quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

SEGUNDO ORTEGA Y GASSET

Na década de vinte do século passado, José Ortega y Gasset observava que na vida pública europeia era visível o "advento das massas ao pleno poderio social". O pensador chamava a atenção para não limitar "vida pública" à política, mas, sim, ao mesmo tempo "intelectual, moral, econômica, religiosa", incluindo-se hábitos coletivos. Na capa de seu livro A rebelião das massas, ele epigrafou: "De repente a multidão tornou-se visível, instalou-se nos lugares preferenciais da sociedade". No Brasil, isso ocorre nas duas últimas décadas do mesmo século XX, um atraso cultural de fácil compreensão. Neste país, as "elites" prolongaram a crítica dos marxistas (na Europa, o sonho se realizara com a Revolução Russa de 1917). Politicamente, o homem-massa triunfa na chegada do século XXI, com Luís Inácio da Silva eleito presidente. A primeira intenção de Lula (e continua sendo única) foi de querer que a massa da sociedade ocupasse o lugar das minorias excepcionais. No Rio de Janeiro isso ocorre todos os anos, nos dias de carnaval. A massa toma conta da cidade (antes) maravilhosa, não dando outra opção aos cariocas autênticos, já minoria, que se retiram para o litoral norte. Ortega y Gasset emprega esse termo mesmo, ao escrever que "dentro de cada classe social há massa e minoria autêntica". Com Lula e sua numerosa equipe, a massa se alçou ao primeiro plano social, utilizando-se para isso de toda esperteza e vulgaridade, que caracteriza o homem-massa. Não só a política, mas a educação foi nivelada por baixo, para eliminar tudo o que é "diferente, egrégio, individual, qualificado e especial". 

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