terça-feira, 10 de setembro de 2013

NATUREZA VERSUS ARTIFÍCIO


Neste recanto do Hemisfério Sul, o mês de setembro constituiu um momento especial, em razão de manifestações naturais e humanas. 
A Natureza se renova ciclicamente com a chegada da Primavera, acontecimento que, por si só, mereceria uma grande festa. O artifício, todavia, pretere essa oportunidade em favor de datas históricas: a da independência do Brasil e da revolução farroupilha. Neste aspecto, o sentimento de nacionalidade é incomparavelmente mais importante que a vida a se renovar numa profusão de brotos e flores. 
A despeito da cultura ser a principal ferramenta na evolução autoconduzida pelo homem, com a produção de valores inegáveis, ela se presta para alimentar o poder no espírito de seu agente e beneficiário. Esse poder, sempre acompanhado de arrogância, vaidade e egoísmo, rompe com a natureza. 
Quanto mais complexas as sociedades, maior o efeito da ruptura, chegando à destruição do meio ambiente. 
A independência econômica de todas as nações é mantida graças à vultosa exploração dos recursos naturais. Esse é o ônus obrigatório pelo bônus da independência político-administrativa. Quando os recursos não são suficientes, depende-se de outros países (credores). 
O Haiti se orgulha de ser o primeiro país latino-americano a proclamar sua independência e é a sociedade mais pobre deste continente. Muito próximo dele, Porto Rico abriu mão de sua independência e é uma economia muito dinâmica do Caribe. 
Uma das maiores festas no Brasil comemora sua independência de Portugal. Para mantê-la, seguimos o exemplo dos países exploradores. 
No Rio Grande do Sul, comemoramos a independência que ocorreu e a que não ocorreu. Até o dia 20 de setembro, esquecemo-nos do grande advento da Primavera. Depois atribuímos um dia à árvore e ao seu algoz (o fazendeiro).

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