Cristão
fiel, convido-te para fazermos uma análise rápida de um versículo bíblico qualquer, a partir do qual concluiremos pela sua verdadeira autoria,
ao invés de atribuí-lo à revelação.
Peço-te
que abra a Bíblia em Deuteronômio 22:
28-29.
Pronto?
Por
obséquio, façamos a leitura:
“Se
um homem encontrar moça virgem, que não está desposada, e pegar, e se deitar
com ela, e forem apanhados, então, o homem que se deitou com ela dará ao pai da
moça cinquenta ciclos de prata; e, uma vez que a humilhou, lhe será por mulher;
não poderá mandá-la embora durante a sua vida”.
A
princípio, pergunto-te o que há de divino nesse texto.
Antes
de responderes, porém, vamos à interpretação:
Ainda
que houvesse distorções consideráveis ao ser traduzido de uma língua para
outra, a semântica continua mais ou menos a mesma. “Virgem” e “não despossada”
significam “solteira”. Se um homem a “pegar” e se “deitar” com ela significa
que se relacionaram sexualmente, não sendo possível distinguir se com ou sem consentimento. De acordo?
Em
hebraico, o termo substituído de “pegar”, podemos conjeturar, talvez não fosse
eufemístico, aproximando-se de “forçar”. Isso, todavia, ainda não inferimos do
texto.
A
expressão “e forem apanhados” denuncia uma condição que nega (como tudo mais) a
onisciência e onipresença de deus e torna factível a ausência de testemunha – e a
consequente absolvição do ato ilegal ou pecaminoso.
Mais
adiante, o homem, impulsionado pelas glândulas do baixo-ventre, deve pagar ao
pai da moça “50 ciclos de prata”. Com as conversões e correções aproximadas,
fixemos esse valor em torno de cinco mil reais. O texto parece uma adaptação do
Código de Hamurabi, mais antigo que a Bíblia.
A
vítima (ainda não caracterizada como tal) não é a moça (a mulher), mas o pai (o
homem). Deduz-se o machismo incontornável a que se presta o mito
judaico-cristão.
Agora
vem a parte mais interessante: “uma vez que a humilhou”.
Eis
a prova que caracteriza o estupro. Os homens legisladores daquela época já
pensavam na ação sexual criminosa.
A
moça solteira (virgem ou não) é vítima da força e da libido do homem. Qual a
sua recompensa por ser estuprada? Casar-se com o estuprador, o qual, terá como
castigo, não mandá-la embora.
Nenhum
deus legislaria dessa forma inegavelmente injusta e cruel.
O
texto torna bastante claro seu autor: o homem.
Tens
algo a dizer, contrário à conclusão acima?
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