sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O CRIADOR DA LÓGICA

O filósofo e historiador norte-americano Will Durant encerra o tópico sobre Aristóteles (para o livro Os grandes pensadores) com a seguinte apologia: 
"Na volta em redor do mundo que estamos a dar, não encontraremos outro cérebro de maior influência no espírito da humanidade que o de Aristóteles". 
No estudo da Lógica, para ilustrar uma das criações de Aristóteles, chama-me a atenção a influência desse filósofo na formulação de dois princípios (que são como poemas):
* Princípio do terceiro excluído - toda e qualquer proposição é verdadeira ou é falsa;
* Princípio de não contradição - se uma proposição é verdadeira, então não pode ser falsa ao mesmo tempo e no mesmo sentido.

(Proposição é um componente básico do raciocínio, uma sentença declarativa.)

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

TRÂNSITO

Ontem fui à Conferência Regional de Políticas de Segurança no Trânsito, realizada no auditório da URI. Os palestrantes foram: Oderli Gomes, do Gabinete do Vice-Governador do Rio Grande do Sul, e Carlos Tatsch, presidente do Instituto Zero Acidente. 
Para o porta-voz do governo gaúcho, o grande objetivo da política é reduzir o número de acidentes fatais, que resultou em 2090 óbitos no ano de 2012 (quase seis pessoas por dia). Estatísticas e percentagens asseguraram o sucesso do palestrante. 
O presidente do Instituto Zero Acidente apontou para a necessidade de mais educação no trânsito. Antes que se torne currículo escolar, continuam fundamentais "os projetos que contemplem ações de conscientização, formação de multiplicadores".
Penso o trânsito como uma questão que pode ser expressa pela dicotomia ordem versus desordem. O crescimento da frota veicular, as limitações viárias, o trabalho extenuante, o estresse, o álcool, a alta velocidade, são algumas variáveis que provocam a entropia. As leis, os agentes, a educação, em contrapartida, procuram manter o equilíbrio do sistema, felizmente aberto. 
Os usuários do trânsito necessitamos de moralidade, do querer agir com correção (em todas as situações). Isso a educação não tem conseguido, o que equivale a dizer que não temos conseguido educação. 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

LITERATURA (DO ZERO AO DEZ)


Ana Maria Machado, escritora e presidente da Academia Brasileira de Letras, venceu o Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura. 
O resultado foi apresentado por ocasião da abertura da Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, nessa terça-feira. 
O livro vencedor, Infâmia, narra a história de um embaixador envolvido em uma trama de escândalos e mistérios, quando recebe um envelope com documentos sobre a morte de sua filha.
O romance recebera nota zero de um jurado do último Prêmio Jabuti. De zero a dez. Prêmio: R$ 150 mil reais.
Os outros concorrentes eram: 
- A noite das mulheres cantoras, de Lídia Jorge;
- Barba ensopada de sangue, de Daniel Galera;
- Domingos sem Deus, de Luiz Ruffato;
- Habitante irreal, de Paulo Scott;
- Lívia e o cemitério africano, de Alberto Martins;
- O céu dos suicidas, de Ricardo Lísias;
- O que os cegos estão sonhando?, de Noemi Jaffe;
- Solidão continental, de João Gilberto Noll;
- Uma duas, de Eliane Brum.
Da relação acima, li Solidão continental, de Noll.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

AGOSTOS

As mudanças do tempo são perceptíveis, principalmente por observadores que tenham mais de cinco décadas de experiência. Não o tempo como dimensão (meta)física, mas como condição meteorológica. O tempo que, no campo, determina boa colheita e vacas gordas, ou o contrário. 
Nos anos sessenta (do século passado), o mês de agosto, por exemplo, era de uma regularidade conhecida por todos. Nos dias subsequentes à dupla invernal (junho- julho), o vento soprava do norte, o capim seco nas várzeas e coxilhas queimava dia e noite, o céu se enchia de fumaça, o Inverno recebia a visita do Verão ainda distante. A lembrança de um suicídio histórico se somava à crendice de que os cachorros enlouqueciam, dando a agosto a fama de triste, agourento. 
(Mas isso já é uma fuga ao tema.) 
Mais tarde, agosto mudou de fato, transformando-se num tempo de florescimento extemporâneo: o pessegueiro, o ipê, a laranjeira, o cinamomo, entre outras espécies floresciam em nossos quintais e avenidas. Essas flores prenunciavam a próxima estação, a Primavera – tempo de renovação, manhãs azuis e trigais maduros. Infelizmente, o joio da monocultura, do agronegócio acabou com os belos trigais. Em contrapartida, a partir de leis proibitivas e de uma nova consciência ambiental, as queimadas se tornaram raras, acidentais. 
Neste ano, excepcionalmente, não houve flores e tampouco a visita do Verão. O cachorro há muito não enlouquece, mas acabou rengo desta vez. Nunca fez tanto frio, com chuva congelada, neve, garoa, geada, vento cortante... 
Isso representaria o início de nova mudança no clima? Os observadores mais jovens dispõem de maior futuro para a resposta. 
Heráclito de Éfeso, um dos pensadores pré-socráticos, legou-nos um fragmento que trata do fluxo contínuo das coisas. O tempo também está sujeito ao devir. 

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

CONTRADIÇÃO?

O leitor crítico irá perceber uma contradição deste blogueiro, tomando como referência as duas últimas postagens abaixo. Em Por que o mundo existe?, fica subentendido meu ateísmo (pelo menos para uma resposta racional). Em Ameno, transcrevo o poema musicado por Eric Lévi, que é uma súplica ao Senhor (à maneira dos Salmos). 
Antes que esse leitor me cobre uma explicação, apresento-lhe uma justificativa. 
Na semana que vem, irei ao Colégio Cristóvão Pereira, para falar com alunos que analisam meus últimos textos publicados no Expresso Ilustrado. Dentre os assuntos abordados por mim, não escondo uma predileção pela Cosmologia e pela Evolução Biológica (História Natural). Um dos últimos artigos que publiquei, faço um amálgama desses assuntos, com o título Do Big Bang a nós.
Penso em me deter um pouco mais sobre o conteúdo desse artigo, cujo espaço no jornal permite apenas um resumo. Para isso, escolhi o vídeo do YouTube, Quem você pensa que é?, cuja música de fundo é Ameno. O conhecimento que o vídeo transmite em poucos minutos é de arrepiar, causa-me uma sensação semelhante a da música e da poesia (na língua em que foram escritos os versos da canção). 
AMENO
                                         Eric Lévi
Dori me
interimo adapare dori me
Ameno ameno lantire
 
lantiremo
 
dori me
Ameno
 
omenare imperavi ameno
Dimere dimere mantiro
 
mantiremo ameno
Omenare imperavi emulari ameno
Omenare imperavi emulari ameno
Ameno 
ameno dore
 
ameno dori me
 
ameno dori me
Ameno dom 
dori me reo
 
ameno dori me
 
ameno dori me
 
dori me am
Ameno 
omenare imperavi ameno
Dimere dimere mantiro
 
mantiremo ameno
Omenare imperavi emulari ameno
Omenare imperavi emulari ameno
Ameno 
ameno dore
 
ameno dori me
 
ameno dori me
Ameno dom 
dori me reo
 
ameno dori me
 
ameno dori me
 
dori me am
Ameno 
ameno dore
 
ameno dori me
 
ameno dori me
Ameno dom 
dori me reo
 
ameno dori me
 
ameno dori me
 
dori me am
ameno dore 
ameno dori me
 
ameno dori me
Ameno dom 
dori me reo
 
ameno dori me
 
ameno dori me

Ameno dom 
dori me reo
 
ameno dori me
 

ameno dori me
(Para ouvir, basta clicar no título acima.)

POR QUE O MUNDO EXISTE?


Nessa manhã, recebi o livro Por que o mundo existe?, de Jim Holt.
O filósofo e jornalista norte-americano escreve sobre a sensação de estupefação que experimentou ao se deparar, pela primeira vez, com a questão Por que existe algo e não apenas o nada?, das páginas iniciais de Introdução à metafísica, de M. Heidegger.
Para iniciar a busca de uma resposta, Holt cita Richard Dawkins, Christopher Hitchens, Stephen Hawking, Leibniz, Arthur Lovejoy, Charles Sanders Peirce, David Hume, Nicholas Rescher, Platão, Aristóteles, William James, entre outros. 
Li apenas o primeiro capítulo, Enfrentando o mistério.
Por que o livro me interessou?
Certo dia, no Rincão dos Machado, a contemplar algumas nuvens tocadas pelo vento (contra a imensidão azul), perguntei-me por que o mundo existe. 
Essa pergunta me libertaria da religião cristã, cuja influência açambarcadora havia disciplinado minha infância e adolescência. Certamente, Deus é uma resposta muito cômoda, que remonta aos mitos de origem. A pergunta é filosófica, racional.

sábado, 24 de agosto de 2013

INOPORTUNAMENTE NECESSÁRIA


A greve dos professores estaduais é inoportunamente necessária. Prova cabal de um descompasso entre o discurso por uma educação melhor e a realidade da política educacional. 

PETER SINGER (MAIS UMA VEZ)

Esta é a décima segunda postagem que faço neste blog em que cito PETER SINGER, filósofo australiano que virá ao Fronteiras do Pensamento (segunda-feira, 26). Em 2002, li com atenção o livro Ética prática, desse filósofo.
Perguntado pelo ZH como as nações que lutam parar tirar as pessoas da linha da pobreza podem lidar com as necessidades de crescimento e ao mesmo tempo responder às demandas pelo desenvolvimento sustentável, Singer responde:
"É óbvio que as nações em desenvolvimento querem diminuir a pobreza. Mas devem fazer isso tendo em vista o quadro maior. Não há sentido em reduzir a pobreza nesta geração e deixar as próximas voltarem à pobreza ou até a uma situação pior devido às mudanças climáticas".
Penso que não apenas às mudanças climáticas nossos descendentes viverão um futuro bem diferente de como vivemos o presente. Diferente em decorrência de um quadro de insustentabilidade que há de se agravar doravante.   
Não é só em relação a Peter Singer que me considero um leitor solitário na Terra dos Poetas. Para não fugir ao tema, cito James Lovelock. Nunca ouvi qualquer referência ao grande guru da Ecologia, mestre de José Lutzenberger. 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

E-MAIL DE JAYME PIVA

   Meu caro Froilam, inspirado poeta e consagrado escritor:
             Antes de mais nada, renovados parabéns pela feliz indicação como Patrono da Feira do Livro de Santiago!
          Já tive ensejo de cumprimentá-lo, antes, pelo acerto da escolha, que sobremaneira há de valorizar a nossa festa dos livros.
             Rejubilo-me, agora, pelo honroso convite formulado pelo amigo, para participação no evento e lançamento do meu novo livro.
         Agradecido pela distinção, será uma feliz oportunidade de abraçá-lo e me regozijar com o brilho da investidura e relevo do encargo. 
             Serei testemunha presencial do êxito da atuação, com destaque à sua obra cultural, erudição e elevada sensibilidade poética! 
             Antecipadamente grato pelas atenções, envio a solicitada sinopse do meu livro:  

                      Título:      "A CIÊNCIA DA BURRICE"
                      Resumo:  Com prefácio do Barbela, trata-se de uma compilação de textos do meu blog jaymepiva.blogspot.com - nome do meu primeiro livro "Aqui me Tens de Regresso". Escritos acoplados de uma seleta transposição de crônicas publicadas,ao longo dos anos, no nosso jornal Expresso Ilustrado. Seleção essa criteriosamente pinçada dentre cerca de trezentas crônicas e mais de cem textos alinhavados no blog.
Notas:       
Livro ainda em fase de edição  junto à Editora Insular, de Florianópolis
Oportunamente, seguirá cópia da capa da obra.
Segunda-feira, dia 19, entrarei em contato com Leonice, na Secretaria de Educação e Cultura.
               Fraternal abraço
               Jayme Camargo Piva

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

SURDOS E BURROS


A perda auditiva entre crianças e adolescentes é um fato (passível de ser verificado nas duas últimas décadas). 
O Zero Hora de sábado, 17, publicou uma reportagem sobre o assunto. Segundo o otorrinolaringologista citado, a culpa desse problema de saúde moderno é dos fones de ouvido. 
Este conhecimento é científico e popular (ao mesmo tempo). Todos sabemos que os nossos jovens ouvem música em alto volume. Os fones de ouvido apenas disfarçam tal condição. Dizer que o aparelho é o vilão, como se expressa o médico, constitui uma falácia (da falsa analogia). O sujeito que ouve a música em alto volume é o verdadeiro culpado - e vítima também. 
Há outros problemas não apenas decorrentes da surdez e que a superam em gravidade. A reportagem supracitada faz uma menção a alguns deles em nota de rodapé (com fonte menor)*. Eles ainda escapam à ciência, sua abordagem se encontra no campo especulativo. 
Concomitantemente com o problema da surdez, pergunto se a música não tem diminuído a capacidade cognitiva dos ouvintes contumazes. 
Em 1988, na Universidade Tuiuti, Curitiba (PR), insinuei sobre a incompatibilidade entre estudar e ouvir música ao mesmo tempo. Uma colega roqueira quase avançou em mim. 
Como não associar o volume alto e a baixa qualidade do que se ouve a uma alienação discursiva? Como não cotejar o tempo a ouvir a barulheira (pretensamente musical) com o dedicado ao estudo? 
Mesmo que as questões acima não sejam respondidas, confirmando-se o mal pressuposto, entendo que burrice é a denominação mais adequada para a vontade de querer se tornar surdo.
* A criança não reage quando é chamada ou não obedece a ordens.
Parece desatenta.
Dificuldade de concentração.
Apresenta atraso na aquisição da linguagem.
Tem queda no desempenho escolar.
Fixa o olhar na boca do interlocutor, tentando fazer leitura labial.
(Tem) dor de cabeça.
Irritação.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

PLATÃO, COMADRINHA, ZECA BLAU, BARBELA, ERILAINE...

Platão não gostava dos poetas, em razão deles fazerem uma imitação do mundo sensível, por sua vez uma imitação grotesca do mundo inteligível. Vale esclarecer que, desde Homero ao tempo do autor dos Diálogos, os poetas eram narradores épicos, ainda que se expressassem em versos. 
O nosso José de Figueiredo Pinto, Zeca Blau, seria um proscrito da república ideal de Platão. Em seu livro Horas do meu ocaso, publicado em 1968, há o soneto Comadrinha, cujo segundo verso é "Tua alma já pra outros reinos voa". Comadrinha, ou Amália do Rosário Freitas, foi uma das pessoas mais conhecidas na sociedade santiaguense. Ela catava coisas nas ruas para levar para o Céu, acompanhada por vira-latas. Seu falecimento ocorreu em 6 de novembro de 1978, dez anos depois da publicação do soneto de Zeca Blau, que cantava a partida da Comadrinha (dez anos antes da morte da centenária senhora). 
A Erilaine Perez constatou esse desencontro entre o real e o poético, ao reorganizar os registros no Museu Municipal Pedro Palmeiro. Ela foi ao Cartório de Registro Civil, para confirmar a data de falecimento da Comadrinha, 6 de novembro de 1978, quatro anos depois do óbito do poeta que a homenageou. A surpresa da pesquisadora perdeu um pouco da graça, ao encontrar uma explicação no livro Santiago do Boqueirão - Gente e Legenda*, de Antonio Manoel Gomes Palmeiro. Na crônica Comadrinha, Barbela transcreve o soneto de Zeca Blau, seguido deste enunciado: "A Comadrinha ainda em vida recebia homenagens como essa".
Os poetas não mentem. A metafísica platônica, todavia, não passou de um grande equívoco. Aristóteles, contemporâneo de Platão e um dos maiores intelecto da humanidade, assim escrevera: "Amicus Plato, red magis amica veritas" (Querido é Platão, mas ainda mais querida é a verdade.) 

* O livro Santiago do Boqueirão - Gente e Legenda, do Barbela, foi publicado em 1982. Em 1985, garimpando num sebo da rua Emiliano Perneta, em Curitiba, encontrei esse livro de crônicas sobre a minha terra, a Terra dos Poetas. No mesmo dia, escrevi uma carta para o Barbela, contando-lhe da emoção que me propiciou seu livro.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

IDEALISMO

o alazão
            (que pasta)
é ilusão
            (que passa)


o cavalo 
para os olhos
não é 
          para a razão
o verdadeiro 
cavalo
               de platão

DIAGNÓSTICO

a vó viu o vô
que havia tempo
não mais vivia

a vó viu
o espírito
                do vô

filhos e netos
(ou)viram
                  a vó 

vítima havia
tempo de
esquizofrenia

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

EPICURO


1

nada vem do nada
nem em nada se dissolve
matéria incriada



2

tudo subsiste em
átomos, que caem e tudo
formam – clinamen

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

FACEBOOK (SOBRE O)

O sucesso do Facebook, traduzido pelo número de usuários, explica-se por uma razão de fácil entendimento: oferece a oportunidade de se fazer sujeito enunciador a todo cadastrado no site. A ação de enunciar, de ser autor da declaração, de expor em frases (e imagens), de participar da interlocução, não mais como anônimo, propicia-lhe um poder ainda não vivenciado desde a alfabetização. Não obstante a pequeníssima parcela, esse poder discursivo rende-lhe um quantum de felicidade. Em excesso, experimentam-na os escritores, os políticos, os pregadores religiosos, os jornalistas, os professores, locutores por excelência. A escrita eletrônica veio suprir a falta de um microfone e de uma audiência presente (ou sintonizada). Da mesma forma, transpôs a inacessibilidade ao impresso e ao leitor sempre pronto para o diálogo. Os usuários do Facebook, em sua maioria pela primeira vez, realizam um salto da simples alfabetização para o letramento digital. As postagens mesclam o verbal e o não-verbal, disponíveis na rede ou editados pelo sujeito facebookiano, que se expressa, em regra, na primeira pessoa. Esse autodestaque é mantido no primeiro plano das fotografias, adicionadas sem parcimônia. Num mundo que valoriza o parecer (como possível síntese entre ser e ter), o Face é a última interface da aparência. Por intermédio dela, o usuário deixa o anonimato, a condição de alienado do discurso, para ganhar cidadania e projeção social. Ninguém melhor que ele aprendeu rápido a tirar vantagem da invenção de Mark Zuckerberg. (Os demais beneficiados, obviamente, aprendem há mais tempo.) A propósito do tempo, poucos sabem, todavia, que a nova tecnologia carrega em seu bojo o meme da efemeridade.

domingo, 11 de agosto de 2013

ERRO DA PANELA ELÉTRICA

Depois de meio-dia, via um filme no canal Space: Hatfields & McCoys. O casal se encontrava na cama, e o homem (Randall McCoy) pergunta à mulher (Sally) por que ela o quis como marido. Ela responde que um dia ele lhe daria uma panela elétrica.
Panela elétrica?
O filme era dublado para o português, com a legenda em português. Na legenda é que leio "panela elétrica". Não prestava atenção na fala.
Fui ao Google, para saber sobre o filme. Baseado numa minissérie produzida pelo History, Hatfields & McCoys tem como cenário o oeste de Virgínia-Kentucky, nos anos que se seguiram à Guerra de Secessão (1861-65). 
Panela elétrica nessa época?
A lâmpada elétrica foi inventada por Thomas Edison em 1879. A briga entre Hatfields e McCoys se estendeu até 1891, muito tempo antes de ter sido inventada a panela elétrica. 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

LETRAMENTO NA AVALIAÇÃO DO EXÉRCITO

A propósito do letramento, a Diretoria de Avaliação e Promoção do Exército propõe uma mudança no sistema de avaliação dos militares, incluindo a competência Comunicação
- Redige texto com clareza, precisão, concisão, coerência e correção gramatical.
- Expressa-se oralmente com clareza, objetividade e de forma adequada ao perfil do(s) ouvinte(s).
- Ouve com interesse os argumentos do interlocutor e esforça-se  para compreendê-lo, buscando esclarecimentos para confirmar a interpretação da mensagem.
- Compartilha informações relevantes espontaneamente, contribuindo para que as pessoas se mantenham informadas sobre assuntos de interesse comum.
- Comunica-se cotidianamente com os membros de sua equipe de trabalho, contribuindo para a integração das tarefas e para um relacionamento cooperativo e harmonioso. 

Magda Soares assim se expressa sobre o letramento:
"Ao exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita denomina-se letramento que implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler  ou escrever para atingir diferentes objetivos - para informar-se, para interagir com outros, para imergir no imaginário, no estético, para ampliar conhecimentos, para seduzir ou induzir, para divertir-se, para orientar-se, para apoio à memória, para catarse...". 

BREVIDADE DA VIDA

Os anos passam depressa
e nós passamos também.
Primeiro vão-se os avós,
depois os pais... De repente
é nossa a vez da partida,
momento em que percebemos
de um modo tardiamente,
a brevidade da vida.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

MÁRCIO BRASIL, CIDADÃO BENEMÉRITO

Lato sensu, todos somos agentes de cultura. Aqui, em Porto Alegre ou no Rincão dos Machado. O homem faz alguma coisa que não é natural, que incide sobre a natureza. Isso nos é tão característico que deixou de ser notícia. 
Stricto sensu, são poucos os agentes de cultura.
Por essa razão o Márcio Brasil está recebendo o título de Cidadão Benemérito de Santiago. Uma cidade que requer identidade cultural necessita render homenagens aos seus filhos mais ilustres, que fazem algo por essa identidade. 
O Márcio Brasil tem feito. Como é recomendável nos tempos modernos, socialmente (transcendendo a idiossincrasia). 
O Márcio é de uma nova geração de agentes culturais, que felizmente prevalece em nosso âmbito social. Geração a que pertence Júlio Ruivo (prefeito), Rodrigo Neres, Júlio Prates e outros (entre os quais me incluo, humildemente). 
Parabéns, Márcio Brasil!
Maior honraria nos dará o futuro.

FINANCIAMENTO DAS CAMPANHAS ELEITORAIS

Na Cédula de Votação para o Orçamento de 2014, a questão 3. Quanto ao financiamento das campanhas eleitorais, do Campo 3. Reforma Política em consulta, há três opções:
(  ) Deve ser custeado por recursos públicos
(  ) Deve ser custeado por recursos privados
(  ) Deve ser misto (continuar como hoje: fundo público e privado). 
Referente ao manifesto liderado pela OAB, não entendi o argumento de um jurisconsulto que defende o "financiamento democrático", contrário à participação de financiamento privado. Isso não é uma contradição? 
Estranhei a falta de duas opções:
(  ) Deve ser custeado apenas pelo fundo partidário
(  ) Não deve ser custeado por qualquer financiamento.
Penso que a reforma política deve mudar radicalmente, o que não ocorrerá com base numa das três opções da cédula.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

LETRAMENTO E LITERATURA

LETRAMENTO...
A palavra é nova no âmbito da Educação e da Linguística. As primeiras ocorrências dela estão nos livros No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística, de Mary Kato (1986); Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso, de Leda Verdiani Tfouni (1988); Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita, de Ângela Kleiman (1995). A partir desses títulos, infere-se a origem acadêmica da ressignificação do termo. Há registro anterior em Caldas Aulete, com a acepção de "escrita" simplesmente. Segundo Magda Soares, letramento significa o "estado em condições de quem responde adequadamente às intensas demandas sociais pelo uso amplo e diferenciado da leitura e da escrita". Algo mais que alfabetismo, processo que capacita o indivíduo a ler e escrever. Exemplos de letramento: o estudo em sala de aula, a redação de um jornal, o blog. (Do menor para o maior emprego da tecnologia digital.)

E LITERATURA
Por que escrevi sobre letramento no tópico acima? Qual a ligação de letramento e Literatura? Toda ligação, quase impossível de defini-la em causa e consequência. Ao mesmo tempo que é válido dizer que a Literatura leva ao contato e evolução do letramento, também o é dizer que o letramento conduz à Literatura (em seu sentido lato). Para mim, esta é uma das funções sociais mais elevadas da Literatura, ela mesma como um produto social: fazer dos leitores escritores (de fato ou potencial), capazes de assumir a condição de sujeitos do discurso. A propósito, essa condição é fundamental para o pleno exercício da cidadania, que ainda é limitada em países atrasados (como o Brasil), pelo analfabetismo. 

NOTURNO



o vento passa
as estrelas
ocupam novo
quadrante
enquanto
dentro da casa
encontro o tom
do noturno
           canto

na expectativa
do dia
na expectativa
das flores
sou pássaro
com atadas
             asas
e fixos olhos
de espanto

sábado, 3 de agosto de 2013

VACAS GORDAS (E MAGRAS)

O pasto seca em agosto, e as vacas ficam magras. Esses fatos naturais são usados como alegoria de sua situação econômica, principalmente o das vacas magras. Remonta ao tempo de um Faraó egípcio, cujo sonho foi interpretado por José (personagem bíblico).
No Brasil, depois de alguns anos de vacas gordas (que são mais visíveis em ano de eleições), já são contabilizados os quilos perdidos. Os setores públicos, no âmbito estadual e municipal, chegaram ao osso, ao fervido. 
Em Santiago, ainda se engraxa o bigode na construção civil, onde há muita gordura. A prefeitura sobrevive com lombo-agulha sem problema. A Universidade, idem. O Hospital de Caridade, numa estação diferente dos demais hospitais da região, mantém-se em contínuo crescimento. O Centro Clínico, a reforma da fachada, os novos equipamentos, tudo assegura vacas gordas para os anos vindouros (para não dizer décadas). Há falta de médicos? Mas esse problema é nacional. O arrojo administrativo de Ruderson Mesquita me faz lembrar o saudoso Ayrton Senna, mesmo ganhando atacava os retardatários. Sua capacidade é inegável, muito bem destacada pela mídia local e regional. 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

DOIS POEMAS FILOSÓFICOS

 sentencioso

o poeta
          declara

tudo é
        ou não é

incapaz
de afasia
        e epoché

julga
        e declara



aristóteles

dois modos
         de existir

(necessário
     ou possível)

ato e
          potência

ser e
               devir

vir-a...
             potato