quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

PARA COMPREENDER A LENTA TRANSIÇÃO

Na Introdução de Uma era secular, Charles Taylor pergunta o que significa dizer que "vivemos numa Era Secular".
Nós, da América Latina, ainda estamos fora dessa era, segundo o autor, limitada ao "norte do Ocidente", no "mundo do Atlântico Norte".
Essa secularidade significa que, "embora a organização política de todas as sociedades pré-modernas estivesse de algum modo conectada a, embasada em ou garantida por alguma fé em, ou compromisso com Deus, o Estado ocidental moderno está livre dessa conexão.
"Se recuarmos alguns séculos em nossa civilização, veremos que Deus estava presente numa grande quantidade de práticas sociais - não apenas políticas - e em todos os níveis da sociedade.
"Esse esvaziamento de religião das esferas sociais autônomas é, evidentemente, compatível com a vasta maioria das pessoas que ainda acredita em Deus".
O filósofo canadense cita como exemplo desse fenômeno os EUA: "Uma das primeiras sociedades a separar Igreja e Estado, o país é também a sociedade ocidental com as estatísticas mais elevadas de fé e prática religiosas.
"A fé é uma opção e, num certo sentido, uma opção complicada na sociedade cristã (ou 'pós-cristã'), e não o é (ou ainda não) nas sociedades muçulmanas.
"A mudança que quero definir e traçar á aquela que nos deva de uma sociedade na qual era praticamente impossível não acreditar em Deus para uma na qual a fé, até mesmo para o crente mais devoto, representa apenas uma possibilidade humana entre outras.
"A fé em Deus não é mais axiomática".
Esse livro veio me auxiliar na compreensão da transição lenta por que passa nossa sociedade (brasileira inclusive), do paradigma cristão, que dominava verticalmente durante a Idade Média, ao paradigma fundamentado na racionalidade.

Nenhum comentário: