segunda-feira, 29 de julho de 2013

MISTÉRIO SHERLOQUIANO

Há alguns anos, sou assinante do Zero Hora. O jornal é muito bom no fim de semana, com o caderno Cultura, crônicas, editoriais e artigos de opinião. Essa leitura é fundamental, na medida em que quero me manter atualizado em diversos assuntos. Por enquanto, o impresso resiste ao domínio açambarcador do âmbito digital. Infelizmente, nos últimos meses, não consigo ler o jornal de sábado. Toda vez que desço a escada de cinquenta degraus para buscá-lo na entrada do edifício, não o encontro mais. Como a porta não abre do lado de fora, um dos oito condôminos, ao sair para a rua, apropria-se indebitamente do jornal que pertence a mim, único assinante na Pinheiro Machado, nº 2231. Já afixei um pedido no quadro de aviso, dentro de um procedimento urbano, educado. Não houve efeito positivo. No sábado passado, aguardei o toque do interfone (acionado pelo entregador), às 6:50h, para descer em menos de um minuto. Ao girar a chave da porta de saída do apartamento, ouvi o mesmo clique ocorrendo num apartamento do 1º andar. Ao chegar no térreo, o jornal havia desaparecido. Saí à rua, onde não vi ninguém, à exceção de uma senhora que ultrapassara a esquina do Banco do Brasil. Fui atrás dela, para perguntar-lhe se não vira alguém saindo do prédio. Não a reconheci como moradora do Dom Manuel. Diante da negativa, voltei muito chateado ao apartamento, no 3º andar. A mulher surrupiara o jornal, guardando-o na bolsa de couro que levava consigo? O clique ouvido do 1º andar não era de uma porta se abrindo, mas fechando? Neste caso, meu vizinho/minha vizinha já esperava a chegada do jornal? Um mistério sherloquiano, cujo raciocínio para desvendá-lo é abdutivo, parte da conclusão conhecida para a descoberta da premissa anterior.
P.S.: O clique ouvido no 1º andar reduz para três os suspeitos de levar meu jornal.
 

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