalizada na venda no ano corrente: a crise econômica (real ou aparente) e a internet móvel. Se aquela tira o dinheiro do consumidor, esta tira-lhe o tempo (que seria dedicado à leitura).

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

MALEDICÊNCIA

            Hoje liguei para a Erilaine, cumprimentando-a pelo trabalho com os gêneros textuais realizado com alunos do 9º ano do Instituto Professor Isaías. Ela e uma aluna (representante da turma) estarão em Porto Alegre amanhã, para o Encontro do Movimento Pedagógico Latino Americano.
         Algumas pessoas em Santiago, sabedoras de nossa separação, procuram a Erilaine para falar mal de mim (como se isso fosse agradá-la). Pessoas que conhecíamos na rua, ou nos lugares que frequentávamos. Disse-me que se indigna com a tentativa de difamação, rejeitando-a de imediato.
         Essas pessoas, na maioria cristãs ou espíritas, crentes num deus infinitamente bom, que preceitua o “amar uns aos outros”, não sabem que o fim da relação entre mim e Erilaine aconteceu sem briga. Não falamos mal um do outro, para justificar o injustificável. A propósito, há nove anos, no princípio do nosso relacionamento, propus a ela que colocássemos a seguinte frase na entrada da casa: “Aqui não se fala mal dos outros”.
         Essa ética até parece um tanto estranha num ateu, num anticristão. Não o é, todavia. O mesmo posso dizer dos ateus que conheço em minha cidade: a maledicência não os caracteriza antiteticamente.
           Todos nós temos falhas (algumas incorrigíveis). Ninguém é perfeito, malgrado a condição de perfectibilidade. Gostaria de saber que falhas esses maledicentes – que a Erilaine já não soubesse depois de nove anos.

O QUE É POESIA?


         Poesia é um olhar especial com que se vê seres, coisas, fenômenos ou sentimentos e a expressão desse viés num linguagem (verbal ou não) que surpreende pela forma ou conteúdo.
         O poema “Amores”, do meu livro Vozes e Vertentes (2010), prestar-se-á como para o desenvolvimento do que foi enunciado no parágrafo acima:

amores

amores vêm
amores vão(-se)
como ondas d’água
trazem flores
quando vêm
vão sargaços
quando mágoa

amores vêm
amores voam
como pássaros
de arribação

ainda que passem
amores
não vêm
em vão

         O texto não versa sobre o amor em si, posto no plano da idealização, mas sobre o sentimento que aproxima duas pessoas (e vivido de uma forma particular). Por isso, o plural “amores”.
         Os dois primeiros versos constatam apenas uma realidade: amores vêm e amores vão-se embora. Nada em especial. No terceiro verso, todavia, uma comparação (quase metáfora): “como ondas d’água”. Aqui começa o olhar diferente (que caracteriza a poesia).
         O verso sete, “quando mágoa”, apresenta uma ruptura sintática em prol da semântica. O correto seria “quando magoa”.
         Na sequência, a repetição também é interrompida com “amores voam”, ao invés de “amores vão(-se)”. Metáfora pura. Os pássaros de arribação vêm e vão embora.
         O poema se encerra com duas aliterações rítmicas: “passem” (que se associa a “pássaros”) e “vêm”/ “vão”.
          Por que os amores não vêm em vão?
          Eles trazem flores e pássaros, ora.
     Eis uma visão idiossincrásica, que apresenta autenticidade poética.

O QUE É POESIA?


         Poesia é um olhar especial com que se vê seres, coisas, fenômenos ou sentimentos e a expressão desse viés num linguagem (verbal ou não) que surpreende pela forma e conteúdo.
         O poema “Amores”, do meu livro Vozes e Vertentes (2010), prestar-se-á como para o desenvolvimento do que foi enunciado no parágrafo acima:

amores

amores vêm
amores vão(-se)
como ondas d’água
trazem flores
quando vêm
vão sargaços
quando mágoa

amores vêm
amores voam
como pássaros
de arribação

ainda que passem
amores
não vêm
em vão

         O texto não versa sobre o amor em si, posto no plano da idealização, mas sobre o sentimento que aproxima duas pessoas (e vivido de uma forma particular). Por isso, o plural “amores”.
         Os dois primeiros versos constatam apenas uma realidade: amores vêm e amores vão-se embora. Nada em especial. No terceiro verso, todavia, uma comparação (quase metáfora): “como ondas d’água”. Aqui começa o olhar diferente (que caracteriza a poesia).
         O verso sete, “quando mágoa”, apresenta uma ruptura sintática em prol da semântica. O correto seria “quando magoa”.
         Na sequência, a repetição também é interrompida com “amores voam”, ao invés de “amores vão(-se)”. Metáfora pura. Os pássaros de arribação vêm e vão embora.
         O poema se encerra com duas aliterações rítmicas: “passem” (que se associa a “pássaros”) e “vêm”/ “vão”.
          Por que os amores não vêm em vão?
          Eles trazem flores e pássaros, ora.
     Eis uma visão idiossincrásica, que apresenta autenticidade poética.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

PRAIA COM RAZÃO

Queres ir à praia no próximo verão?
         Antes de ir, todavia, deves considerar sem qualquer emoção o desejo em si. Depois considerá-lo racionalmente. Por que ir à praia?
         A resposta não poderá ser “todo mundo vai à praia no verão”, “irei para descansar”, “gosto do mar”, “preciso pegar uma cor”...
Isso não passa de racionalização, processo que usa a razão apenas para justificar a vontade, o desejo consumista, ostentativo.
Para te satisfazer, comprometerás a pequena sobra de dinheiro em tua conta, aumentada com o décimo-terceiro.
Uma semana no litoral, e as contas a pagar virão em seguida: fatura do cartão, IPTU, IPVA, seguro do automóvel, carnês diversos...
O que é racional?
Primeiramente, a razão manda pagares tuas contas (ou reservar numerário para tal) e ir à praia com o saldo (se positivo).
Mesmo assim, não tens problema de pele (expondo-se ao sol)? Não és alérgico a produtos do mar? Suportas pacientemente as filas? Gostas do agito noturno?
Após responderes essas e outras questões com um “sim”, podes ir à praia no próximo verão.

sábado, 12 de novembro de 2016

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

RAZÃO, PARA QUÊ?

Diferente de Zaratustra (de Nietzsche), que desceu da montanha para ir ao encontro dos homens carentes de sabedoria, deixo a cidade e me refugio no campo – onde o canto dos pássaros contraponteia o silêncio destas manhãs azuis. 
Por longos anos a observar a realidade de centros urbano (Porto Alegre, Rio de Janeiro, Curitiba, Santiago, entre outros), constatei, com certa tristeza, que os homens não necessitam de saber para levar a vida que escolheram para si próprios. Da forma como a vivem, bastam-lhes as pulsões, os desejos e as crenças. As pulsões não os diferenciam dos outros animais (irmãos de ADN). As crenças os tornam vulneráveis à ilusão de uma vida além da morte. Os desejos os prendem, todavia, a esta vida, ao desfrute dos bens terrenos, à vaidade e ao consumismo. 
A razão não se desenvolveu suficientemente para o controle das forças instintuais e concupiscentes. A propósito, essa incapacidade se revela inclusive na maneira de pensar da maioria dos homens, ainda dependente de emoção. 
O sol que subia à caverna do sábio nietzschiano me ilumina na mesma janela, por intermédio da qual o contemplava nos primeiros momentos do dia. 
Não vim para acrescentar algo ao que já sei, senão para esvaziar a taça com esse mel que as abelhas não fazem (rejeitado por aqueles que se diziam meus próximos, no entanto). 

sábado, 29 de outubro de 2016

TEMPO DE PITANGA

          

    
      O ano demorava mais a passar ao longo da minha infância, marcado por ciclos sazonais – reconhecidos pelas frutas que davam em volta de casa, no campo e mata do Rincão dos Machado.
        O ano iniciava-se com a melancia e o melão, tão apreciados à sombra do cinamomo. Entre março e abril, a natureza produzia goiaba do campo e ariticum (foi uma decepção saber mais tarde o nome correto dessas frutas silvestres: feijoa e araticum). Logo depois, vinha a vergamota, consumida ainda verde. Depois da geada, ela ficava mais doce (como a laranja).
         A próxima estação, profusa em flores, produzia a pitanga. Nas cores laranja, vermelha e preta. Eram demasiadamente doces as pitangas daquele tempo. Meus lábios tingiam-se com o seu suco dulcíssimo.
     Minha concepção do tempo mudou, mudei também. A impressão é de que o ano passa mais depressa agora. O sabiá, todavia, continua a cantar nas pitangueiras da redondeza, e estas continuam a produzir seus frutos coloridos e doces.
        Nesta manhã, fui ver meu irmão plantar soja com o trator (plantio direto). Passei por um bosque de pitangueiras no retorno, deliciando-me com as mais maduras. 

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

CRÔNICA DO RINCÃO DOS MACHADO

Os galos cantam a qualquer hora da madrugada. Para não ligar as luzes da casa, vou ao banheiro com uma lanterna (que deixo em pé ao lado da cama). Por volta das seis horas, o pai se levanta, liga o rádio, ascende o fogo e toma chimarrão até clarear o dia. Logo também me levanto, porque já dormi o suficiente. No campo, deita-se cansado e se acorda maravilhosamente bem. Na cidade, vai-se para a cama maravilhosamente bem e se levanta cansado. Depois dos galos e do pai, os pássaros trazem a manhã com o som de seu canto diverso e encantador.  Um vento frio sopra da serra, de onde residiam Colpo e Fiorenza (meus ascendentes maternos). O céu ainda traz a profundidade azul de outubro, com nuvens em forma de tufo a cruzá-lo levadas pelo vento. Há paz para meus ouvidos, para meus olhos, para minha mente e coração. 

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O MELHOR DO PENSAMENTO UNIVERSAL

Com a mudança para o Rincão dos Machado, minha biblioteca ficou reduzida a uma estante especial (num total de cento e poucos livros). O critério para a eleição dos melhores ficou por conta das últimas (re)leituras: Richard Dawkins (11 títulos), Sam Harris (1), Daniel Dennett (1), Luc Ferry (8), Comte-Sponville (4), Michel Onfray (3), Wittgenstein (4), Ludwig Feuerbach (1), Baudrillard (2), Christopher Hitchens (2), Zygmunt Bauman (6), Cioran (1), Karl Popper (1), Darwin (2), Thomas Nagem (2), Hannah Arendt (1), Will Durant (2), T. Kuhn (1), Carl Sagan (2), Bertrand Russel (4), Theodor Adorno (2); Jared Diamond (3), Freud (28), Nietzsche ou escrito sobre (38)... Outros autores e títulos respectivos: S. Jay Gould, O polegar do panda; Roger Scruton, Pensadores da Nova Esquerda; Jim Holt, Por que o mundo existe?; José Ortega y Gasset, A rebelião das massas; Raymond Aron, O ópio dos intelectuais; Eric Vorgelin, Reflexões autobiográficas;  Georges Minois, História do ateísmo; Charles Taylor, Uma era secular; Brian Greene, O universo elegante; Stephen Hawking, O universo numa casca de noz... Não é coisa pouca, tampouco o é de pouca importância. O Rincão dos Machado, que tremia com a chegada do livro Olavo e Élida (há 50 anos), agora treme com o que há de melhor no pensamento universal. 

terça-feira, 18 de outubro de 2016

CHOVE CHOVE



Lá fora chove, chove...
chove aqui dentro,
onde aparento 
a maior secura.
Já estou cheio,
quase afogando
na própria água.
O céu, lá fora,
desaba, cinzento,
me fazendo raso
e triste como quem chora 
por dentro.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

DUAS PALAVRAS



          Na condição de internauta assíduo, penso sobre o ethos que emerge das redes sociais online, especialmente as de relacionamento. Essa predisposição intelectual não exclui a autocrítico, fazendo-me evoluir do solipsimo para a alteridade.

          Solipsismo e alteridade.

          Eis as duas palavras, dois significantes.

          Primeiramente, transcrevo seus significados (de acordo com Houaiss):


solipsismo s.m. 1 FIL doutrina segundo a qual só existem, efetivamente, o eu e suas sensações, sendo os outros entes (seres humanos e objetos), como partícipes da única mente pensante, meras impressões sem existência própria 2 P. EX. vida ou conjunto de hábitos de um indivíduo solitário.

alteridade s.f. 1 natureza ou condição do que é outro, do que é distinto 2 FIL situação, estado ou qualidade que se constitui através de relação de contraste, distinção, diferença.



          O indivíduo solipsista constrói o mundo ao seu redor a partir de suas experiências pessoais, não necessitando do outro para a afirmação do próprio eu. O outro e tudo mais representam o segundo o segundo termo da relação sujeito–objeto, oposição que acaba em conflito entre dois solipsistas. O (auto)isolamento é uma saída para esse tipo de indivíduo, geralmente atenuado com algum bichinho de estimação.

          A alteridade, ao contrário, caracteriza o indivíduo que se coloca no lugar do outro, que o considera como definidor de sua individualidade, “espelho” ontológico da interdependência. O outro também é sujeito, condição mínima para a sociabilidade, para o diálogo (respeitando-se as diferenças). Essa qualidade se aproxima de outras duas, que são fundamentais para um relacionamento humano saudável: empatia e altruísmo.

          Em vista do acima exposto, penso contribuir com meus amigos internautas em dois aspectos: a apresentação elucidativa de solipsismo e alteridade; e a (auto)crítica em relação ao comportamento nas redes sociais, questionando-o sobre uma inclinação solipsista.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

BOB DYLAN GANHA O NOBEL DE LITERATURA



A Academia Sueca surpreende (mais uma vez), conferindo o Prêmio Nobel de Literatura ao cantor BOB DYLAN.
Justificativa: Dylan criou novas expressões poéticas dentro da tradicional canção americana.

BLOG LIGADO

No dia 17 de agosto, postei aqui o que se segue:
O ASSASSINATO é um crime cada vez mais frequente em Porto Alegre, Santa Maria e noutras cidades brasileiras.
A família vitimada pede por justiça, reivindica por políticas públicas que priorizem mais segurança.
Tempo perdido (na dor extrema), quando a lei do crime hediondo, por exemplo, segue na contramão de todo protesto (involuindo no sentido de beneficiar o criminoso).
Pergunto aos meus amigos
Luiz Antonio Barbará Dias e Flávio Machado, por que isso acontece no Brasil. Não é um engano (ontológico) pensar que o avanço civilizacional ocorre na medida em que haja redução da pena, mais investimento no apenado, ao invés de haver mais paz em nossa sociedade?
A Constituição de 1988 não legisla pró-bandidagem, negando a cidadania à qual se remete pelo cognome?
Hoje leio num site noticioso:
"O Governo Michel Temer quer aumentar o tempo de cumprimento de pena em regime fechado de condenados por corrupção ativa e passiva e por crimes praticados com violência. O Ministério da Justiça prepara proposta que altera a Lei de Execução Penais para endurecer a progressão da pena".
Este blog está ligado.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

"A RELIGIÃO CONSISTE NUMA PROJEÇÃO ANTROPOMÓRFICA"


O edifício onde moro se localiza a menos de cem metros dos fundos da Igreja Matriz de Santiago. Nesta quarta-feira, 12, ouço uma missa sendo rezada em decorrência do dia de Nossa Senhora Aparecida. Oração, canto e locução do padre (não necessariamente nessa ordem). Às vezes, sem o ruído dos automóveis, identifico as palavras da oração, do canto e do que diz o padre. Noutro momento, o sabiá se sobressai com seu gorjeio natural. Aqui dentro, (re)leio os livros de Luc Ferry, na expectativa de encontrar um excerto e empregá-lo como argumento de autoridade numa análise crítica que devo produzir do livro Teoria U, de Otto Scharmer. Marcel Gauchet, que dialoga com Ferry, escreve esta frase perturbadoramente verdadeira: “A religião consiste fundamentalmente numa projeção antropomórfica”, fazendo alusão a Feuerbach, Durkeim e Freud. A missa continua, como um monumento discursivo à alienação dos cristãos.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

REFLEXÃO EXISTENCIAL

A vida continua num ritmo inconstante, ora acelerado, ora vagaroso. O passado se acumula, com as experiências que pesam sobre o meu ser agora. O futuro se torna mais imediato a cada dia, com suas perspectivas em aberto, sem ponto de fuga. Entre ontem e amanhã, vivo num ritmo inconstante.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

A CRISE É(N)SINA

Leio a última postagem do blog do Júlio Prates, que expõe com objetividade um dos mil problemas da educação no Brasil. A chancela "federal" já não mais certifica um ensino de qualidade. 
Sobre os IFETS, Júlio assim se expressa: 
"Os IFETs não mostraram para o que vieram. Os resultados dos indicadores que medem qualidade de ensino são ridículos. O desempenho dos alunos dos IFETs são pífios. Não há entrosamento e nem projetos com a sociedade civil. Ora, com Mestres e Doutores tão bem pagos, com tanto dinheiro público enterrado nessa concepção de ensino, há indícios claros de que algo está muito errado. É uma mamação sem precedentes e sem se preocuparem em ofertar uma contrapartida para a sociedade. Assim, fica difícil até de sustentar a defesa dos IFETs".

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

IMPASSE


Do meu livro Vozes e vertentes.

AJUDANTE IMAGINÁRIO

O candidato a um cargo público é eleito e agradece a Deus em primeiro lugar, em segundo lugar aos eleitores que "depositaram" confiança em sua proposta de governo (ou melhor, em suas promessas).
O candidato não é eleito e também agradece a Deus em primeiro lugar, em segundo lugar aos eleitores que "depositaram" confiança em sua proposta de governo (ou melhor, em suas promessas).
Ambos são demasiadamente honestos em afirmar que não gastaram muito com a campanha, que o voto recebido foi por confiança pura em sua pessoa, podendo ser qualificado como voto politicamente correto.
Fico matutando... como é possível eles acreditarem num deus que interfere no processo eleitoral, independentemente do resultado ser positivo ou negativo. 
Não foi Deus que os interpelou, dizendo: "Fulano, te candidata nas próximas eleições! Pela fé com que todos agradecem, a impressão é que Deus os interpelou realmente. 
No lugar de Deus, pergunto do alto (ou do baixo) de meu ateísmo, não foi uma decisão pessoal, avalizada pelo seu partido. Antes de a decisão pessoal ser expressa e colocada para aprovação, não foi um ego?
Desde a descoberta do inconsciente por Freud, como é possível o homem continuar mentindo para si mesmo, colocando um deus no meio (no papel de um ajudante imaginário)?  

domingo, 2 de outubro de 2016

TOQUE DE SILÊNCIO

Em Capão do Cipó, foi determinado o "toque de recolher", como medida legal para a manutenção da ordem pública. Em Santiago, necessitamos de uma medida semelhante, que nos assegure o silêncio após as 22 horas. A lei existe, mas não é cumprida pelos notívagos.

sábado, 1 de outubro de 2016

UM PARADOXO

A grande PROMESSA do candidato A é a de trazer universidade pública para a nossa cidade. Ele deverá ganhar votos da juventude que deseja fazer um curso superior e não pode (uma vez que pertence à classe baixa). O discurso de A vai de encontro ao establishment, bastante representado pelo candidato B, que é elo entre o poder executivo municipal e a universidade privada com campus aqui.
Isso é paradoxal. Os analistas avaliam com correção que o candidato A é apoiado pelas classes média e alta. O candidato B, por sua vez, apoiado pela classe com menos recursos econômicos.

BALA & PALAVRA

Eleições em cidades pequenas do interior é momento em que a paixão se excede. Nos tempos em que meu avô era moço, a disputa também se efetivava na bala, a bala de estanho, quando a palavra, malgrado seu valor, não resolvia nada. Hoje ainda há bala, mas é a palavra que resolve(r), ou que tenta resolver às vezes e outras vezes abala mais as relações. A palavra imita a bala (em sua duplicidade funcional): há bala que adoça e outra que abala.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

SOCIALISMO OU BARBÁRIE?

Ao fazer 80 anos, Luis Fernando Veríssimo repete um chavão anticapitalista: "socialismo ou barbárie?". Socialista caviar, o escritor faz em Paris seus passeios mais regulares (onde tem um apartamento, frequenta a boa mesa, visita exposições, assiste a concertos).
Depois de Rosa Luxemburgo, ISTVÁN MÉSZÁROS, filósofo húngaro marxista, intitulou um de seus livros de O século XX - Socialismo ou Barbárie?. O autor reúne as mais estapafúrdias teorias conspiratórias contra o "imperialismo" norte-americano, contra o capital, em favor do socialismo.
Fiz várias anotações às margens do livro, quando o li em 2006, todas contrárias às ideias do filósofo.
Alguns absurdos produzidos por István:
"O capital não vai ajudar nem fazer tamanho favor à classe trabalhadora pela simples razão de que é incapaz de fazê-lo";
"O extermínio da humanidade é um elemento inerente ao curso do desenvolvimento destrutivo do capital "...
Catastrofista, István relaciona a destruição a uma possível hecatombe nuclear, não a uma degradação ambiental (por exemplo).
Conclui seu livro em dezembro de 1999 desta forma: "Por isso, o século à nossa frente deverá ser o século do 'socialismo ou barbárie'".
Hoje Zero Hora publicou um artigo de opinião de Denis Lerrer Rosenfield (professor de Filosofia),que baixa a lenha nesse dualismo criado por Rosa Luxemburgo. O articulista pergunta ironicamente se a Alemanha dividida do século XX poderia ser exemplo desse dualismo: a ocidental como bárbara (errada), e a oriental, socialista (correta). Quem tem mais de 40 anos de idade sabe como terminou a separação pelo Muro de Berlim. Os trabalhadores da Ásia e África, com a desculpa de fugir da guerra, querem ir para a Alemanha ultracapitalista.
Por que será?
A esquerda caviar deveria saber a resposta.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

CARREIRAS/ELEIÇÕES


A paixão pela política chega ao seu clímax nestes dias, momento em que os debates se acirram com os candidatos no partidor e a massa de eleitores alinhada ao longo do andarivel. A agitação é geral, comparável às carreiradas de outros tempos. 
No domingo, com os parelheiros/candidatos em suas caixas/partidos, ocorrerá a largada. A velocidade de cada um deles será determinada pelo número de apostas/votos, hoje verificado eletronicamente. Em vista desse uso tecnológico, o resultado se saberá no final da tarde. 
A maioria dos apostadores/eleitores é convicta em quem apostar/votar, embora não consiga justificar tal convicção. 
O gosto pelas carreiras, a fé nesta ou naquela religião, a torcida para este ou aquele time de futebol, entre outras idiossincrasias, são decorrentes da instintualidade característica da grei humana. A razão ainda não consegue controlá-la, absolutamente. 
Para uma minoria, em contrapartida, a escolha recai no parelheiro/candidato que está à frente nas apostas/pesquisas. Estas são indesejáveis, na medida em que influenciam quem joga/vota nos favoritos. 
Mesmo que não se ganhe dinheiro com as eleições, diferentemente das corridas de cavalo, ganha-se o status da representatividade. A democracia é o ideal que move a paixão pela política, cuja culminância acontece neste dia 2 de outubro. 
Tão ou mais exaltados que a média dos brasileiros, encontram-se os santiaguenses. 
Boa sorte a todos (o que é prática e tecnicamente impossível).

sábado, 24 de setembro de 2016

MUSIQUINHAS DE CAMPANHA


A ignorância política de uma sociedade se expressa na forma escolhida pelos seus líderes para ganhar o voto (de crença e) de fato.
Essas musiquinhas, que poluem o dia todo para cima e para baixo, são da pior qualidade, rebotalho de uma degeneração estética sem precedente. Elas refletem o nível dos candidatos, sempre equivalente ao nível do populacho que os elege a um cargo público.
Toda música produzida no Brasil está em decadência, assim como a política.
Desafio você a me dizer o contrário.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

CAIO POETA



Comprei o livro com os poemas do Caio, publicado pela Editora Record. Organizado por Letícia da Costa Chaplin e Márcia Ivana de Lima e Silva, as quais cometem um erro imperdoável: a inclusão de uma letra de Gilberto Gil, Barato Total, como poema produzido por Caio. A editora prometeu uma nova edição corrigida. O livro é o resultado de tese de doutorado de uma das organizadoras. 
Grande saber acadêmico!
Os poemas são fracos, talvez por isso Caio não os tenha publicado. 
Coisas do mercado editorial.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

CREDO PETISTA

O petismo no Brasil, depois de se constituir num movimento arrivista, transforma-se, por um processo que a Psicanálise denomina de internalização, numa forma de credo.
Não se trata mais de convicção político-partidária, mas de fé, tão ou mais radical que a professada pelos fundamentalistas religiosos.
O séquito de lulistas, adiantando-se a uma desmitificação indesejável de seu ídolo, reage no ciberespaço (discursivamente) e na rua (com ações violentas), vestindo-o com uma inocência deslavadamente falsa.
O fenômeno social, autoalienador, envolve intelectuais e semianalfabetos, aqueles gestados nas universidades públicas e estes condicionados pela propaganda. Entre uns e outros, uma militância dogmatizada e turrona.  
A igreja levantada pelo petismo mantem-se aberta até 2018, na esperança da volta de seu “sebastião”.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

MITO VERSUS REALIDADE

Gauchismo, telurismo, seja que "ismo" for, há um sentimento que excede o ser nascido no Rio Grande do Sul nestes dias. Por força desse sentimento, a Revolução Farroupilha já foi transformada em mito. O Hino Rio-Grandense é uma hipérbole poética, sem qualquer respaldo da realidade. A propósito, para fugir da realidade que nos acossa diuturnamente, saltamos para um mundo faz-de-conta, para um passado que não existiu, para uma grandeza que já perdemos... O nosso querido Rio Grande, que os exaltados querem transformar em país, despenca nos índices de produtividade, educação, segurança pública... Quais as nossas façanhas hoje serviriam de modelo a toda terra?

TRÁGICO

O HOMEM É UM SER TRÁGICO (na melhor acepção dada pelos poetas gregos da antiguidade). Ele sofre com a fugacidade da vida e sabe que a morte o espera inexoravelmente. Nada pode fazer para mudar esse destino natural, malgrado suas crenças, seus sonhos, suas obras... Antes de morrer, experimenta muitas formas do trágico, que o acaba assimilando ontologicamente.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

TU E ELE - IMPERATIVO

O imperativo é o modo verbal pelo qual se expressa uma ordem, pedido, desejo, súplica, conselho, sugestão, recomendação, solicitação, orientação, alerta ou avisoO anúncio publicitário e a receita são dois exemplos de gêneros textuais que empregam o verbo no modo imperativo.
A dúvida mais comum ocorre entre tu e ele, respectivamente, 2ª e 3ª pessoas do singular. 

Imperativo Afirmativo:
canta (tu)
cante (ele, você)

Imperativo Negativo:
não cantes (tu)
não cante (ele, você)

Todos os verbos da 1ª conjugação mantêm o modelo acima. A 2ª pessoa do singular, no afirmativo, vem do presente do indicativo (cantas, sem o s). No negativo, vem do presente do subjuntivo (cantes).

Imperativo Afirmativo:
Escreve (tu)
Escreva (ele, você)

Imperativo Negativo:
não escrevas (tu)
não escreva (ele, você)

Todos os verbos da 2ª conjugação mantêm o modelo acima. A 2ª pessoa do singular, no afirmativo, vem do presente do indicativo (escreves, sem o s). No negativo, vem do presente do subjuntivo (escrevas).

Imperativo Afirmativo:
parte (tu)
parta (ele, você)

Imperativo Negativo:
não partas (tu)
não parta (ele, você)

Todos os verbos da 3ª conjugação mantêm o modelo acima. A 2ª pessoa do singular, no afirmativo, vem do presente do indicativo (partes, sem o s). No negativo, vem do presente do subjuntivo (partas).

Os verbos em que a letra z aparece no final do radical, como dizer, fazer, trazer, introduzir, reduzir, traduzir etc., há duas formas para a 2ª pessoa do Imperativo Afirmativo:
diz ou dize (tu)
faz ou faze (tu)

Para lembrar:
cantA (tu)
escrevE (tu)
partE (tu)

O verbo pôr e seus derivados são considerados de 2ª conjugação, evoluíram de poer, cuja vogal temática e desapareceu no infinitivo impessoal.
Imperativo Afirmativo:
põe (tu)
ponha (ele, você)

Imperativo Negativo:
não ponhas (tu)
não ponha (ele, você)

domingo, 18 de setembro de 2016

DICA DE PORTUGUÊS

O verbo HAVER, no sentido de OCORRER ou EXISTIR, é impessoal, permanece na 3ª pessoa do singular.
Exemplo:
Sempre haverá polêmicas no Facebook.
Os verbos OCORRER e EXISTIR, ao contrário, flexionam-se em número e pessoa.
Exemplo:
Sempre ocorrerão/ existirão polêmicas no Face.
O equívoco no emprego de HAVER flexionado ocorre em razão de se tomar os outros dois verbos acima como modelo.
EXCEÇÕES:
Na função de VERBO AUXILIAR (com o sentido de TER), na função de verbo pessoal com o sentido de OBTER, CONSIDERAR e LIDAR, o verbo HAVER se flexiona.
Exemplos:
Os alunos haviam estudado pouco para a prova.
Os delatores houveram do juiz Moro a comutação da pena.
Os eleitores o haviam por incorruptível.
Os atletas paralímpicos houveram-se muito bem nos jogos.