sábado, 29 de setembro de 2012

ATÉ QUE ENFIM!

A escolha do  tatu-bola para mascote da Copa do Mundo de Futebol foi horrível. Os três nomes submetidos à escolha (Fuleco, Zuzeco ou Amijubi) são horríveis. Já havia pensado num contraponto, não o fazendo por achar o assunto muito aquém das minhas postagens. A solidão causada pelo contraponto não é problema para mim, já me adaptei a esse estado.  
Leio no caderno Cultura do Zero Hora de hoje um excelente artigo do psicanalista Mário Corso, que me faz exclamar "até que enfim!". Não estou mais sozinho. 
O título pergunta: "Tatu-bola ou jequice-tatu?".
"Imagine que você seja um publicitário e precisa criar uma marca. Seu cliente dispõe de um cardápio rico, mas escolhe como símbolo algo que entre o dia e a noite, prefere a noite; entre o céu e a terra, escolhe o subsolo; entre as cores vivas, opta por um monocromático pastel; em vez de um barulho vivaz, escolhe o silêncio." 
Para o articulista, "Os argumentos pela escolha são frágeis. O tatu é um animal em extinção, é verdade, mas ele e quantos mais? Ele representa o cerrado e a caatinga, OK, mas essas regiões não espelham o Brasil no imaginário mundial. Para fora, nosso país é selva e mar". "
O tatu-bola não está na relação de animais impressos nas cédulas do nosso dinheiro. "A tentação para um psicanalista é interpretar esse tatu como um ato falho."
"É a segunda bola fora no quesito imagem e propaganda. O símbolo da Copa, aquelas mãos em verde e amarelo tampouco está à altura do que podemos fazer."
Concordo com todos os enunciados do articulista. Arrisco ir um pouco mais longo: a eleição do tatu-bola, mais que o possível trocadilho, baseou-se na ideia de exportar uma imagem ecológica que o Brasil não tem. 
Mais importante que reverenciar um animal em extinção é compreender as causas dessa extinção, cujo sujeito é o próprio reverenciador. 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

BLOGOSFERA EM DECLÍNIO

Nossa blogosfera se encontra-se em declínio. Não com a mesma rapidez com que se constituiu hipertextualmente, mas de uma forma inexorável e triste. 
Há pouco, acessei 62 blogs lincados em meu Contra., constatando o seguinte:
-  25 em atividade (40,3%);
- 37 desatualizados, abandonados, não encontrados ou removidos (59,6%). 
Considerei desatualizados os blogs que não postam há mais de um mês.
Entre as causas desse fenômeno digital, penso que pode ser incluída a falta de interação, o que não ocorre, por exemplo, no Facebook.  

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

SOCIOLOGIA

A Sociologia é a primeira matéria que estudo no curso de Filosofia que inicio dia 1º de outubro. Desde segunda-feira, leio, ilumino, anoto sobre o livro de Sociologia. Este se divide em seis unidades: 
- Sociologia: conceito e objeto;
- Durkheim e a sociologia;
- Pensamento sociológico de Marx;
- Weber e a socialização;
- Sociologia e sociedade;
- Temas de Sociologia e cotidiano. 
Ao final de cada unidade, devo elaborar um texto-síntese para expressar meus conhecimentos. Em seguida, as atividades de autoavaliação, todas exigindo um texto como resposta. 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

PRIMEIRA FAVELA


Ainda que eu peque pelo exagero, arrisco dizer que os brasileiros somos incapazes de contar a verdadeira história de tudo o que aconteceu desde o descobrimento aos últimos grandes fatos nacionais. Não há historiador que se caracterize inteiramente pela imparcialidade, sem o mínimo viés ideológico, sem a mínima interferência de sua personalidade. Euclides da Cunha, por mais meticuloso observador que possa parecer, não conta fidedignamente a história de Canudos. 
Por falar em Canudos, a foto acima mostra "a primeira favela do Rio de Janeiro, no início do século XX. No morro da Providência, atrás do Ministério da Guerra, veteranos de Canudos acamparam, aguardando a prometida gratificação. Chamaram o acampamento de Favela, o nome do morro onde havia lutado em Canudos". Quem escreve isso, coisa que poucos brasileiros sabem, é Frank D. McCann, em seu livro Soldados da Pátria. McCann é professor de história da Universidade de New Hampshire. 


GRANDE FERREIRA GULLAR!

Nas páginas amarelas, VEJA entrevista Ferreira Gullar. O poeta não fala apenas de poesia, mas de política. Perguntado sobre como se desiludiu com a utopia comunista, respondeu:
"Não houve nenhum fato determinado. Nenhuma decepção específica. Foi uma questão de reflexão, de experiência de vida, de as coisas irem acontencendo, não só comigo, mas no contexto internacional. [...] O socialismo fracassou. [...] A derrocada do socialismo não se deu ao cabo de alguma grande guerra. O fracasso do sistema foi interno. [...] Não tenho dúvida nenhuma de que o socialismo acabou, só alguns malucos insistem no contrário". 
Instado a falar sobre Cuba, expressa a pura verdade:
"Não posso defender um regime sob o qual eu não gostaria de viver. Não posso admirar um país do qual eu não possa sair na hora que quiser. Não dá para defender um regime em que não se posssa publicar um livro sem pedir permissão ao governo. Apesar disso, há uma porção de intelectuais brasileiros que defendem Cuba, mas, obviamente, não querem viver lá de jeito nenhum. É difícil para as pessoas reconhecer que estavam erradas, que passaram a vida toda pregando uma coisa que nunca deu certo". 
Sobre o governo de Dilma Rousseff, o poeta expressa o "mas" mais óbvio da nossa política:
"Dilma é uma mulher honesta, não rouba, não tem a característica da demagogia. Mas ela foi posta no poder pelo Lula. Assim, não tem autoridade moral para dizer não a ele". 
A nomeação da Marta Suplicy para o Ministério da Cultura é a prova dessa interferência nefasta de Lula (para socorrer seu amigo Haddad).
Gullar prossegue em seu discurso verdadeiro, respondendo à pergunta "O senhor condena quem pegou em armas para lutar contra o regime militar?":
"Quem aderiu à luta armada foram pessoas generosas, íntegras, tanto que algumas sacrificaram sua vida. Mas por um equívoco". 
Grande Ferreira Gullar!

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

ETERNO RETORNO


O tempo (Cronos) é implacável: os grisalhos e as rugas me colocam no outono definitivamente. Isso não significa, no entanto, que deixei de esperar a primavera com uma alegria sempre renovada. Tal expectativa é parte de um estado interior, atemporal, que me faz de todas as idades. Neste 22 de setembro, Perséfone retornou do mundo subterrâneo para os braços saudosos de Deméter, sua mãe. Os campos cobertos de gelo, sejam da mítica Hélade, sejam das extensões reais do nosso dia a dia, de repente se revestem de flores multicoloridas. Os pássaros, as borboletas e os sonhos ganham asas outra vez, contra o céu claro de manhãs mais azuis. Não há como permanecer insensível a essa experiência de eterno retorno. Comigo não é diferente desde os verdes anos, quando percorria os bosques e matas no Rincão dos Machado (à margem esquerda do rio Rosário). O perfume de uma flor também chamada primavera, exalado com uma agradabilíssima intensidade, contrastava com o restante da natureza. Esse perfume se impregnou em minha memória sinestésica, reativado todo ano com a chegada da Primavera. Em nossa cidade, a mais esperada das estações manda seus arautos na frente, no florescimento dos ipês (nas ruas), dos cinamomos e pessegueiros (nos quintais), e nos corações das pessoas que não perderam a capacidade de sonhar. Isso não é discurso barato, tão comum nas mensagens publicadas nas redes sociais. Um coração pode estar enrijecido pelo frio que o cerca em longas invernias, mas guarda o fogo interior que o faz reagir, estimulado por uma nova paixão, por um novo ciclo, por uma nova primavera. 
(Publicado na última edição do Expresso Ilustrado.)

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

NEBULOSA HÉLICE




A Nebulosa Hélice é a nebulosa planetária mais próxima do Sol, entre 600 e 700 anos-luz. É chamada Nebulosa Hélice porque, vista da Terra, os gases expulsos dão a impressão de formar uma hélice. Na realidade, a nebulosa não tem as cores acima, representando apenas intensidade e brilho. A divisão nas figuras 1 e 2 revela representações diferentes para a mesma nebulosa. Composta por dois discos gasosos, cujos diâmetros têm cerca de 1,5 ano-luz, mas aparenta metade do diâmetro da lua cheia. Seu halo externo tem o dobro da extensão dos anéis principais. A estrela agonizante no centro da nebulosa está destinada a se tornar uma anã branca, e, enquanto estiver consumindo toda a sua energia, continuará a expelir matéria para o meio estelar. A Nebulosa Hélice é um exemplo dramático do estágio final que estrelas como o Sol experimentarão antes de seu colapso. Foi descoberta pelo astrônomo alemão Karl Ludwig Harding em 1824 e, graças ao seu tamanho e proximidade, foi extensivamente estudada e fotografada. 
(Dados retirados da Enciclopédia Ilustrada do Universo.)

Imagens detalhadas da borda interna do anel circundando a estrela central revelaram "gotículas" de gás mais frio, com o dobro do diâmetro do Sistema Solar irradiando para fora por bilhões de quilômetros. A ilustração imediatamente acima desfigura o "olho", não é mesmo?! Cada "girino" desses, não custa repetir, é maior que o Sistema Solar.
A ilustração abaixo é outro exemplo de nebulosa, que vista da Terra se parece com algum objeto do nosso conhecimento. No caso, a Nebulosa do Anel.



Esta postagem é um contraponto ao misticismo do senso comum.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

VEGETARIANO

Em 1988, seguindo o exemplo de um colega de trabalho, adversário de xadrez, que não consumia qualquer tipo de carne, vivi uma dieta vegetariana por seis meses. Meu amigo não comia carne por uma questão ética.

REFLEXÕES DE UM CARNÍVORO


O cavalo não recebe do homem a mesma atenção dispensada a cão e gato. 
Esse enunciado pode parecer um absurdo, observando-se o que ocorre no Dia do Gaúcho. Parece absurdo, mas não é. Excepcionalmente, por ocasião do desfile, o cavalo ganha mais destaque que o cavaleiro montado sobre ele. Em garbosidade, em vigor. 
Todavia, tais qualidades têm o mérito do dono. Muito do cavalo se deve ao homem, desde sua domesticação (há mais de 5000 anos). A doçura que vemos nos olhos do animal é o resultado de um sofrimento infringido a ele desde o processo da doma. Com a intervenção na genética, visando melhorias nas diferentes variedades, o equino de hoje está muito distante do ancestral selvagem. 
Não poderia ser diferente. Não fosse útil ao homem (e seu tamanho contribuiu para que fosse obviamente), o cavalo selvagem estaria correndo risco de extinção nestes tempos. 
A utilidade do bicho é a chave de sua perpetuação no tempo e no espaço. Algo bem distinto em relação a cão e gato. 
A adoração nestes dias a essas duas espécies é qualquer coisa que a psicologia ainda não conseguiu explicar. Com isso, designo o modus vivendi das cidades, onde cães e gatos não têm mais a função de auxiliar o homem. 
Ninguém vende cão e gato para o frigorífico, uma vez que pertencem àquelas raras espécies dispensadas de participar do cardápio humano, preponderantemente carnívoro. Falo com base na cultura ocidental. Cão e gato morrem de velhos, diferentes do cavalo. 
Antes que me confundam, não gosto de animal algum. Seria um hipócrita perfeito se afirmasse o contrário. Sou conivente com o pior dos maus tratos praticados pelo homem contra o animal: a morte deliberada. 
(Confesso que não foi a leitura de Peter Singer que me forçou a reconhecer isso.) 

HEIDEGGER

"Todo questionamento é uma procura. Toda procura retira do procurado sua direção prévia."
Ser e Tempo, Martin Heidegger.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

OBRA DOS MILITARES


Ao revirar documentos antigos na Fiscalização do QG, encontramos a edição nº 1097 do jornal santiaguense O POPULAR, datada de 25 de fevereiro de 1961. A notícia acima, impressa na capa, dava conta da instalação do escritório militar que presidiu a construção da nossa barragem. 
Os militares também fizeram a linha telefônica entre Santiago e São Vicente (quando a denominação deste município era General Vargas). O asfalto também (no governo de Emílio Garrastazu Médici). 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

HOMEM DE FERRO

O Bianchini consegue trabalhar muito bem a imagem que lhe propiciou a midia de "homem de ferro". Isso é inegável. Numa época em a sensibilidade e a leveza parecem dominar corações e mentes, o homem se veste de ferro, como um dos super-heróis dos Quadrinhos. Isso me faz pensar na grande dicotomia entre ideal e realidade. Noutras palavras, a sensibilidade e a leveza constituem um embuste da sociedade cada vez mais insensível e pesada. Nesse caso, sensibilidade e leveza não passariam de idealização? Ou o homem, chamado Miguel Bianchini, agora candidato a representar um segmento dessa sociedade, esconde por traz da ideia de rusticidade e força um coração puro, dócil, o que realmente a sociedade não tem? A estratégia é muito boa, podendo render muitos votos ao candidato. 

"LULA ERA O CHEFE"

Fico indignado cada vez mais com o discurso lulista que tenta camuflar a fundamentação política do mensalão. Começa com o próprio Lula, o qual sustenta que o mensalão não existiu - mote para seus adoradores.
O depoimento de Marcos Valério é a pura expressão da verdade: "Lula era o chefe" - porque era o chefe de José Dirceu. A propósito, o então ministro desmentira o então presidente: "Tudo que eu faço é do conhecimento de Lula".
Uma coisa que não entendo é como pessoas inteligentes defendem Lula, Dirceu e todos os comparsas de um governo que instituiu a antiética. 
Silogisticamente, essas pessoas são antiéticas. Até hoje, são maioria. 
Desde já, todavia, vejo amigos e parentes abandonando o partido que dá amparo à corrupção, ao crime. 
Por muito muito muito menos, Color de Melo sofreu o impeachment.

HIPOCRISIA (OU CONTRADIÇÃO?)

À exceção dos vegetarianos, todos  os que cuidam de cães e gatos são obviamente hipócritas, uma vez que suas predileções recaem sobre duas espécies preservadas do abate para alimentação humana.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

DOIS GRANDES LIVROS


Ontem recebi o livro da ilustração acima. Seu autor é Thomas Kuhn, historiador da ciência e físico norte-americano, que o publicou em 1962 para dizer que Karl Popper estava errado a respeito da história dos avanços científicos. Já li a introdução: Um papel para a História.
Outro livro deverá chegar até sexta-feira: A lógica da pesquisa científica, de Karl Popper.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

SUPERINTERESSANTE

A revista Super deste mês traz uma matéria interessante: "25 coisas que estão escondendo de você".
"O dinheiro que você ganha. A comida que come. A água que bebe. As coisas que compra. Atrás de tudo isso existe um arsenal de segredos - que as empresas e os governos do mundo preferem que você não conheça. Chegou a hora de desvendá-los."
1- Você só recebe 7 meses de salário por ano;
2- Comer pão torrado é perigoso;
3- Coca e pepsi contêm um ingrediente polêmico;
4- Há pedaços de inseto na sua comida;
5- O chocolate corre o risco de extinção;
6- Quanto mais religioso você é, menos age por compaixão;
7- Madonna não canta, dubla (e vários outros artistas também);
8- Um terço dos cientistas mente;
9- O salmão que você come nem sempre é salmão;
10- A Rússia tem 42 cidades secretas;
11-A carne de boi é feita com cocô (EUA);
12- Impressora a laser polui o ar;
13- É seguro usar o celular no avião;
14- O iphone tem data para pifar;
15- O iphone grava os lugares onde você esteve;
16-Existe lixo radioativo em São Paulo;
17-Os EUA possuem vírus que podem devastar o mundo;
18- Vitamina aumenta risco de câncer em fumantes;
19- Adoçante artificial engorda mais que açúcar;
20- Soja pode causar infertilidade;
21- Os médicos não lavam as mãos;
22- Os remédios na água que você bebe;
23- Existe uma máquina que controla a atmosfera;
24- O FAcebook deixa você menos feliz;
25- Fazer exercício não é a maneira mais eficaz de emagrecer.

domingo, 9 de setembro de 2012

MICHEL ONFRAY

ESSE É O CARA. Autor de o Tratado de Ateologia, Onfray é o filósofo francês mais lido na atualidade. Ele criou em 2002 a Universidade Popular de Caen, cujo objetivo é "ser uma casa de ensino heterodoxo". Segundo o pensador, "a ideia é promover o retorno às raízes do humanismo ocidental". 
O último número da revista Filosofia publica uma entrevista com Onfray, com a seguinte manchete: "Contra o pensamento dominante".
Ultimamente, sua produção baseia-se numa "contra-história" da Filosofia, isto é, num resgate daqueles pensadores que foram derrotados pela filosofia dominante. Para Onfray, "Há uma história escrita há mais de mil anos pelos vencedores que, na Europa, desde a conversão do Império Romano à nova religião pelo Imperador Constantino, são os cristãos". 
A exceção de Nietzsche, quem expressou essa verdade?
"Os vencedores deram destaque a todas as filosofias que se parecem com o cristianismo, ou que são compatíveis com ele: o platonismo, o estoicismo ou o aristotelismo combinam bem com os interesses dos vencedores, assim como os espiritualistas, os deístas, os teístas, os dualistas ou múltiplos e diversos crentes. Em contraste, os materialistas, os atomistas, os ateus, os sensualistas, os empiricistas e os anarquistas não combinam com os 'oficiais'. 
Entre os esquecidos, Onfray inclui os socialistas utópicos destruídos pelo triunfo do marxismo, "que é uma filosofia idealista emblemática". 
Nietzschiano, Onfray critica os próprios filósofos: 
"Eu não me sirvo dos filósofos, eu os sirvo explicando o que eles realmente disseram, escreveram, publicaram. Para alguns, esse exercício é terrível, porque, sob a lenda, descobrimos um pensamento mal entendido, às vezes em desacordo com a reputação. Eu acabo de concluir um curso sobre Beauvoir e Sartre no que a lenda de resistentes antifascistas se quebra sob a verdade histórica: Sartre escrevia na Comoedia, uma revista colaboracionista em 1941 e 1944, e Beauvoir, em 1944, trabalhava na Rdio-Vichy, uma rádio também colaboracionista".
"Na filosofia dominante, a realidade é menos importante do que a ideia."
Perguntado qual seria o maior problema da Filosofia, responde que é o idealismo. Outro problema consiste "a dupla armadilha da ilegibilidade e da banalização da Filosofia sob o pretexto de democratizá-la".
Nessa mesma resposta, acrescenta "não descer a Filosofia até o público, mas elevar o público até a Filosofia".
Penso exatamente dessa forma em relação à poesia, por exemplo. 
Sobre a Filosofia ser uma ferramenta, Onfray conclui: 
"Durante quase dez séculos, dos pré-socráticos a Boécio, a Filosofia é tida como inseparável da vida filosófica: não se filosofa para brincar com conceitos, escrever livros, ministrar cursos, glosar e comentar escritos, mas para converter a uma outra vida".

BRASILEIROS E GAÚCHOS

Os gaúchos somos duplamente patriotas: comemoramos o Sete de Setembro, a Pátria que se tornou independente em 1822; e comemoramos o Vinte de Setembro, a Revolução Farroupilha que pretendia tornar independente nosso Estado em 1835. Para os demais brasileiros, essa duplicidade é paradoxal, ambígua, descabida. Não o é para nós. Por isso, cantamos o Hino Rio-Grandense com a mesma empolgação do Hino Nacional. Por isso, fazemos tremular ao lado da Bandeira Nacional a bandeira do Rio Grande do Sul. Por isso, o número de pessoas que acorre à avenida no dia 20 não fica aquém do que assistiu ao desfile no dia 7. Os gaúchos temos uma história que justifica o excesso de patriotismo, mescla de realidade e utopia. 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

DESFILE DE SETE DE SETEMBRO

O desfile sempre começa com os militares, a pé, motorizados ou a cavalo. Todos os quartéis de Santiago, mais as representações da AMAN, da EsSA, Colégio Militar de Santa Maria, DTCEA e polícias. Este ano, excepcionalmente, veio um grupamento do exército argentino, pertencente à Brigada Monte XII, da Província de Misiones. Em seguida, muito lentamente (parando, inclusive), passa na avenida as escolas, clubes e outras instituições culturais. Em 35 minutos, os militares passaram em frente ao palanque das autoridades. Esse tempo foi gasto por uma escola apenas. A demora, devido ao passo miúdo de alunos e professores, mais a evolução das bandas em frente ao palanque, mais a distância entre uma escola e outra, constitui o ponto negativo do desfile. Na primeira reunião que houve na Estação do Conhecimento para tratar da Semana da Pátria, toquei no assunto, preocupado com o atraso. Mas de nada adiantou. O atraso virou hábito, de algumas escolas semelhante ao da noiva no dia de seu casamento. 
Entre as soluções radicais, antecipar o início do desfile não me parece a melhor. O público assistente só comparece em torno das 9 horas. Hábito também. Na reunião acima citada, alguém sugeriu que se mudasse o desfile para a tarde, a exemplo de outras cidades. Penso que ainda é cedo para tal mudança. No próximo ano, deverá ser disponibilizada uma equipe de fiscais (constituída com integrantes das escolas), para agilizar o deslocamento e evitar as distâncias ao longo da avenida.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

CONTRAPONTOS DE PONDÉ II

"Professores normalmente não gostam de ler ou de estudar, mas dizem que esse pecado é apenas dos alunos. Há um enorme sofrimento na maioria dos professores porque têm de fingir o tempo todo que acreditam na importância do que fazem. A maioria sucumbe.
"A universidade é tomada por pessoas de personalidade insegura e medíocre que se escandem atrás de teorias consagradas a fim de garantir seu espaço 'intelectual' nas instituições do conhecimento. 
"... mediocridade enturmada que caracteriza a vida intelectual e acadêmica. Nada há de se esperar da universidade.
"Outro tipo mentiroso e politicamente correto é o 'artista'. As artes plásticas contemporâneas ajudam muito para isso, na medida em que gente que não sabe desenhar pode ser artista figurativo.
"O feminismo só conhece homens ruins, e seus efeitos só se abatem sobre os homens bons.
"O maior inimigo de Deus são seus crentes fervorosos. Como dizia o filósofo alemão Heine no século 19: 'Só se é traído pelos seus'.
"Recentemente (em 2011) o mundo árabe passou pelo que as cheerleaders da esquerda (os intelectuais que babam em cima de tudo que lhes parece antiamericano) gostam de chamar 'primavera árabe'.
"A hipocrisia sempre foi a substância da moral política.
"Independentemente do fato de que ditaduras não horríveis, a brasileira não liquidou a esquerda como se fala por aí. E mesmo os tais guerrilheiros lutavam por uma outra forma de ditadura. Tivesse a guerrilha de esquerda vencido a batalha, nós acordaríamos numa grande Cuba. A ditadura, de certa forma, nos salvou do pior.
"Certa feita perguntaram a um astronauta americano que esteve na Lua o que ele achava das teorias conspiratórias segundo as quais o homem não teria ido à Lua. Ele respondeu que existem pessoas que se levam muito a sério. Nada pior do que essas pessoas que não sabem nada, mas não sabem que não sabem nada."
(Do livro Guia politicamente incorreto da Filosofia, de Luiz F Pondé.)

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

DA INIMIZADE

Muito se fala bem da amizade, que uma parte considerável do que se fala não passa de ideal, jamais sendo a descrição de uma realidade, de uma relação e(a)fetiva.  Entre os grandes intelectos são conhecidos os casos de amizade, óbvios entre mestre e discípulo. Também são famosas as inimizades, que toda a evolução intelectual de seus envolvidos não foi capaz de superá-las. Cito apenas dois exemplos: Rousseau versus Voltaire; e William James versus Jorge Santayana. Rousseau teve a infeliz ideia de enviar seu "Discurso sobre a desigualdade" a Voltaire. Nesse segundo ensaio, Rousseau escrevera "o homem é naturalmente bom e que só devido às instituições é que se torna mau", "...a Europa é o mais infeliz dos continentes, porque tem mais cereais e mais ferro", ".. para desfazer o mal, só é necessário abandonar a civilização". Com essas e outras, deixou quicando para Voltaire: "Lendo seu livro, tem-se vontade de andar com quatro patas". A divergência se acirrou a partir do terremoto de Lisboa, em 1755, quando Voltaire escreveu um poema duvidando da boa providência divina. Rousseau era deísta por excelência. Mais tarde, a puritana Genebra proibiu todas as representações dramáticas de Voltaire, que tentou anular a proibição. Rousseau cobrou-se, ficando do lado dos puritanos. William James, pragmatista norte-americano, defendia que uma ideia útil é verdadeira. A hipótese da existência de Deus age satisfatoriamente, ajuda os homens que creem, portanto, é verdadeira. Santayana pensava diferente: apreciava a religião como uma manifestação estética, não como necessidade para uma vida moral. Sobre a tese de doutoramento de Santayana, James opina como "a perfeição da  podridão". Antes de escrever e de expressar minhas ideias publicamente, não lembro ter feito algum inimigo. Agora eles são inevitáveis. 

domingo, 2 de setembro de 2012

CONTRAPONTOS DE PONDÉ

"A sensibilidade democrática odeia esta verdade: os homens não são iguais, e os poucos melhores sempre carregaram a humanidade nas costas.
"Movido pela ideia rousseauniana de que o mais fraco politicamente é por definição melhor moralmente, o exército do politicamente correto se transformou numa grande horda de violência na esfera intelectual nas últimas décadas...
"Uma das maiores besteiras em educação é dizer que todos os alunos são iguais em capacidade de produzir e receber conhecimento.
"Uma das qualidades supremas de Ayn Rand (autora de A Revolta de Atlas) é ter percebido ainda em meados do século 20 que o mundo se preparava para desvalorizar aqueles mesmos graças aos quais os outros vivem, sob o papinho da 'justiça social'.
"O povo é sempre opressor. Quando aparece politicamente, é para quebrar coisas. O povo adere fácil e descaradamente (como aderiu nos séculos 19 e 20) a toda forma de totalitarismo.
"A afirmação de que todos os homens são iguais (quando a igualdade deve ser apenas perante um tribunal) leva as pessoas mais idiotas a assumir que são capazes de opinar sobre tudo.
"Talvez a pior coisa da democracia seja o fato de que ela deu aos idiotas a consciência de seu poder numérico, como dizia o sábio Nelson Rodrigues.
"Está na moda dizer que o 'outro' é lindo. Mentira. Quando o 'outro' não cria problema, não há nenhum valor ético supremo em tolerá-lo. E, quando cria, quase sempre ninguém tolera."
(Do livro Guia politicamente incorreto da Filosofia, de Luiz Felipe Pondé.)

sábado, 1 de setembro de 2012

GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA FILOSOFIA


Ontem comprei o Guia politicamente incorreto da Filosofia na Livraria Inove, do meu amigo Rayson. Entre noite adentro lendo, reiniciei hoje pela manhã e concluí a leitura há pouco. À exceção de um ou dois livro (um foi Capitães de areia, de Jorge Amado), nunca havia concluído um livro tão rápido. Extraordinário contraponto. O alvo é a "praga PC", o "politicamente correto". Luiz  Pondé deita e rola ao longo dos vinte e poucos ensaios contra o mau-caratismo de nossa cultura. Esse Guia recomendo aos leitores.