terça-feira, 3 de junho de 2014

AS TRÊS ECOLOGIAS

Em A nova ordem ecológica, Luc Ferry disserta sobre as TRÊS correntes em que se estruturam os debates sobre ecologia, principalmente no mundo anglo-saxão ou germânico. 
A PRIMEIRA, mais banal e menos dogmática, parte da ideia de que, "através da natureza, é ainda e sempre ao homem que se tem de proteger". A destruição do meio natural só é condenável à medida que isso põe em risco o bem-estar ou a sobrevivência do homem. A posição é de indisfarçável antropocentrismo. A maioria dos ecologistas santiaguenses pertencem a essa linha de pensamento.
A SEGUNDA "dá um passo à frente na atribuição de um significado moral a certos seres não humanos". Fundamentada no princípio utilitarista, "segundo o qual é preciso não apenas  buscar o interesse próprio dos homens, mas de maneira mais geral tendem a diminuir ao máximo a soma dos sofrimentos no mundo". Menos antropocentrista, para essa corrente "todos os serres suscetíveis de prazer e de dor devem ser tidos como sujeitos de direito e tratados como tais". Exemplos santiaguenses: Eva Müller e Fátima Friedriczewski.
A TERCEIRA corrente caracteriza, por excelência, a chamada "ecologia profunda", reivindicando direitos para a natureza, inclusive em suas formas vegetal e mineral. Segundo Ferry, "o ecossistema - a 'biosfera' - é desde logo investido de um valor intrínseco bem superior ao de uma espécie em última análise perniciosa, a espécie humana". Essa corrente é "ecocêntrica" ou "biocêntrica", cujo melhor exemplo é o Greenpeace. 
Os debates sobre ecologia em Santiago ocorrem algumas vezes, em razão de alguma polêmica (como esta do corte ou não dos pinos da BR 287). 
As demandas pelo desenvolvimento emudecem todo discurso ecológico e inviabilizam toda ação contra o consumo desenfreado de recursos naturais. 

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