terça-feira, 24 de novembro de 2015

CASOS DE FÉ (II)


Alguns indivíduos, condicionados pelo Corão (com seus 164 versículos jihadistas), armados com o fuzil “kalashnikov”, invadem casas noturnas de Paris e matam 129 pessoas.
A metade ocidental do mundo se horroriza com o massacre, classificado como selvageria ou barbárie – nunca como ato deliberado da nossa civilização (que precisa ser preservada em seu princípio teleológico).
Oriundos do bairro Molenbeek de Bruxelas, os assassinos são (ou eram) uns jovens marginalizados, românticos, vítimas fáceis do fundamentalismo político-religioso. A responsabilidade de suas ações foi transferida para a organização terrorista que os recrutara clandestinamente.
Entre os atingidos emocionalmente pelas mortes, todos com a presunção de uma consciência evoluída, inclui-se o Papa Francisco, como figura mais proeminente do universo cristão.
O que ele disse não vem ao caso (por sua obviedade discursiva), mas a sua presença midiática faz-nos lembrar de outro massacre ocorrido em Paris, na noite de São Bartolomeu, em agosto de 1572. Não se sabe ao certo o número de mortos, entre dois mil e setenta mil protestantes. Seus algozes católicos foram autorizados pelo rei Carlos IX (com a idade dos rapazes de Bruxelas).
O fundamentalismo religioso daquela época centrava-se no Vaticano. O papa de então, Gregório XIII, mandou organizar preces festivas e contratou Giorgio Vasari, para pintar um afresco em homenagem à carnificina.
O paralelo macabro nos leva facilmente à conclusão a que chegou Sam Harris: “Parece haver um sério problema com algumas de nossas crenças e convicções mais caras acerca do mundo: elas estão nos levando, inexoravelmente, a matar uns aos outros”.     

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