sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

UMA POMBA APENAS

Por volta das 23 horas de ontem, encontrava-me navegando em mares hipertextuais, quando uma pomba, em pleno voo, chocou-se contra a metade fechada de minha janela. Incontinenti, estendi o braço e apanhei a pequena ave. Bastante atordoada, parecia inteira um coração batendo trezentas vezes por minuto. Nesse estado, ela não conseguia voar mais que curtos espaços dentro do quarto, o que me impediu de soltá-la do alto do terceiro andar. Provavelmente, cairia sobre o telhado do restaurante ao lado, onde há gatos caçadores, prontos para transformar a doce pomba num delicioso repasto. Antes de me deitar, levei minha visitante improvável para a área de serviço, dentro de uma caixa de papel, deixando a janela aberta. A liberdade é um valor inerente à vida. Não gosto de ver animais preso em gaiola, invenção que deveria limitar-se aos próprios inventores, os homens. Na manhã de hoje, a primeira coisa que fiz ao me levantar foi ir ao aposento da pomba. Ela estava recuperada, alçou voo e saiu pela janela para sempre. A impressão é que minha manhã começou mais azul.

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