A
fé nesse ou naquele deus, seguindo os dogmas dessa ou daquela religião, é
condicionada na criança desde os primeiros anos de vida, cuja metodologia se
fundamenta no medo. Eu fui “iniciado” no cristianismo dessa forma. Você, que
lê este texto, também o foi. Da mesma forma, mais de noventa por cento da
população santiaguense.
O
condicionamento é um processo universal, válido em Santiago e, por exemplo, em
Gardez, no Afeganistão. Aqui ou lá, com um gradiente disciplinar do mais frouxo
ou mais rígido, os pais acreditam que cumprem sua obrigação ao condicionar os
filhos na fé em que eles próprios foram condicionados. Não sendo suficiente o
lar, sobrepõe-se o sistema educacional do Estado, inserindo o “ensino”
religioso no currículo obrigatório.
Eu,
você e mais de noventa por cento da população santiaguense, forçosamente, vamos
crer no deus bíblico. Em Gardez, a maioria absoluta seguirá o deus do Corão,
fiéis ao islamismo. Pais brasileiros e afegãos juram (da boca para fora ou
genuflectidos) fazer o bem aos filhos, iniciando-os no teísmo dessa ou daquela
religião. A ignorância oblitera o pensamento contrário desses pais. Ante as
evidências reais, de que a religião divide o mundo, que “envenena tudo”, “que
mata” (nas palavras de Christopher Hitchens), de que deus é uma criação do homo religiosus, eles batem no peito,
defendendo sua fé inabalável.
Se
o medo é o sentimento que caracteriza a criança ao longo de sua “iniciação”, a
ignorância e a teimosia constituem a massa que engessa a mente do adulto. Teimosia racionalizada como certeza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário