segunda-feira, 18 de maio de 2015

INSATISFAÇÃO GERAL



Uma insatisfação exacerbada, sem problema expressivo, constitui-se a mais nova doença de fundo neurótico a acometer as pessoas nos últimos anos. A maioria delas reclama com acinte de alguma coisa que não está cem por cento em sua vida. 
Um observador de fora (por tudo que vê ou ouve), a princípio, conclui que o mundo logo virá abaixo. Mais tarde, todavia, ele constata que o mundo continua como o de antes e que as pessoas, sim, mudaram para pior. A insatisfação que as domina psicologicamente advém de um excesso de sensibilidade (que Nietzsche previra há um século e pico), advém de desejos consumistas não satisfeitos (que vejo nestes dias). 
A propósito, a sociedade de consumo não consegue se desvencilhar do trade-off, esse ganha e perde que cria momentos felizes e infelizes. Quanto mais os insatisfeitos consomem, mais desejam consumir  (numa corrida que não tem linha de chegada, segundo Zygmunt Bauman). 
A estabilidade econômica que o país experimentou desde o Plano Real acostumou mal os brasileiros, que passaram a consumir mais e mais. No exato momento em que se locupletavam como nunca, a instabilidade retorna sub-repticiamente. 
Agora a dívida determina o controle do consumo e, consequentemente, o queda da indústria (menos a de antidepressivos). 
A síndrome da insatisfação atinge o campo inclusive, onde os recordes na produção agrícola não são suficientes.

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