sexta-feira, 31 de maio de 2013

FALÁCIA DE MALAFAIA

O pastor Silas Malafaia responde que o pior pecado é a descrença, duvidar que Jesus Cristo é o que creem ser Jesus Cristo. Pecado contra o Espírito Santo. 
Não tem perdão. O descrente vai para o inferno. 
A maioria dos cristãos comete todos os tipos de pecados (menos o acima tipificado), mas são perdoados por Deus, porque creem e porque se arrependem. Não necessariamente nessa ordem. Mentir, roubar, estuprar, matar, todo tipo de crime é perdoado se o pecador realmente se arrepende e passa a crer em Deus. As cadeias estão lotadas com esse tipo de regenerados, que acabam no reino dos céus. 
O ateu, ainda que não cometa qualquer um desses males,  continua sendo o maior pecador aos olhos do Senhor. 
Que senhor é esse? Melindroso, orgulhoso, vingativo... 
Ele poderia convencer-me de sua existência pela razão, sem me infringir os piores sofrimentos (seguidos da cura). A figura mítica de Jó é emblemática. O sofrimento parece ser o segredo do sucesso da religião cristã. Antes disso, o terror antecipado pelo sofrimento que o pecador há de viver numa outra vida - no inferno.  
O temor é causa para a crença, não o conhecimento. 
Outra coisa que discordo de Malafaia é a necessidade de se construir um templo para dez/ doze mil fiéis. Essa construção justificaria o pagamento do dízimo. Falácia que tem feito alguns pastores milionários. 

domingo, 26 de maio de 2013

A CAUSA DA MISOLOGIA

No diálogo Fédon, Platão procura um motivo para as pessoas se tornarem misólogas, que odeiam a razão. O filósofo atribui aos raciocínios equivocados, que levariam a juízos equivocados. 
Vinte e quatro séculos nos separam de Platão. Penso (sempre preferível a acho) que o significado inicial do termo não era exatamente ódio, talvez aversão, um sentimento menos intenso. Mesmo radical grego (miséo, com um traço sobre o "o") para o vocábulo misantropia, ódio à humanidade. Esse significado também é forte demais.
Hoje Platão encontraria uma outra causa para o despeito que muitas pessoas, principalmente as religiosas (as fundamentalistas principalmente) expressam pela razão, pelo racional. Não é porque algum raciocínio, manifestação basilar da razão, verificou-se errado. Ele justificaria o despeito dessas pessoas à possibilidade da razão desconstruir suas crenças.
As pessoas, principalmente as religiosas, usam a razão para racionalizarem sua fé, nunca para desmistificá-la. Racionalização é um dos conceitos mais conhecidos da Psicanálise. 
Hoje Platão veria o quanto sua filosofia contribuiu para a idealização do cristianismo. 

sábado, 25 de maio de 2013

DICIONÁRIOS, INDISPENSÁVEIS

Assim como o dicionário de língua portuguesa é fundamental para quem quer ampliar seu conhecimento lexical, outros dicionários são igualmente indispensáveis para a ampliação de conceitos sobre determinada área do conhecimento. 
No estudo da Literatura, há muito disponho do Dicionário de Termos Literários, de Massaud Moisés. Transcrevo abaixo o último parágrafo do verbete que trata da poesia:
"[...] as outras características distintivas da poesia: alogicidade, uma vez que o conteúdo emotivo-conceptual do 'eu' escapa aos parâmetros da lógica formal e de qualquer esforço criticamente redutor, baseado em esquemas racionais; a-historicidade: o tempo do 'eu' corresponde à 'duração' bergsoniana, ou um presente-eterno; ignora o passado e o futuro, de forma que todas as referências às duas categorias temporais não passam de extensão do presente; a feição acrônica da poesia se estampa no poema: constelação de metáforas dispostas em circuito, quando chegamos ao final do poema percebemos que a derradeira palavra retoma a primeira, com a qual se reinicia um percurso que não termina jamais; a-narratividade: a poesia caracteriza-se pela ausência de narração, ou seja, não implica acontecimentos mas estados: não enredos, mas situações, habitam o 'eu' do poeta, que vive sozinho um conflito sem ação".
No estudo da Filosofia, passei a consultar com muita frequência o Dicionário de Filosofia, de José Ferrater Mora. Transcrevo abaixo o primeiro parágrafo do verbete que trata da misologia:
"No Fáidon (89 D), Platão faz Sócrates dizer que deve-se evitar converter-se em 'misólogo', em gente que odeia a razão. Há pessoas que chegam a ser misólogas, assim como há as que chegam a ser 'misantropas', que têm ódio ou aversão ao convívio humano. A misantropia, diz Platão pela boca de Sócrates, origina-se do fato de ter-se depositado inteira confiança numa pessoa sem conhecê-la. Quando se descobre, depois, que uma pessoa é desleal, passa-se a considerar que ela não é 'o mesmo homem'. A repetição dessa experiência dá lugar à misantropia. Coisa semelhante ocorre com os raciocínios. Quando não se julga corretamente, originam-se juízos errados. Se isso se repete com frequência, odeiam-se todos os raciocínios e deste modo surge a misologia".
Os verbetes transcritos (em parte) acima foram escolhidos ao acaso.  

DICIONÁRIO, INDISPENSÁVEL

Não é a primeira vez que faço referência ao dicionário, como fonte metalinguística indispensável para todo aquele que se aventura na produção textual. 
Antes disso, nas leituras mais densas, nem sempre o significado de determinadas palavras pode ser entendido apenas pelo contexto em que estão inseridas. 
A ampliação do conhecimento lexical ocorre a grandes saltos aos que incluem o próprio dicionário entre suas leituras regulares. Nele aprendemos a classe e o gênero dos vocábulos (s.m. ou s.f.), etimologia (grega ou latina), usos e transformações ao longo dos séculos, as flexões de número (plural), possibilidades de locuções a que eles se prestam, frases inteiras como exemplo. Para os verbos, elencados no infinitivo, há o registro da transitividade de cada um, a necessidade ou não de complemento. Tudo isso mais o significado, claro. 
Nunca compreendi por que o chamam de "pai dos burros", aposto que deprecia seu usuário (quando este, inteligentemente, realiza sua pesquisa metalinguística). 


sexta-feira, 24 de maio de 2013

MAURO MALDONATO NO SESC

Há pouco, assisti a um belo debate no Sesc TV, com Mauro Maldonato, psiquiatra e filósofo italiano. Como gostaria que todos os brasileiros, ao invés de ver novela na Globo, assistissem ao programa, ofereço a oportunidade aos blogueiros interessados. Basta clicar aqui. 

SARTRE ESTAVA CERTO

Em seu Que é a literatura?, Jean-Paul Sartre escreve: “Ninguém é escritor por haver decidido dizer certas coisas, mas por haver decidido dizê-las de determinado modo”. 

Ao tomarmos essa sentença sartreana como escantilhão, reduzem-se a pouquíssimos os escritores santiaguenses da atualidade. Infelizmente, a maioria dos que juntam a chancela de escritor(a) ao seu nome encontra-se no espaço fora da medida. 
A publicação de um livro (com capa coloridíssima, ficha catalográfica, ISBN) não é suficiente para tornar alguém um escritor. As publicações num blog muito menos.
Antes de considerar a falta de um estilo propriamente, do modo de como dizer as coisas, outras incompetências são perceptíveis. A princípio, salta aos olhos a dificuldade no emprego correto da língua portuguesa, único instrumento para a produção do texto (em português). Os erros gramaticais, sobretudo os de sintaxe, ocorrem em profusão. 
Ainda no âmbito forma – logo evoluindo para o semântico – evidencia-se o parco domínio do léxico por quem já se considera um escritor. Na prosa e na poesia, a ocorrência de verbos (em suas formas nominais) indica uma pobreza substantiva. 
Antes de um estilo propriamente, é necessário que se tenha coisas para dizer. Com coerência no mínimo, que consiste na relação lógica, compreensível, entre os enunciados (intratextuais), entre os enunciados e outros apenas referenciados (intertextuais). 
Nesse aspecto, ninguém se torna escritor sem incluir os linguistas entre suas leituras obrigatórias. 
A propósito, com o volume de leitura que sabemos existente em Santiago, dificilmente testemunharemos a evolução do simplesmente dizer certas coisas para o dizê-las de determinado modo
Alguns rechaçarão o ponto de vista acima desenvolvido, inclusive com a tese de que Sartre está ultrapassado.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

LITERATURA (QUE É?)

A palavra "literatura" não escapa da tendência moderna de vulgarizar pela ampliação dos significados. Os grandes dicionaristas locupletam seus verbetes, juntando alho e bugalho sem pudor algum. Corre-se o risco de um vocábulo significar uma coisa e seu contrário a um tempo. 
Literatura é arte (e ponto). A partir dessa definição, toda referência ao termo deve levar em consideração seu predicativo "é arte". Qual a matéria-prima a ser manipulada e transformada pelo fazer literário? A palavra, claro. Não a mesma palavra articulada na conversação diária, como instrumento sociocomunicativo, ou impressa numa notícia, num obituário ou num artigo científico. O gênero textual, para ser considerado artístico, necessita de uma propriedade especial, denominada literariedade (ou o que justifica a presença de arte na expressão verbal, segundo Roman Jakobson). 
A palavra com teor literário é excepcional, que exige muita transpiração para seu domínio e execução. Há textos e textos não literários, produzidos por bons escritores que não são, necessariamente, literatos. Não literário, na medida em que não possuem as características essenciais da literatura. Alguns livros bíblicos não são tidos como literatura, no entanto o são de qualidade superior. No extremo oposto, escritos atuais com o fito literário não apresentam uma única característica que confirme o êxito do autor (certamente, um neófito na arte). Por que atuais? As intenções malsucedidas do passado foram eliminadas pelo tempo - essa verdadeiro crítico, contra o qual não há despeito ou acusação. 
Por falar em palavra com teor literário, vale lembrar a que inicia o melhor romance brasileiro: nonada. De uma forma extraordinária, ela antecipa toda a literariedade de Grande sertões: veredas, de João Guimarães Rosa.  
Para saber mais o que seja literatura, arte literária, é necessário saber o que seja arte, sempre com o cuidado de relacioná-la à sua especificidade verbal. A generalização de que literatura constitui toda a palavra escrita é um absurdo, na medida em que ignora o trabalho da ressignificação. 
(A única referência bibliográfica consultada para a elaboração do texto acima foi A propósito da literariedade, de Inês Oseki-Dépré, para me referir a Jakobson.)

terça-feira, 21 de maio de 2013

O QUE É LITERATURA, ERILAINE?


Ah! A Literatura!
Erilaine Perez
Toda criação artística é uma forma de comunicar a vida e de interagir com os seus eventos. A arte expõe as verdades sobre o homem, lançando mão do poder de atrair, perturbar e encantar por intermédio do simbólico.
A Literatura é uma dessas formas de arte, com características peculiares, capazes de promover um avanço para a aquisição dos aspectos lógicos do conhecimento aliados aos imaginativos, porque é um saber filtrado no prazer causado pela experiência estética.
Imerso nessa experiência, o homem tem a necessidade de conferir significados outros a tudo o que existe, usando, para tanto, a palavra figurativa como forma de subjugar, de dominar essa realidade, para a qual a palavra denotativa já não é o bastante.
Essa necessidade existe, porque todo o homem, assim como a palavra, é o que pode ser visto e o que está oculto atrás disso. O entendimento dessa condição, natural a todas as pessoas, explica a relação da literatura com as outras expressões de arte, pois todas nascem do desejo sensível do homem em explicar a própria vida.
A literatura, portanto, é um saber para além da cultura do mais rápido, que quebra as barreiras do pensamento, a fim de se irmanar a razões e emoções universais, constituindo-se em área privilegiada do conhecimento (não somente para obtenção de trabalho, mas para a consonância com a nossa própria parcela de humanidade). É intuição, estética e matéria-prima, que em palavras pinta, harmoniza compasso e melodia, apaixona e persuade, pela vida,ao entusiasmo e à admiração. 

sábado, 18 de maio de 2013

ODEIO MARILENA CHAUÍ

O que tens a me dizer em relação ao título acima? 
Deves pensar (caso não queiras me dizer) que cometo um disparate, imperdoável para um iniciante na Filosofia. Confessar sobre o pior dos sentimentos não é comum para quem busca a sabedoria. Um desafeto até que se justifica. Uma inimizade. Ódio, não. 
O fato de Marilena Chauí ser marxista não é motivo para tanto. 
Estás certo, leitor, caso pensaste nisso.
Na verdade, não odeio quem quer que seja, muito menos Marilena Chauí. Também não odeio os marxistas. Longe de me parecer com o Smurf Ranzinza.
Como poderia odiar uma classe, não odiando uma pessoa? 
Pois bem, Marilena Chauí, a toda queridinha filósofa da USP, cospe gritando (ou grita cuspindo) que "Eu odeio a classe média!". 
Não contente em pronunciar tamanho disparate (sob os aplausos daqueles que a adoram), justifica seu sentimento com os piores adjetivos para a classe média brasileira. 
No vídeo que te ofereço aqui, a filósofa perde a razão, imitando alguém completamente bêbado. 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

OLHO D'ÁGUA

a flor líquida
brota
por entre as pedras

sobre as pedras
se abre
espelho

o homem 
não se vê
mais (ou menos)
                          velho

mãos em concha
suga
a flor
 

 


quarta-feira, 15 de maio de 2013

BIBLIOTECA PÚBLICA E MUSEU

Antes de transcrever o Art 1 da Lei nº 10.098, sobre a acessibilidade, defendo que a Biblioteca Pública de Santiago e o Museu Pedro Palmeiro, localizados na Rua Pinheiro Machado, nº 2291, devem mudar de endereço, para instalações que atendam a lei acima. O prédio que os abriga há mais de quatro décadas está fora dos padrões mínimos exigidos, sem condições de adaptação para dar acesso a pessoas deficientes ou com mobilidade reduzida. As janelas dos andares superiores, para dar um exemplo dessa impossibilidade, encontram-se emperradas - não pela ferrugem, mas pelo deslocamento das estruturas. Sem acesso legal, sem segurança alguma.
Na condição de cidade educadora, Santiago necessita encontrar instalações mais apropriadas para a Biblioteca e o Museu. A lei  seguinte assim o exige:
"LEI Nº 10.098, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000
Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadores de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreira e obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação".  

terça-feira, 14 de maio de 2013

MARCOS RELIGIOSOS

Dois marcos religiosos encontram-se na berlinda, causando um mal incomensurável às igrejas evangélicas a que pertencem: MARCO FELICIANO e MARCOS PEREIRA.
O primeiro responde a um processo no Supremo Tribunal Federal por homofobia e estelionato. Declarou que John Lennon foi castigado e morto por Deus. Cobrou treze mil para realizar um culto no Rio Grande do Sul e não compareceu. Um vídeo circula na Internet, mostrando o pastor pedindo a senha do cartão de crédito de um fiel.
O segundo é acusado de estuprar duas fieis, acobertar criminosos e até mandar matar.
Dois marcos traídos pela marca (de Caim).

segunda-feira, 13 de maio de 2013

QUEM É JENNIFER CONNELLY? QUEM É CLAIRE FORLANI?





Um belo desafio ao Márcio Brasil. Belo que não significa difícil, claro. 

O QUE HÁ DE ERRADO COM A FELICIDADE?


Ao perguntar o que há de errado com a felicidade, Zygmunt Bauman repete o que fazem outros pensadores contemporâneos (pre)ocupados com esse aspecto tão intimamente associado à vida humana. A primeira constatação do sociólogo é de que as pessoas “estão se tornando mais ricas, mas não está claro se estão se tornando mais felizes”. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos e Inglaterra concluem que as melhoras nos padrões de vida nesses países não redundaram num aumento do bem-estar subjetivo. O que é válido lá, cá também o é. A riqueza crescente no Brasil vem acompanhada de um crescimento assustador nos roubos, tráfico/consumo de drogas, assassinatos, corrupção no mundo dos negócios e da política. O cidadão adquire/tem mais dinheiro, mas acaba gastando mais com o próprio Estado, que lhe usurpa legalmente, com a segurança, plano de saúde, psicólogo, advogado etc. Ele se vê a meio caminho entre o restaurante e a academia, entre o ê(c)xtase e o antidepressivo. Quanto mais dinheiro, a maior a necessidade de consumo. O shopping center transformou-se num tipo de éden, num paraíso reencontrado. Bauman argumenta que igualar a felicidade à compra de mercadorias “é afastar a probabilidade de a busca da felicidade algum dia chegar ao fim”. Há um descompasso no dia a dia desse cidadão, causado pela pressa (que independe do maior ou menor tempo ocioso). Sentado em frente do último modelo de televisor, ele é instigado comprar um novo automóvel, a mudar os objetos que mobilham sua casa/apartamento. Não mais planeja sua vida a longo prazo, afetado pelo imediatismo. O futuro é impensado, uma vez que vive preso ao presente em sua caverna hi-tech (numa permanente transitoriedade). Isso e muitas outras coisas o impedem de ser feliz.

sábado, 11 de maio de 2013

TODOS E TODAS

Todos os petistas repetem o padrão  discursivo de seu líder maior, o Lula. Ontem, os falantes do partido se dirigiram à plateia com a recorrência "Boa noite a todos e a todas!". Para rebater uma observação que fiz a propósito disso, alguém assoprou que é uma deferência às mulheres. Logo após o cumprimento "Boa noite a todos e a todas!", um vereador prossegue dizendo que em seu município "Todos sabem das dificuldades". Não deixei passar em branco, voltando-me para o ouvinte que discordara da minha observação: Dessa forma, as mulheres não sabem das dificuldades?  
"Todos os petistas" são homens e mulheres petistas.
Os demais falantes dirigiram-se ao público presente com o "Boa noite a todos!"
   

TUDO POR DINHEIRO

VISITA DO PAPA VAI CUSTAR 
R$ 180 MILHÕES PARA O BRASIL

Para ler a matéria, clicar aqui.

ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

Em audiência pública realizada ontem, na sala Caio Fernando Abreu, junto à Câmara de Vereadores de Santiago, elegeu-se as dez prioridades, que deverão ser contempladas pelo orçamento do Estado para 2014.
Pela ordem decrescente, as dez áreas escolhidas foram as seguintes:
1 - Saúde;
2 - Segurança Pública e Defesa Civil;
3 - Educação Básica, Profissional e Técnica;
4 - Desenvolvimento Rural;
5 - Cultura e Inclusão Digital;
6 - Esporte, Lazer e Turismo;
7 - Meio Ambiente e Recursos Hídricos;
8 - Desenvolvimento Social e Erradicação da Pobreza;
9 - Desenvolvimento Econômico;
10 - Habitação, Desenvolvimento Urbano e Saneamento.

Áreas preteridas:
- Irrigação;
- Cidadania, Justiça, Direitos Humanos e Políticas para Mulheres;
- Educação Superior;
- Infraestrutura e Logística;
- Combate à Violência no Trânsito.

Eis o fato. 
Um prato cheio para críticas.
A primeira delas me foi sugerida pelo vereador Décio Loureiro e pela secretária Denise Flório Cardoso. As pessoas votaram sem uma leitura atenta do programa, das ações e das diretrizes publicados no caderno Ciclo do Orçamento Estadual 2013/2014. Para a Educação Básica, Profissional e Técnica, por exemplo, a verba destinar-se-á a novos equipamentos e mobiliários, apenas para os cursos já existentes nas escolas. 
A cultura foi reduzida à inclusão digital, cujo público-alvo são as comunidades excluídas da sociedade da informação. Nossa região possui tais comunidades excluídas?
A separação das áreas temáticas, distanciando Desenvolvimento Econômico de Infraestrutura e Logística, ou demonstra burrice dos idealizadores do orçamento participativo, ou denuncia uma esperteza (baseada na terminologia).
O plenário votou em Desenvolvimento Econômico e Desenvolvimento Rural, sem votar na Infraestrutura e Logística.
Qual a diferença entre Desenvolvimento Econômico e Desenvolvimento Rural?
Exatamente 14 cidadãos entendem que deve haver desenvolvimento econômico, mas não desenvolvimento rural. 
O Estado, por sua vez, mantém duas secretarias com o objetivo de promover tais desenvolvimentos, que poderiam ocorrer de forma independente um do outro. A propósito, quantas secretarias vicejam à sombra do Piratini?

sexta-feira, 10 de maio de 2013

MISOLOGIA

A maioria dos homens não age guiada pela razão. Esse atributo tardio, subtraído dos deuses por Prometeu, acaba atofiando por falta de uso. Em seu lugar, persiste o domínio da pulsão, do desejo, da fé, do mito. Parte dessa maioria, para justificar suas crenças, despreza a razão (e toda sua obra monumental, o conhecimento filosófico e científico). 
Esta semana, eu falava sobre as velocidades da Terra, em torno de seu eixo e em torno do Sol, quando entrou um colega e exortou aqueles que me ouviam a ler a Bíblia. Um autêntico misólogo.  
 

ESTRONDOS NA ITU

O conhecimento é extraordinário. O conhecimento é desmi(s)tificador. O conhecimento é luminoso. 
Agora eu sei o que motivou os estrondos na Vila Itu ontem, por volta das 20h05min. A causa não poderia ser mais física, real, e ocorreu a aproximadamente uns 8 km (em linha reta).
Segundos antes do horário acima, esperávamos cair um pingo de água dentro da noite. 
A propósito, o céu estrelado visto desde os campos da Reiuna é algo indiscritível, pelo menos na linguagem referencial, sem o recurso poético.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

SOBRE A FELICIDADE



Mais de dois mil e trezentos anos separa a Ética a Nicômacos, de Aristóteles, e A arte da vida, de Zygmunt Bauman. 
Qual é a relação entre essas duas obras? 
Para responder, transcrevo o seguinte excerto do Livro I da Ética a Nicômacos
“Se há, então, para as ações que praticamos, alguma finalidade que desejamos por si mesma, sendo tudo mais desejado por causa dela, e se não escolhemos tudo por causa de algo mais [...], evidentemente tal finalidade deve ser o bem e o melhor dos bens. Não terá, então, uma grande influência sobre a vida o conhecimento desse bem? Não devemos, como arqueiros que visam a um alvo, ter maiores probabilidades de atingir assim o que nos é mais convincente? Sendo assim, cumpre-nos tentar determinar, mesmo sumariamente, o que é este bem, e de que ciência ou atividade ele é o objeto. Aparentemente ele é o objeto da ciência mais imperativa e predominante sobre tudo. Parece que ela é a ciência política. [...] Este bem supremo é a felicidade”. 
Do livro de Bauman, destaco o título da extensa introdução, para associar os dois grandes pensadores, a despeito do tempo que os separa: 
“O que há de errado com a felicidade?”.  
Raramente, a felicidade é admitida como o grande objetivo almejado a vida inteira. As pessoas correm por fora (e perdem-se por dentro), sem alcançá-lo. “Na pista que leva à felicidade, não existe linha de chegada”, adianta o sociólogo polonês. Isso ocorre pelo pouco conhecimento que elas têm do que seja a felicidade, indagava o filósofo de Estagira. 
Como podem conhecer algo que inclui o outro, se não conhecem a si mesmas? Neste espaço, venho insistindo na relevância do autoconhecimento.  
Caro blogueiro, o que você pensa sobre a felicidade? 

GRANDE MANCHETE

"Em 2004, médium disse à mãe de sequestrada em Cleveland que filha estava morta"
Publicada num site noticioso, a manchete acima dispensa comentário, dispensa a leitura da matéria correspondente. É desmistificadora por si só.

LUA

Os poetas já criaram as mais diversas metáforas para designar a Lua. Para os românticos notívagos da pós-modernidade, o satélite da Terra é toda luz natural desejável (com a concorrência quase inexpressiva das estrelas). 
Ninguém pensou numa Lua como espelho do Sol, negando o desencontro entre os dois astros transformados em entidades míticas. Todo conhecimento, no entanto, não acabará com a aura poética da Lua.
A propósito, há três teorias sobre a formação da Lua:
1) a Lua era um corpo que navegava pelo espaço e foi capturado pela força de gravidade da Terra;
2) a Lua se formou simultaneamente com a terra e da mesma forma;
3) a Lua é um fragmento enorme escapado da Terra, posto em órbita devido a uma tremenda explosão Teoria da Fissão). 
No dia 9 de janeiro de 1970, em Houston, cientistas concluíram que a origem da Lua continua sendo um enigma.

sábado, 4 de maio de 2013

LEITOR CRÍTICO

Leitor crítico é quem, no mesmo ato de realizar a leitura, para em determinado ponto do texto, retorna a um ponto anterior, pergunta-se por certas palavras, expressões, imagens ou ideias, sublinhando-as, anotando nos espaços em branco. Esses questionamentos e anotações lhes serão úteis como um guia para a releitura, como referências hipertextuais.
A partir do primeiro enunciado do Livro I de Ética a Nicômaco, de Aristóteles:
"Toda arte e toda indagação, assim como toda ação e todo propósito, visam a algum bem"
o leitor crítico faz as seguintes observações:
1) por que "arte", "indagação", "ação" e "propósito"? Justamente nessa ordem? Por que não "indagação", "propósito", "ação" e "arte"? Qual a diferença entre ação e arte? O pensador teria se expressado exatamente assim, ou as sucessivas traduções provocaram a desordem?
2) No tempo de Aristóteles, toda ação visava a algum bem? Isso não é superestimar a natureza humana? Qual é o bem hoje de um ditador fazer uso de armas nucleares? Qual é o bem na ação de roubar? 
O leitor crítico não para nesses questionamentos, vai mais longe. Ele passa a comparar o autor com outros autores.

CADÊ A LÓGICA?

O deputado X foi apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público pelas fraudes no DETRAN. O Supremo Tribunal rejeitou a denúncia por uma "falha processual", a falta de autorização do próprio Supremo, exigida para os processos contra pessoa com foro privilegiado. Com essa decisão, o deputado X continua sendo inocente, e as duas mais creditadas instituições do país (PF e MP) são publicamente desmoralizadas. 
Nunca entendi e nunca entenderei esta falta de lógica na justiça: o erro na elaboração do processo descriminaliza o acusado. A defesa do criminoso, não raro, sai com uma vantagem em relação aos acusadores. 
Isso prova a degeneração do Estado.  

quinta-feira, 2 de maio de 2013

BANDIDA OU DOENTE?

A mãe que mata o próprio filho, recém-nascido, é bandida ou é doente? 


Um dos grandes pensadores do nosso tempo, considerado o "pai da antipsiquiatria", o húngaro Thomas Szasz, escreve o seguinte:

"Se reconhecemos que uma pessoa é capaz de cometer friamente um crime hediondo, calculado, depravado, é que a natureza humana pode perfeitamente ser má. Ora, tudo o que desejamos é que a natureza humana seja boa. Não queremos admitir que o livre-arbítrio possa conduzir ao crime. Logo, o crime não deve ser o resultado do livre-arbítrio, mas da doença mental!
"Na realidade, a maioria dos criminosos é normal, e mesmo bastante inteligente para executar crimes extremamente complexos".

No caso dessa mãe, como bem lembrou o Júlio Garcia em comentário citado no blog do Júlio Prates, não estaria ela sofrendo sob o "estado puerperal"? Nesse caso, Szasz estaria equivocado? Estariam equivocadas as pessoas que julgaram a mulher em perfeita saúde?      

quarta-feira, 1 de maio de 2013

BELEZA DE ENUNCIAÇÃO


Por esta e outras ainda vale a pena ler nossa blogosfera. Transcrevo abaixo a postagem do Ruy Gessinger, uma beleza de enunciação:
Acabo de assistir o Bayern dar um chocolate no Barcelona dentro do Nou Camp ( Novo campo) de Barcelona. Nenhum coice, nenhuma catimba, nenhum jogador bagaceira atrasando o andamento do jogo, nenhum mau caráter pedindo cartão amarelo para seu adversário. Nós brasileiros temos que mudar. Temos que deixar de ser malandros de cancha de bocha e passar para o primeiro mundo da civilidade. E de novo: em futebol todos tem que defender! Nem todos tem que atacar. Vejam o novo futebol dos alemães, dando uma tunda no preciosismo ultrapassado dos espanhóis. 
Mas de novo: sejamos humildes, silenciosos, peçamos por favor, digamos desculpe, falemos baixo, gastemos menos do que ganhamos, não sejamos espaçosos. É só uma ideia...
Assisti ao jogo, torcendo para o time alemão (contrariamente à maioria dos brasileiros).