terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

PÃO E CIRCO

O Brasil, por intermédio de seus últimos governantes, não faz mais que repetir uma política criada em Roma há dois milênios: pão e circo. O primeiro item foi institucionalizado com o nome de Bolsa Família; o segundo é preparado mais perdulariamente nestes dias que antecedem o grande espetáculo da Copa do Mundo de Futebol. Os gastos totais com a brincadeira orçam em aproximadamente 30 bilhões de reais. Na política romana, satirizada pelo poeta Juvenal, os gastos com pão e circo foram enormes, forçando a elevação de impostos e comprometendo a economia do Império. Aqui os impostos já sufocam os brasileiros (leia-se, os que produzem), sobrando a alternativa de cortar no orçamento anual – tão necessário para o real desenvolvimento do país. A distribuição do pão é feita de forma simples: transferência direta de renda, dos que produzem (e pagam impostos) aos que não produzem, pobres e miseráveis. O “milagre” não é questionável, a não por uma filosofia que defende o ensino da pesca ao invés de dar o peixe. Ao contrário dessa aceitação tácita, a preparação do circo vem suscitando críticas e manifestações de rua violentas. Inclusive grandes entusiastas pelo esporte se colocam na linha de frente, onde o discurso é forjado (e logo transformado em respaldo moral para as ações dos black bloc. Apenas para a construção/ reforma dos estádios, o evento custará 97% aos cofres públicos. A presidente Dilma, todavia, afirma que o dinheiro não terá essa fonte. Pelé argumenta (?) que as despesas serão recuperadas com o turismo. O circo, cujo significado primordial era diversão gratuita ao povo, virou mercado para poucos beneficiados: a Federação Internacional de Futebol (FIFA) e as empresas que administrarão os estádios depois da Copa do Mundo. 

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