quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O BRASIL DIVIDIDO

A democracia divide politicamente o Brasil: uma parte azul, constituída pelos estados sob e ao sul do Trópico de Capricórnio; uma parte vermelha, constituída pelos estados do Norte e Nordeste. Entre uma e outra, localizam-se algumas unidades neutras da Federação, que se investem da função de anular diferenças e antagonismos futuros.
Por trás desse feito (ainda inconcluso), desponta o Partido dos Trabalhadores, cuja orientação ideológica prende-se à ideia marxista, já tornada historicamente obsoleta, de que as sociedades se dividem em burgueses e proletários, classe média e classe de trabalhadores, "nós e eles". Por isso, o governo petista realinhou-se com países que foram, aspiram ser ou são socialistas: Rússia, China, Venezuela, Cuba...
Diferentemente das revoluções do século XX, quando alguns líderes recrutavam exércitos (entre os proletários), pegavam em armas e executavam seus compatriotas, o PT substituiu a violência e o confisco pela tributação alta e a transferência direta de renda. Com essa política socioeconômica, atinge o bolso da classe média (sem contrapartida) e beneficia a classe baixa (com exclusividade). A estratégia arrivista desse governo, exteriorizada como “programa social”, cujo feedback continua positivo (para a manutenção do poder), não foi ainda avaliada como uma forma de injustiça.
O desenvolvimento das famílias beneficiadas, o eixo mais falacioso do programa, pressupõe apenas a capacidade de consumo de cada uma delas, não a capacidade de produção. A propósito, uma das primeiras manifestações da presidente reeleita foi de sobre-exaltar a importância desse assistencialismo, em vista de promover o ingresso dos mais pobres à classe média. Há um exagero no discurso de Dilma Rousseff, por um lado, e uma inequívoca contradição, por outro. O BF está muito longe de propiciar à classe baixa o salto econômico mais repentino e extraordinário de nossa história. A classe média não poderia ser uma referência social, na medida em que ela é ideologicamente odiada pelos intelectuais (amantes de Cuba), do tipo Marilena Chauí.
A versão mais aproximada de proletariado no Brasil, o miserável, ao receber o abono-prole, permanece no estado de miserabilidade, não alcançando a condição de trabalhador em potencial. Sem essa condição, ele jamais chegará à classe média – por mais que queiram achatá-la os antiburgueses.
Com fundamentação no exposto acima, evidencia-se algo mais que exagero e contradição no discurso petista. Há intenções sub-reptícias, como estruturar uma base eleitoral e dividir a sociedade, ambas podem ser inferidas pelo resultado da última eleição.

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