sábado, 25 de abril de 2015

CRÔNICA SANTIAGUENSE



        Manhã azul de sábado. O movimento de automóveis e de pedestres ainda é calmo no cruzamento da Pinheiro Machado com a Benjamin Constant. A temperatura em Santiago está agradavelmente baixa, por conta de uma brisa do quadrante leste.
        Diante desse quadro outonal, todavia, ninguém imagina como foram as horas que o precederam na madrugada. Os carros cruzavam em alta velocidade, freavam bruscamente, cantavam pneu, buzinavam, propagavam a pior música, conduzidos por notívagos sob o efeito do álcool e de outras drogas. Notívagos a pé, mais numerosos, vindo dos diferentes bairros da cidade, tomaram conta das esquinas para fumar “marijuana” e beber uma vodka barata (barriga mole). Esse grupo transformou o cruzamento num quadrado de luta livre, sem as regras do MMA. Alguns rapazes usavam bonés, próprio da rostidade adolescente. Seus socos e pontapés eram acompanhados pelos gritinhos alucinados das moças (que seguravam garrafas e copos para seus contendores amados). A polícia foi chamada e, sem demora, fez-se presente com várias viaturas, dispersando os baderneiros.
     No resto de noite, alguns remanescentes permaneceram na rua, falando alto, quebrando garrafa no asfalto, chutando os conteiners de recolhimento do lixo. Na iminência do Sol, sumiram de vez (para dormir o dia todo quem sabe).
      A luz que falta a esses jovens notívagos, eticamente falando, constitui uma das causas do novo modo de existência que caracteriza suas vidas. 
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(Crônica escrita às 8 horas deste sábado.)

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