o ser
porque é
se audodefine
essência
plena
de existir
em que o ente
se efetiva
(ato
e potência)
tudo mais
é sofismo
de escol
(ástica)
o ser
é o ser
e o ser
é
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
PASTOR DE NUVENS
no fim de tarde reponto nuvens de duas cores primeiro as quentes plenas de poente depois as frias azuis sombrias reponto nuvens no fim de tarde
JÚPITER
Para ver o planeta Júpiter em movimento, basta acessar o link abaixo:
Leio num blog sobre a passagem da Lua em frente a Júpiter. Esse planeta é o maior do Sistema Solar, duas vezes e meios a soma da massa de todos os demais planetas. Sua constituição é de 88 a 92% de hidrogênio (a imitar o Sol). Sua temperatura varia em torno de -108ºC, distante 778.412.010 km do Sol. Considerando Sol, Terra, Lua e Júpiter alinhados, para sabermos a distância entre Terra e Júpiter basta diminuir 149.600.000 km do número acima. Dessa forma, a distância entre os dois planetas é de 628.812.010 km. Como a Lua está a 384.405 km da Terra, a distância entre a Lua e Júpiter é 1.635 vezes a distância entre Terra e Lua. Tomando nosso olho como a posição da Terra, uma esfera a um metro representaria a Lua e outra esfera a 1.635 metros representaria Júpiter.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
POETA SÓ
I
na cidade
toda
havia
um poeta
só
vinha
e ia
pela via
de pó
pedra
e poesia
.
II
um poeta
só
em casa
feita
das costaneiras
do dia
um poeta
só
de agonia
a cantares
das trevas
à epifania
.
III
um poeta
só
havia
na cidade
(que não lia)
um decreto
fez poetas
e poetas
todavia
IV
um poeta
só
palavrou
derrisou
trovejou
com o novo
quadro
que via
a galera
ignorou
desculpou
bajulou
fazendo-lhe
companhia
V
um poeta
só
nas redes
sociais
virou
um poeta
(ponto) com
na cidade
toda
havia
um poeta
só
vinha
e ia
pela via
de pó
pedra
e poesia
.
II
um poeta
só
em casa
feita
das costaneiras
do dia
um poeta
só
de agonia
a cantares
das trevas
à epifania
.
III
um poeta
só
havia
na cidade
(que não lia)
um decreto
fez poetas
e poetas
todavia
IV
um poeta
só
palavrou
derrisou
trovejou
com o novo
quadro
que via
a galera
ignorou
desculpou
bajulou
fazendo-lhe
companhia
V
um poeta
só
nas redes
sociais
virou
um poeta
(ponto) com
terça-feira, 27 de novembro de 2012
JESUS (A VERDADE POR TRÁS DO MITO)
A Superinteressante chega com uma matéria extensa sobre Jesus de Nazaré. "Historiadores, cientistas e teólogos desmentem mitos criados em torno de Cristo." A começar pela aparência: "um homem típico do Oriente Médio e de cabelos curtos".
ELE NÃO NASCEU EM BELÉM, NEM NO NATAL.
OS TRÊS REIS MAGOS NÃO ERAM REIS. NEM ERAM TRÊS.
ELE ERA MORENO, BAIXINHO E DE CABELO CURTO.
JESUS ERA SÓ UM ENTRE VÁRIOS PROFETAS.
MATEUS, MARCOS, LUCAS E JOÃO NÃO SÃO OS AUTORES DOS EVANGELHOS.
JUDAS PODE NÃO TER SIDO UM TRAIDOR.
O REINO DOS CÉUS ERA NA TERRA.
A própria Bíblia serve de fonte para embasar tais conclusões. Apenas um exemplo: "Numa passagem na Primeira Epístola aos Coríntios (15:5), Paulo diz que, depois de ressuscitar, Jesus apareceu para os 12 apóstolos, e não para 11".
Não foram apenas os cientistas do diabo que concluíram isso, há um teólogo entre eles.
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
ERIC VOEGELIN
"Minhas razões para odiar o nacional-socialismo - e isso desde o primeiro contato que tive com ele, na década de 1920 - podem ser reduzidas a reações muitos elementares. De saída, havia a influência de Max Weber. Uma das virtudes que ele considerava indispensável em um homem de ciência era a 'intellektuelle Rechtschaffenheit', que podemos traduzir por honestidade intelectual. Não consigo ver nenhuma razão para a escolha das ciências sociais - ou das ciências humanas em geral - como área de atuação se não existe a intenção honesta de examinar a estrutura da realidade. As ideologias, seja o positivismo, o marxismo ou o nacional-socialismo, constroem edifícios intelectualmente insustentáveis."
(Extraído de Reflexões autobiográficas, de Eric Voegelin.)
A IDADE
Falou e disse um pássaro,
dois sóis, uma pequena estrela.
Falou para que calássemos
e disse amor, penúria, brevidade.
E disse disse disse
a idade da eternidade.
(Último poema do livro O chapéu das estações, de Carlos Nejar.)
domingo, 25 de novembro de 2012
SUGESTÃO PARA SEGUNDA-FEIRA
Amanhã, quando levantares, dá uma volta por esse lago, observando tudo a tua volta, como se fosse a primeira vez. Vê as coisas sem denominá-las, sem o conhecimento que tens delas. Contempla a nesga de céu, a nuvem levada pelo vento, o edifício em construção, as flores da Rua dos Poetas, as cores do dia refletidas na superfície das águas. Não brigues com a realidade.
FALTA DISCIPLINA
Hoje o Zero Hora publica uma ampla reportagem com o título "BOLETIM VERMELHO. Enem acende alerta para a sala de aula. Mais de 60% das escolas do Estado ficaram abaixo da média nacional".
A propósito, no meu tempo de estudante de 1º e 2º graus a nota vermelha era vergonhosa, humilhante. Em 1973, no então Colégio Polivalente, havia uma competição pelas notas mais altas. Pelo que sei, hoje não há mais essa competição, e o aluno que se destaca é visto com maus olhos pelo grupinho do fundo. (Nesse grupo estudou o comentarista anônimo que comentou a postagem abaixo, acusando-me de contradição.)
A média nacional é 51, o que permite dizer que as maiores escolas públicas de Santiago encontram-se abaixo da média, com nota vermelha. Sugeri abaixo que os diretores eleitos ou reeleitos têm o objetivo moral de elevar os próximos resultados ao âmbito azul. Acima da média, a Escola da URI e Medianeira.
Todas as análises da péssima qualidade do ensino no Brasil apontam as mais diversas causas, menos uma (que existia em todas as escolas dos anos setenta): a disciplina. Não há mais disciplina dentro das escolas, ambiente que sofre a constante pressão extramuro.
Na relação das dez melhores escolas públicas do Rio Grande do Sul, por exemplo, aparecem o Colégio Militar de Porto Alegre e o Colégio Militar de Santa Maria. Por que? A resposta inclui obrigatoriamente a disciplina. Dos alunos, dos professores, dos pais.
Significado de disciplina (extraído do Houaiss): obediência às regras e aos superiores; regulamento sobre a conduta dos diversos membros de uma coletividade; ordem.
sábado, 24 de novembro de 2012
REBECA BERNARDO RIBEIRO
Olá, Rebeca!
Reconsidera o propósito de leiloar tua virgindade.
Faze uma campanha para ajudar tua mãe.
Abç
VIRGENS LIBERAIS
A mais nova profissão, vender a virgindade, é semelhante à que dizem equivocadamente ser a mais velha, a prostituição. Uma pequena diferença é grande: a primeira não pode ser exercida pelo mesmo indivíduo, e a segunda, ao contrário, vende o próprio corpo repetidas vezes. A condição essencial para se vender a primeira vez é logo perdida pelo indivíduo, que pode, no máximo, prostituir-se (condição já definida acima). Outra diferença diz respeito ao aspecto moral: a primeira vez sempre foi caracterizada por um extremo de vergonha, de intimidade, de afetividade e tudo mais que está na base de um relacionamento sexual inesquecível; a prostituição se caracteriza pela falta de vergonha principalmente. Com o auxílio da Internet, o indivíduo elimina a vergonha, obstáculo para o confronto cara a cara, e acaba vendendo seu corpo não violado. Sem vergonha, vende também o próprio caráter, a própria alma. A mídia, mais do que a serpente do mito adâmico, oferece recompensas ao indivíduo (depois de tê-lo incitado a levar adiante seu projeto).
Por que profissão?
Já não é mais um indivíduo isolado que propõe vender sua virgindade. Seguindo a catarinense Ingrid Migliorini, 20 anos, que conseguiu leiloar-se por 1,5 milhões, outra jovem faz a oferta de si mesma. Trata-se de Rebeca Bernardo Ribeiro, 18 anos, paulista. O primeiro lance foi de 60 mil.
Ingrid é excêntrica, perderá sua virgindade num voo intercontinental. Ela diz que fará casas populares com o dinheiro do japa, fiel à premissa moderna de que todo projeto precisa ter uma amplitude social. Seu caso me permite dizer o jargão do paraquedista: o avião caiu.
Rebeca é mais realista: ajudará a mãe que sofreu um AVC.
Faço-lhe meu lance: SUGIRO QUE RECONSIDERE A VENDA DE SUA VIRGINDADE, DESISTINDO DESSE PROJETO IMORAL POR UMA CAMPANHA MIDIÁTICA EM PROL DE SUA MÃE.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
EXERCÍCIO POÉTICO
a tinta se esvai
(na folha) em riscos azuis:
um simples haicai
num trom a tormenta
desaba sobre a cidade
agora cinzenta
um raio, dois raios,
três raios pintam de luz
a minha janela
NOVOS DIRETORES E ENEM
É possível fazer uma relação (futura) entre os novos diretores das escolas e o resultado do ENEM: os eleitos poderão colocar como principal meta de sua gestão uma nota melhor nos próximos exames.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
PAPEL DA POESIA
"No instante de um relâmpago vemos um cachorro, uma carruagem,uma casa, pela primeira vez. Tudo o que oferecem de especial, de louco, de ridículo, de belo nos abate. Imediatamente após, o hábito apaga essa poderosa imagem com sua borracha. Fazemos festa ao cachorro, paramos a carruagem, habitamos a casa. Não os vemos mais. Eis o papel da poesia. Ela desvela, com toda a força do termo. Ela mostra nuas, sob uma luz que sacode o torpor, as coisas surpreendentes que nos circundam e que nossos sentidos registram mecanicamente."
J. Cocteau
Caro leitor, já leste algo tão breve e tão verdadeiro quanto o enunciado acima?
terça-feira, 20 de novembro de 2012
FAIXA DE SEGURANÇA
A
faixa de segurança em frente ao Quartel-General, na Rua Júlio de Castilhos, foi
pintada nessa manhã. Tal sinalização horizontal é necessária em todo lugar, na
melhor ordenação do movimento de automóveis e pedestres no trânsito. Ela
constitui uma das formas mais civilizadas com esse objetivo, fundamentada no
intercurso ético dos usuários. O motorista, ante a faixa de segurança, não só
deve prestar bastante atenção, como querer prestar bastante atenção e saber por
que deve prestar bastante atenção e querer prestar bastante atenção. Uma postura
correta compreende esses três estágios. O pedestre, em contrapartida, deve
prestar bastante atenção, querer prestar bastante atenção e saber por que prestar
bastante atenção. Sem essa condição atitudinal, o motorista corre o
risco de atropelar o pedestre sobre a faixa de segurança, uma vez que esse
local da via é destinado à sua passagem. O pedestre, consciente do risco de ser
atropelado, não pode se sentir dono da faixa de segurança, desatento em relação
ao fluxo de veículos. Outros meios para ordenar o trânsito são mais
impositivos, como a presença de agente de trânsito, semáforo, rotatória,
lombada eletrônica, quebra-molas etc. A faixa de segurança condiz melhor com
uma cidade educadora, deferência aos santiaguenses, sejam motoristas ou
pedestres. Dificilmente os primeiros farão por merecê-la, quando dirigem à
noite. O pessoal da balada não obedece à norma alguma. Ainda há quem, à luz
do Sol, não para na faixa de segurança, dando motivo para alguém dizer que ela
demarca o local mais perigoso. Há quem pare sobre a faixa, quem acelere ante a faixa (como num quilômetro de arrancada). Numa sociedade aberta, sempre haverá mal-educados.
Loucos inclusive.
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
PROJETO FILOSÓFICO
Nessa manhã me chegou um livro extraordinário: Reflexões autobiográficas, de Eric Voegelin. A leitura desse filósofo será importante para meu projeto filosófico.
A classificação de extraordinário não é apressada, como pode pensar o leitor crítico: há duas horas e meia estou debruçado sobre o livro, tendo lido vários capítulos, dentre os quais Ideologia, posturas políticas e publicações.
A classificação de extraordinário não é apressada, como pode pensar o leitor crítico: há duas horas e meia estou debruçado sobre o livro, tendo lido vários capítulos, dentre os quais Ideologia, posturas políticas e publicações.
O próximo livro a chegar com o mesmo objetivo é O ópio dos intelectuais, de Raymond Aron.
domingo, 18 de novembro de 2012
ROLIM EQUIVOCADO
Marcos Rolim, no Zero Hora de hoje, escreve que "há um espaço crescente para o fascismo no Brasil". Ele cita dois "fenômenos" que corroborariam com a sua tese: "a desmoralização da atividade política e a projeção pública do ideário de segmento preconceituoso e cínico das classes médias (que sonega impostos, viola as leis do trânsito, repudia o garantismo, as políticas de inclusão e os direitos humanos, despreza as minorias, aplaude a violência policial)" etc.
Lendo sua coluna, tenho a impressão de vivermos em países diferentes.
Ele denomina de "fascismo" o programa de reserva, o currículo oculto, o discurso não escrito, "de parte importante de nossas elites e do senso comum". Elite e senso comum não delimitam toda a sociedade brasileira, excluindo-se outra(s) parte(s) da elite e aqueles que se encontram aquém do senso comum? Tal exceção, em que se incluiria seu próprio partido (fica subentendido), é responsável por desenvolver a democracia no Brasil.
Ele vê "Ovo de Serpente", um perigo à democracia, na articulação de um novo partido político com o nome de ARENA. Qual o problema? Não convivemos com partidos alinhados com regimes políticos ditatoriais e antidemocráticos?
A "desmoralização da atividade política" é uma coisa ruim, segundo Rolim, cuja culpa ele atribui a um sujeito oculto que não os próprios políticos.
Rolim revela um preconceito contra as classes médias, com segmento que viola as leis do trânsito, por exemplo. Segmentos de todas as classes violam as leis do trânsito, basta que tenha um automóvel. Dos filhos de ricos empresários que saem para as baladas noturnas aos mais pobres, motoristas assalariados.
As ameaças à democracia emergem da crise do Estado e da sociedade como um todo. A corrupção e a criminalidade são mais nefastas à democracia que os males citados pelo colunista.
GAZA
GAZA NÃO GOZA
DE PAZ A
FAIXA
É GUIZA
QUE NÃO ACABA
SOB UM CÉU
DE FOGO
À GUISA
DE GAZA
Poema publicado em meu livro Vozes e vertentes, 2010. Guiza, com "z", significa pranto, lamentação. Guisa, com "s", significa maneira, modo. Gaza, que encerra o poema, significa gaze, fazenda fina e transparente de seda ou algodão.
POR QUE ESTUDAR FREUD?
Por que estudar Freud e os grandes pensadores dos dois últimos séculos?
Em primeiro lugar, porque passo a conhecer melhor a mim mesmo.
Em segundo, porque, conhecendo um pouco melhor a mim mesmo, passo a conhecer melhor o outro.
Na sequência, conhecendo-se melhor o homem, conhece-se a causa primeira dos fenômenos sociais.
sábado, 17 de novembro de 2012
FREUD SOCIÓLOGO E FILÓSOFO
FREUD foi, certamente, o pensador que expressou o maior número de verdades acerca do homem.
Sou freudiano desde 1982, quando o li pela primeira vez.
O que mais me atrai em Freud é justamente suas ideias sociológicas e filosóficas, não inteiramente aceitas pelos psicanalistas que o seguiram.
Coerente com essa posição, destaco os livros Totem e tabu, O futuro de uma ilusão e O mal-estar na cultura. Penso (sempre preferível a acho) ser impossível alguém ler esses ensaios de Freud e não gostar deles.
O livro A interpretação dos sonhos, fundamental para explicar a grande descoberta freudiana, o inconsciente, não me chama a atenção como os citados acima.
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
MARLENE E CAIO
Ao ler o livro Para sempre teu, Caio F., de Paula Dip, encontrei essa foto (pág. 458) em que o escritor aparece com a Marlene Bazana. Caio veio a Santiago em dezembro de 1995, para inauguração de sua foto na Galeria dos Escritores Santiaguenses. No dia 30 de dezembro, ele publicaria no Zero Hora a crônica A raiz do Pampa, em que relata sua viagem ao Passo da Guanxuma.
(Cometi um equívoco ao identificar a pessoa que cumprimenta o Caio como sendo Denise Flório. Tânia de Oliveira, minha irmã, assegurou-me que é Marlene Bazana, então secretária de Educação e Cultura de Santiago. Denise e Marlene são pessoas amigas, dóceis, certamente perdoarão meu equívoco.)
(Cometi um equívoco ao identificar a pessoa que cumprimenta o Caio como sendo Denise Flório. Tânia de Oliveira, minha irmã, assegurou-me que é Marlene Bazana, então secretária de Educação e Cultura de Santiago. Denise e Marlene são pessoas amigas, dóceis, certamente perdoarão meu equívoco.)
ESTADO-SOCIEDADE EM CRISE
A violência praticada pelo crime organizado prova que a sociedade civil está em crise. A violência praticada por policiais prova que o Estado está em crise.
Dicotômica ou dialética, a relação entre sociedade civil e Estado também está em crise.
Desde sua independência político-administrativa, o Estado brasileiro, restrito, segundo a classificação gramsciana, dominou a sociedade com mãos de ferro.
Nos anos oitenta, o ideal democrático se tornou realidade, a partir da abertura e da Carta Magna. O Estado ganha um novo significado na consciência do cidadão, ampliando-se, estreitando sua relação com a sociedade civil.
O casamento, que seria feliz no plano ideal, todavia, logo começa a apresentar muitos defeitos, entre os quais a corrupção na organização política e a libertinagem na organização social.
A situação atual permite dizer que o Estado não se mantém sem suas práticas totalitárias e, tampouco a sociedade sabe manter-se livre da coerção.
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
(a)mar(é)
"a" anteposto
faz o mar
maior
amar é
mar
imenso
"é" posposto
faz o mar
maior
a maré
mar
imenso
faz o mar
maior
amar é
mar
imenso
"é" posposto
faz o mar
maior
a maré
mar
imenso
ARMADILHA DAS TAXAS DE JURO
Uma parcela
significativa da sociedade brasileira encontra-se endividada, presa a um, dois
ou três empréstimos. A maioria dos devedores financiou a compra de carro novo.
Eis o fato social (ou econômico). Toda dívida é bem comparada a uma bola de
neve montanha abaixo. Esse fenômeno não pertence ao nosso contexto geográfico,
mas constitui uma das figuras para representar o enrosco em que se envolve o endividado.
Às vezes, ele é obrigado a pedir um segundo empréstimo para pagar o anterior.
Bola de neve, avalanche, areia movediça... O gaúcho fala em atoleiro: Fulano de
está atolado. Ouvindo a conversa de quem assim se encontra, pensando nas causas
que o levaram à situação indesejável, chego a esta conclusão: há uma armadilha
discursiva, preparada pelas instituições financeiras, para pegar os incautos,
que caem ingenuamente (motivados pela expectativa de comprar um carro zero). A
armadilha denomina-se taxas de
juro. Hoje, por exemplo, o juro para financiamento de veículos é a
seguinte: no Banco A é de 0,97%; no Banco B, de 0,95%; e no Banco C, de 0,89%.
O futuro endividado, com margem consignável, decide fazer um empréstimo no
Banco C, uma vez que é a menor taxa. A impressão que tenho é que ele não
considera a prestação líquida e certa que lhe será descontada doravante, todos
os meses. Qual a diferença entre pagar 0,89% e 0,95% de 1.000 reais, por
exemplo? Os 1.000 reais serão descontados mensalmente de seu vencimento, mais
as taxas de 0,89% (se o empréstimo foi realizado no Banco C) ou 0,95% (se no
Banco B). Somam-se IOF e TAC. O problema de endividamento são os 1.000 reais,
independentemente das taxas (8,90 no Banco C ou 9,50 no Banco B, cuja diferença
fica na casa dos centavos).
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
LITERATURA ÓTIMA
Há alguns minutos, concluí a leitura do último romance de João Gilberto Noll. Na classificação de Massaud Moisés, quanto ao número e encadeamento das células dramáticas, Solidão continental melhor se classifica como novela. Noutros aspectos, sobretudo quanto à profundidade psicológica de seu narrador-personagem, o livro é um romance.
Literatura ótima!
(O outro extremo da literatura ótima é a literatura ruim, esta sequer constitui o corpus da literatura que caracteriza uma época. Paulo Coelho pode vender milhões, mas não figurará ao lado de Noll, Caio Abreu, Rubem Fonseca, Nejar, Ferreira Gullar...)
(O outro extremo da literatura ótima é a literatura ruim, esta sequer constitui o corpus da literatura que caracteriza uma época. Paulo Coelho pode vender milhões, mas não figurará ao lado de Noll, Caio Abreu, Rubem Fonseca, Nejar, Ferreira Gullar...)
RECOMENDO
Aos que confiam demasiadamente em si mesmos, recomendo a leitura de Auto-engano (autoengano),de Eduardo Gianetti.
Transcrevo o excerto abaixo, como prova para justificar minha indicação de leitura:
“Vivemos, de modo indeclinável, imersos em subjetividade. As perguntas
fundamentais do auto-conhecimento – quem sou? O que realmente desejo? O
que devo fazer da minha vida? Qual o sentido de tudo isso? – estão fora
do escopo e do projeto constitutivo da ciência. Imaginar que ela será
algum dia capaz de atender a nossa demanda de auto-conhecimento,
valores e inteligibilidade é como esperar que um transmissor de fax
interprete o sentido de um texto".
Comprei e li esse livro em 1997, ano de sua publicação.
Hoje estou lendo o romance Solidão continental, de João Gilberto Noll.
domingo, 11 de novembro de 2012
PATO(TÔ)
Ontem fui ao circo, porque ir ao circo em Santiago já constitui uma representação social, isto é, um consenso popular. Depois de uma prova com duração de quatro horas, abarcando Psicologia Social e Sociologia, decidi ir ao circo. Muito caro o ingresso (30,00). O show começou com Patati-Patatá. À frente do Palácio da Fantasia, pouco importava ali se eram eles os autênticos Patati-Patatá. Neste aspecto, abri mão da minha racionalidade (coisa rara de acontecer). Certamente, eles não eram os caras do SBT, programa que nunca assisti na televisão. Propaganda enganosa? Sim, mas não para ser levada a sério. Vive-se de autoengano também. O que fizeram no palco foi cantar com o público ao longo de uma hora (mais entediante impossível). As crianças de até 5 anos adoraram. De tanto que repetiam Patati-Patatá, quase me senti um pato(tô). Na segunda parte, o show mudou de figura: uma contorcionista, um equilibrista, uma dançarina nas alturas, um palhaço para todas as idades (Mexicano) e uma imitação de Carlito. O apresentador falou de um blog santiaguense que questionou sobre a identidade de Patati-Patatá. Outro apresentador tentava um sotaque espanhol, num portunhol ridículo. Hoje é o último espetáculo com Patati-Patatá, pato(tô).
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
FEIRA DO PRODUTOR
Hoje fui à Feira do Produtor. O mel acabara, precisava comprá-lo outra vez. A oferta é diversificada, de primeira qualidade. O mel produzido aqui (eixo Betânia - Cerca de Pedras - Vila Branca) é muito mais delicioso que o mel de Pinhal (a capital desse produto). Para aproveitar a viagem, comprei pão caseiro. Nada que se compara ao pão que a mãe fazia no Rincão dos Machado. Mel, pão... Ovos crioulos, queijo, queijo-de-porco, rúcula. Rúcula para sábado e domingo. Duvido que alguém goste mais de Eruca sativa, da família das crucíferas. Ordem necessária para temperá-la: sal, gotas de vinagre ou limão e azeite de oliva. Antes de colocar o azeite, convém escorrer o excesso de líquido. Não encontrei peixe e figada na feira. Em compensação, reencontrei muitas pessoas conhecidas, entre as quais seu Otelo Ribeiro, dr Disconzi, dr Cogo, os próprios feirantes. Na feira, não há distinção de classes (no sentido marxista). Fazendeiros e pequenos agricultores, doutores e enfermeiros, coronéis e soldados, professores e alunos, industriais e empregados, como sujeitos numa relação de unidade social. Todos a comprar os mesmos produtos. Outra reflexão de cunho sociológico que a feira pode suscitar: algumas pessoas que residem na cidade, mas oriundas do campo, vão ali em busca de um cadinho terrunho que pertence ao passado, seu sítio na serra, seu minifúndio. O gosto da terra está presente naqueles produtos (que um dia também cultivaram). A lembrança de um modo de vida que marcou profundamente corpo e alma. Reflexão que beira a poesia. O conhecimento beira a poesia. Por isso leio Nietzsche.
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
NENHUM GALO
não há um galo que cante
às quatro da madrugada;
não há um galo que cante
às cinco, às seis para q'outro
responda às cinco e um minuto,
às seis e dois da manhã;
não há um galo que cante
como se fosse subúrbio,
como se fosse campanha;
às quatro da madrugada;
não há um galo que cante
às cinco, às seis para q'outro
responda às cinco e um minuto,
às seis e dois da manhã;
não há um galo que cante
como se fosse subúrbio,
como se fosse campanha;
no centro desta cidade,
ouvem-se gritos, freadas,
cachorros, gatos, sabiás,
orgasmos (no condomínio);
nenhum galo, todavia,
que cante de madrugada
e faça mais claro o dia
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
SENSACIONALISMO
Já me expressei mais de uma vez sobre o sensacionalismo que, expandindo-se dos meios de comunicação, invade o campo das hipóteses científicas. É lamentável que passou a ter seguidores dessa nova modalidade de (a)parecer entre os cientistas (até há pouco tempo tidos como pessoas sérias).
O imagem acima (sensacionalista, diga-se de passagem) copiei de uma revista, cuja reportagem pergunta "Como surgiu a água na Terra?".
"A explicação mais aceita atualmente", informa a seção de ciência, defende que cometas e asteroides - que têm água em sua constituição - bombardearam nosso planeta e deixaram esse elemento na sua superfície."
(Elemento? Aprendi que a água é uma substância.)
Na época em que rebaixaram Plutão, se não me falha a memória, escrevi sobre o SENSACIONALISMO que, expandindo-se dos meios de comunicação...
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
domingo, 4 de novembro de 2012
AS ÁRVORES NA BR
Transcrevo abaixo o publicado na última edição do Expresso Ilustrado, produzido por Oraides Floriano Maciel para a coluna DO LEITOR:
"Sou filha de um ex-funcionário do Daer, o qual tinha muito orgulho de levantar cedo e, acompanhado de seus colegas, ir plantar as tais árvores na BR 287. Ele dizia, com orgulho, que o trajeto de Santiago a Jaguari ficaria lindo. Onde meu pai estiver, deve estar triste (como eu estou), de quererem destruir o que eles plantaram com amor. Que culpa as árvores têm se uma pessoa apressada entra no carro, pisa no acelerador e não mede as consequências?
"Dia desses, viajei com meu marido e não íamos mais do que 90 km, apreciando a paisagem. Enquanto que os apressados buzinavam, xingavam para sairmos da frente. Presenciei várias ultrapassagens perigosíssimas nas curvas. Agora, digam, quem é o culpado? Se cortar as árvores vão culpar o que pelos acidentes: os buracos ou os penhascos? Não seria melhor que os motoristas se tornassem conscientes?".
Este blogueiro poderia encerrar a postagem com o chavão mais eloquente do discurso: sem comentário. Mas uma das perguntas feitas por Oraides me provoca: "Não seria melhor que os motoristas se tornassem conscientes?".
Ano passado falei num seminário de trânsito da URI, no qual tentei responder essa pergunta. A volúpia da velocidade, a raiva (são duas coisas citadas acima) e tantas outras paixões têm origem naquilo que Freud denominou em 1915 de "pulsões do Eu". A consciência é algo muito frágil, recente, incompleto. O que me leva a escrever, por exemplo, no fundo, é estímulo pulsional. No motorista que corre, idem.
Há uma placa de velocidade máxima permitida, o indivíduo a vê, é consciente do que ela significa, sabe tratar-se de uma lei que necessita obedecer (moral), sabe que se deslocando à velocidade determinada estará seguro (ética), assim mesmo ultrapassa a velocidade máxima permitida. Por quê?
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
CRÍTICA AO CATOLICISMO
Fui batizado, crismado, casado como católico. Com a Filosofia, a Psicanálise, a História Natural (especialmente a evolução), converti-me ao ateísmo.
A única religião que conheço profundamente é a católica, por isso posso me referir a ela sem receio de cometer equívoco.
Há algo no catolicismo que não suporto: sua fácil propensão ao misticismo. A Igreja Católica, como organização religiosa, adequou-se a muitas crenças e ritos pagãos com o fito de conquistar novos seguidores (como os africanos escravizados). Isso é doutrina.
Os evangélicos não pecam por essa promiscuidade, que atenta contra o espírito cristão. Há uma coerência em seguir somente a Cristo. Há uma ética cristã (que é aviltada por alguns pastores hipócritas).
Os católicos são frouxos, deixam-se levar por qualquer superstição, santificam até assassinos (como é o caso do Russo). Acreditam mais facilmente nos santos que no próprio Cristo.
Não tenho dúvida de que a religião a que pertenci está com os séculos contados.
DIA DE FINADOS
os mortos
acontecem
toda hora,
a memória
dos vivos,
no entanto, reserva-lhes
uma fragrância de flores
murchas, velas acesas,
um ponto no calendário,
uma triste
lembrança
embaçada
pelo tempo,
um retrato
esmaecido
na parede,
pouco mais
e o olvido
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
MURO ENTRE RICOS E POBRES
Fernando Haddad, eleito à prefeitura de São Paulo, promete derribar o muro que separa ricos e pobres. Como ele fará isso? Com uma revolução do tipo da efetivada pelo soviete supremo na Rússia? Todo assistencialismo não será suficiente para abrir uma fenda estreita nesse muro haddadiano. Entre ricos e pobres, encontra-se a maioria dos brasileiros, chamada de classe média. Se ela não é o muro a ser derrubado, certamente cairá sobre si os escombros da futura proeza de Haddad. A propósito, consegue o prefeito de um município provocar transformação de tamanho alcance político? Não (re)fundaria ele uma nova Cidade-Estado? Sua gestão de apenas quatro anos, o que é certo, não poderá se caracterizar pela incompetência já provada à frente do Ministério da Educação. Os paulistanos se decepcionariam amargamente com a opção que fizeram de última hora.
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