terça-feira, 8 de julho de 2014

A DESCOBERTA DE EXOPLANETAS


........A descoberta de exoplanetas constitui um passo significativo dado pelo homem em sua aventura incansável universo afora, até onde alcança sua capacidade (sempre ampliada) de conhecimento. Do heliocentrismo copernicano ao Big Bang, nenhuma outra realização da ciência astronômica adquire um significado tão especial quanto à comprovação da existência de planetas fora do Sistema Solar.
........As grandes descobertas anteriores, ao romper com os paradigmas mítico-religiosos, afastaram o homem de uma transcendência, isolando-o num planeta cada vez menor. Antes de Copérnico, por exemplo, a Terra era o centro do mundo, em torno dela giravam o Sol, a Lua, as estrelas... Deus, nas palavras de Will Durant, "encontrava-se tão perto de nós, morando no seu sólio de nuvens". Com a revolução do matemático e astrônomo polonês, nosso planeta passou a ser comparado com um grão de areia, e Deus "foi afastado para o fundo do espaço sem limites". Novas descobertas determinaram que o Sol é uma estrela de quinta grandeza, localizada num extremo espiralado de uma galáxia, cuja estrutura básica se repete milhões e milhões de vezes num Universo em expansão acelerada. 
........Em seu isolamento crescente, o homem se pergunta por uma possibilidade de vida fora da Terra, nos planetas vizinhos. A resposta é não. E fora do Sistema Solar? Nenhum exoplaneta havia sido descoberto até a década de 1990, o que explica a ausência do próprio termo nos dicionários, enciclopédias e manuais de Astronomia. Com a tecnologia mais avançada dos telescópios, hoje esses corpos celestes são detectados aos milhares. Alguns deles muito similares à Terra. 
........A descoberta de exoplanetas é especial, na medida em que devolve ao homem a ventura de não estar só no Universo (como produto do acaso). Isso é extraordinário! O fato de existir vida extraterrestre (independentemente de sua forma), caso venha a se confirmar futuramente, reaproximar-nos-ia do Cosmos (cuja ordem tanto causou nossa admiração na Antiguidade). 
Nestes dias, passei a dar aulas de redação ao Mateus, que se prepara para um concurso. 
Na primeira conversa que tivemos, disse-me que tinha pouca leitura, que não dispunha de internet e que já concluíra o ensino médio. 
Como primeiro exercício (para verificação de suas dificuldades), pedi que escrevesse sobre a descoberta de exoplanetas. 
Óbvio que ele não tinha conhecimento desse assunto, a começar pelo termo "exoplaneta".
Antes de recebê-lo em casa, havia separado uma revista de Astronomia, com uma ampla matéria sobre exoplanetas. 
Ainda assustado com o tema dado, alcancei-lhe a revista aberta, com a recomendação de ler atentamente a matéria publicada antes de produzir o texto dissertativo.  (Ninguém escreve sobre o que não sabe, seja uma descrição do objeto mais simples, seja a defesa de uma ideia.)
Depois que ele  foi embora, resolvi redigir algo sobre exoplanetas que servisse de modelo ao meu aluno, cujo resultado é o texto acima (sem relação alguma com a matéria da revista). 
Nele há perfeitamente distintas as partes estruturais de uma dissertação: introdução, desenvolvimento e conclusão. 
A ideia central que defendo (e requeiro autoria) é de que a descoberta de exoplanetas viabiliza uma reaproximação do homem com o Cosmos, depois de extintas todas as formas de transcendências. 

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