sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O SENHOR É MEU PASTO(U)R(O)

O título acima é uma pichação que li num muro da Perimetral (Porto Alegre) nos anos oitenta. Uma blasfêmia, dirão os cristãos: "O senhor é meu pasto(u)r(o), e nada me faltará". 
Por que a transcrevo?
Primeiro, para mostrar que até as escrituras servem de fonte para o mal, digo, para a má interpretação. Segundo, para chamar a atenção desta notícia extraordinária:
"O pastor Cleison Alves de Souza, 37, foi preso em Manaus, por estuprar duas adolescentes de 15 e 17 anos. As vítimas são obreiras da igreja onde o pastor pregava". 
Para ler mais, clicar aqui

FILOSOFIA

Dos livros encaixotados, fui buscar A História da Filosofia, de Will Durant, de onde extraio o seguinte excerto da Introdução:
"A ciência parece estar sempre avançando, enquanto a filosofia parece estar sempre perdendo terreno. No entanto, isso só se deve ao fato de a filosofia aceitar a árdua e perigosa tarefa de lidar com problemas ainda não abertos aos métodos da ciência - problemas como o do bem e do mal, da beleza e da feiura, da ordem e da liberdade, da vida e da morte; tão logo um campo de investigação gera conhecimento suscetível de uma formulação exata, é chamado de ciência. Toda ciência começa como filosofia e acaba como arte; surge na hipótese e flui para a realização. Filosofia é uma interpretação hipotética do desconhecido (como na metafísica) ou do conhecido de forma inexata (como na ética ou na filosofia política); é a trincheira adiantada no cerco à verdade. Ciência é o território capturado".
Segundo Durant, a Filosofia (grafo com maiúscula) abrange cinco campos de estudo e discurso: a lógica, a estética, a ética, a política e a metafísica. Desses campos, a ética é que mais me interessa.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

COMPREENDER KANT

O primeiro passo para compreender Kant é compreender a distinção que ele faz entre sensibilidade e entendimento.
A sensibilidade (em grego aísthèsis, estética) é a faculdade das intuições; o entendimento (em grego lógos, lógica) é a faculdade dos conceitos. Intuição (latim intueri, ver) é a "visão direta e imediata de um objeto". Entendimento é o poder não sensível de conhecer, de produzir representações. O conhecimento de todo entendimento é um conhecimento por conceitos, não intuitivo, mas discursivo.
O segundo passo para compreender Kant é compreender o que são as intuições puras: o espaço e o tempo. 
(Leitura do livro Compreender Kant, de Georges Pascal.)

MESMÍSSIMO DISCURSO

O mesmíssimo discurso volta a ilustrar outra campanha eleitoral. Ele está no ar, nem aí para a náusea que desperta nas pessoas. Neste aspecto, assemelha-se ao programa Big Brother: ainda que pouco se vê, muito se sabe. Há candidatos a vereador, por exemplo, que subestimam o nosso entendimento da realidade, prometendo mais emprego, melhores salários etc. Nos casos de sucesso, o primeiro (e único) a ser empregado é o próprio candidato. 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

AZEITE DE OLIVA

DEZ ITENS QUE DEVEM SER CONSIDERADOS 
NA HORA DE ESCOLHER O AZEITE DE OLIVA
1 - Preste atenção à data de fabricação. Diferente dos vinhos, quanto mais novo melhor é o azeite.
2 - Confira a data de validade. O limite de validade de um azeite fechado é de até dois anos.
3 - Observe o tipo de embalagem. Os recipientes mais indicados são de aço inoxidável, vidros escuros e esverdeados.
4 - A cor do azeite não interfere na qualidade. A cor depende do tipo de azeitona usada, podendo ser verde-musgo, verde-folha, verde-oliva, amarelo-ouro e amarelo-palha.
5 - Entenda o que significa o percentual de acidez. Baixa acidez indica árvore e azeitona bem tratadas, com processos de colheita e produção cuidadosos.
6 - Saiba o que deve ter no rótulo. Prefira os azeites que tragam no rótulo: - tipo de extração (a frio, por exemplo); - origem do produto (se o azeite foi feito com azeitonas recolhidas e processadas no mesmo local).
7 - Procure conhecer a marca do produto. O risco de adulteração é menor para azeites originários do Mediterrâneo, por exemplo.
8 - Avalie as condições de armazenamento do produto na loja. Fatores que provocam alterações de suas características: luz, temperatura, oxigênio e umidade. Verifique se o azeite está protegido desses fatores.
9 - Preço também é indicativo de qualidade. Um azeite de qualidade não é barato.
10 - Como usar? As virtudes nutritivas, digestivas e gustativas do azeite extra-virgem são melhor aproveitadas quando esse produto é consumido cru. Já o azeite virgem pode ser usado para todo tipo de cocção, como qualquer óleo. A sua temperatura crítica ou ponto de fumaça - que é quando o óleo começa a produzir compostos tóxicos - é de 210º a 220ºC.
(Li num site e achei interessante repassar aos leitores.)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

QUESTÃO


Um pequeno desafio aos leitores deste blog: o que significa a frase "A coruja de Minerva só voa ao entardecer", e quem a produziu?
Para responder essa questão, o desafiante necessita ter certo conhecimento de mitologia e de filosofia.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

HISTÓRIA DA FILOSOFIA

Depois de um tempo sem forçar a leitura, a enxaqueca foi embora. A crise de labirinto já passou. Devo uma consulta ao oftalmologista. Mesmo assim, retorno aos livros (de onde nunca me afastei nos últimos 39 anos).  A leitura de Uma breve história da Filosofia, de Nigel Warburton, é de uma leveza, de uma delícia para meu intelecto. Estou precisamente na metade do livro. Cada capítulo é dedicado a um filósofo, com exceção dos dois dedicados a Kant. Até agora, o autor escreveu sobre Sócrates, Platão, Aristóteles, Pirro, Epicuro, Epiteto, Cícero, Sêneca, Santo Agostinho, Boécio, Anselmo, Aquino, Maquiavel, Thomas Hobbes, Descartes, Pascal, Espinosa, Locke, Thomas Reid, Berkeley, Voltaire, Leibniz, Hume, Rousseau e Kant. Apenas a essência de cada pensador. Por ler: Bentham, Hegel, Schopenhauer, Mill, Darwin, Kierkegaard, Marx, Peirce, William James, Nietzsche, Freud, Russel, Ayer, Sartre, Beauvoire, Camus, Wittgenstein, Arendt, Popper, Thomas Kuhn, Philippa Foot, Judith J.Thomson, John Rawls, Alan Turing, John Searle e Peter Singer.
A história da Filosofia é tão atraente quanto a da Poesia, da Pintura, da Música. Não me canso de ler sobre os grandes nomes do passado relacionados à arte e ao pensamento.Ultimamente, a Filosofia volta a me interessar com uma atenção especial. Logo começarei o curso de Filosofia (bacharel), atraído pelas matérias do programa, entre as quais História da Filosofia. 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

MONTANHA

Uma montanha de livros
me cerca todos os dias,
todas as noites me vejo
em seus caminhos, em suas
alturas inalcançáveis.

Vezes me perco - cabeça 
nas nuvens e coração 
aos saltos - vezes me encontro 
aos rés do chão, num silêncio
acima do que é capaz
de suportarem os outros.

Por isso, nessa montanha
de livros, dias e noites,
é quando me encontro só
e me perco em seus caminhos.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

REFLEXÃO EM TEMPO DE CRISE



O homem continua a não refletir sobre as consequências das ações que realiza para assegurar seu conforto físico e psicológico. Em tempos primevos, ele agia forçado pela própria sobrevivência, o que era procedente. Construiu edificações à beira de rios, lagos, mares e oceanos, entre outros motivos para dissolver o fluxo putrefato de suas cloacas. Multiplicou-se de tal forma que foi obrigado a ocupar os interiores, onde as águas eram escassas. As cidades cresceram, e a demanda pelo líquido precioso superou a oferta in natura. A solução foi criar reservatórios e estações de tratamento, empresa que, em Santiago, coube à Companhia Riograndense de Saneamento. Com as raras chuvas que se precipitaram este ano, a barragem diminuiu seu volume de água a um nível jamais visto anteriormente. Das alternativas apontadas (por ambientalistas, inclusive) para fazer face à crise, uma consiste em perfurar poços que alcancem o aquífero Guarani. As justificativas para tal procedimento são as mais imediatistas, com um desdém pelo futuro que assombra a consciência mais evoluída. A frase retirada de um site é sintomática: “A quantidade de água doce (do aquífero) seria capaz de abastecer a população mundial por mais de cem anos”. Isso é para ser inacreditável. Estudos mais recentes, como o realizado pela Universidade Estadual de São Paulo, indica que há menos água do que se pensava há algumas décadas. Mesmo que abastecesse a aldeia global por cem anos, e daí? Que tempo é esse, considerando-se a história desde o primeiro hominídeo? E depois de passados os cem anos? Aonde buscaria água nossa espécie? Das calotas polares? Dos oceanos? O aquífero deve ser preservado de possível contaminação e de esgotamento. 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

INCONSISTÊNCIA SEMÂNTICA

Há anos, li Thiago de Mello e não gostei de sua poesia palavrosa, tautológica. Ele é diferente de Manuel de Barros, de quem gosto muitíssimo. 
No poema Os estatutos do homem, TM escreve:
"Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu"

Essas prosopopeias repentinas, sobrepondo-se à linguagem referencial, são um descalabro. A palmeira confiar no vento ainda passa, mas o vento confiar no ar... Vento e ar não são a mesmíssima coisa? Eis o pior verso da poesia brasileira: "como o vento confia no ar". Acompanha-lhe outro de parecida inconsistência semântica: "como o ar confia no campo azul do céu". 

sábado, 18 de agosto de 2012

EVOLUÇÃO

A repetição não é meu estilo, exceto na poesia (em função do ritmo que produz), mas repito o tema já desenvolvido em postagem anterior: a crise da água, vivida pelos santiaguenses, provocará uma evolução sobre a importância dessa substância natural para a vida. Antes dessa longa estiagem, nossa sociedade desenvolvera em pequeno grau a consciência já proeminente nos ambientalistas. Caso fosse possível comparar seu estágio de desenvolvimento com as diferentes fases de um indivíduo, vivíamos ainda na infância. A partir de agora, o superego social passa a gerir com mais forte presença o dia a dia das pessoas. 
Para intertextualizar nietzschianamente, a miséria de água (falta) é o melhor remédio para curar a miséria moral, fundada na ignorância, no egocentrismo. 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

FRAGMENTO 48

"Conhecimento da miséria - Talvez nada mais separe agora as pessoas e épocas a não ser seu grau de conhecimento da miséria: tanto da alma como do corpo. Relativamente a esta última, talvez nós, homens de hoje, apesar de nossas fraquezas e enfermidades sejamos ignorantes e fantasistas, por falta de experiência pessoal, a experiência que teve a idade do medo - mais prolongado período da história - quando o indivíduo devia autoproteger-se contra a violência e tornar-se para esse fim um violento. Nessa época o homem aprendia intensamente o sofrimento físico e a privação; via até no exercício de certa crueldade para consigo mesmo e no sofrimento voluntário, meio necessário à sua conservação; treinava-se então seu ambiente a saber suportar o mal, aumentando-o de bom grado até os piores sofrimentos de outrem eram vistos sem nenhum sentimento além daquele da própria segurança.
"Quanto à miséria da alma, continuo a examinar se aquele que dela fala a conhece por experiência ou por leitura; se julga simular o conhecimento dessa miséria uma necessidade para testemunhar certa cultura ou se as profundezas de sua alma se recusam a acreditar totalmente em qualquer sofrimento moral; se, quando esses sofrimentos são designados não se passa nele qualquer coisa de análogo ao que acontece quando lhe relatam grandes sofrimentos físicos: recordam-lhe suas dores de dente e do estômago. Parece-me que a maior parte das pessoas sente dessa forma. Ninguém mais é treinado no sofrimento, nem físico, nem moral, ninguém vê uma pessoa sofrer a não ser raramente, muito raramente, de onde se infere uma consequência muito importante: o sofrimento é mais odiado agora que antigamente, dele se fala mais coisas más do que nunca, e chega-se mesmo a não se lhe suportar a ideia; disso se faz questão de consciência e censura à existência, em sua totalidade. O florescimento de filosofias pessimistas não é de modo algum indício de terríveis sofrimentos; pelo contrário, essas interrogativas acerca do valor geral da vida são feitas em tempos em que o conforto e a facilidade acham demasiado cruéis, excessivamente sangrentas picadelas de mosquitos que não podem ser evitadas nem ao corpo nem à alma e queriam, na penúria de autênticas experiências dolorosas, fazer aparecer a imaginação do suplício como sofrimento de espécie superior.
"Um remédio poderia realmente ser indicado contra as filosofias pessimistas e o excesso de sensibilidade que me parecem ser a verdadeira 'miséria dos tempos atuais'... talvez esta receita parecesse demasiado cruenta. Haveriam de classificá-la, sem dúvida, no número dos sintomas em que se baseiam agora para considerar 'a vida é um mal'. Seja! O remédio contra a 'miséria' chama-se 'miséria'."
.
O fragmento acima é de uma sabedoria poucas vezes expressa com tão brilhante estilo em A gaia ciência, de F. Nietzsche. Penso que as  "filosofias pessimistas" constituem uma miséria em acelerado processo de extinção. Ao contrário do "excesso de sensibilidade", que considero uma epidemia a debilitar a saúde de nossa civilização. 

DESOBEDIÊNCIA AOS PAIS

Hoje se encetou um diálogo interessante na seção em que trabalho. Falei sobre a atualidade de Nietzsche em relação ao excesso de sensibilidade (como uma das "misérias" do tempo presente). 
Meu colega Sílvio contraponteou na defesa do contrário, a falta de sensibilidade, que caracteriza as classes menos privilegiadas economicamente. O exemplo dado por ele persuadiu os demais da consistência de seus argumentos.
Meu colega Marcelo, evangélico, citou Timóteo, 3:1-2: "... nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos...".
Sem dificuldade de transpor a distância entre Nietzsche e a Bíblia (e entre os dois e a realidade), comentei a relação de predicativos elencados em Timóteo. Entre esses predicativos, podemos destacar um que é exclusivo do nosso tempo: desobedientes aos pais. Avarentos sempre houve desde tempos míticos. Egoístas, idem. O egoísmo fica subentendido no grande mandamento cristão de amar uns aos outros, ditado no modo imperativo.
Desobediência sempre houve, contestará o leitor (entrando no diálogo). Sim, de maneira pontuada na história da humanidade, esporádica, individual. A própria história humana, segundo o viés cristão de Erich Fromm, teria se originado de um ato de desobediência. Hoje ela é uma característica da nossa sociedade... Uma regra comportamental facilmente observável nas crianças e adolescentes.   

terça-feira, 14 de agosto de 2012

SOLUÇÃO LÓGICA

Leio num blog a reclamação de que o cruzamento da Getúlio Vargas com a Independência, próximo ao Supermercado Guasso, apresenta um trânsito caótico em determinadas horas. Outros cruzamentos também são problemáticos. Somando-se ao fluxo de automóveis, há as motocicletas (uma nova realidade em Santiago) e os pedestres (agora privilegiados com amplas faixas de segurança). A primeira sugestão é o semáforo, certamente para acabar de vez com o problema. Penso que esse recurso ainda não é tão necessário em nossa cidade, pelo menos antes de se processar uma reorientação do fluxo. Essa reorientação foi feita pela metade há pouco tempo no cruzamento da Sete de Setembro e a Pinheiro Machado. Ao veículo que trafega pela Sete, sentido bairro-centro, passou a ser proibido dobrar à esquerda (subindo a Pinheiro). Para tomar essa nova direção, há necessidade de um contorno na quadra anterior. No cruzamento da ilustração, o dobrar à esquerda seria proibido em todos os sentidos. Ou o veículo segue em frente, ou dobra à direita. A grande dificuldade está em dobrar à esquerda, principalmente pela Getúlio Vargas, sentido centro-bairro, ao tomar a Independência. Enquanto as sinaleiras não são instaladas, proponho que se reoriente o fluxo, obedecendo o sentido das setas. Para entrar à esquerda na Independência, provavelmente a caminho da Universidade, o veículo seguiria em frente (pela Getúlio), dobraria à direita na Felipe Lopes, à direita na Tito Beccon e à direita na Independência, seguindo em frente. Exagero? Em muitas cidade maiores, essa é a solução lógica, com ou sem semáforo. 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

ATÉ QUE ENFIM!!!


Lula não só sabia como ordenou o mensalão, diz advogado de Roberto Jefferson

domingo, 12 de agosto de 2012

SÍLVIO DUNCAN


SÍLVIO Gomes Wallace DUNCAN nasceu em Santiago, RS, a 1º de junho de 1922, filho de Sílvio Wallace Duncan e Ercília Gomes Duncan. Viveu alguns anos em São Borja, Alegrete, Uruguaiana, Bagé, estudando em colégios diversos, formando em Direito na Capital do Estado (1946), onde seu pai, Juiz de Direito, fora promovido a Desembargador. Em 1945, com Raymundo Faoro, Wilson Chagas, Fernando Jorge Schneider, todos estudantes de Direito, criava o Grupo Quixote (que traria o Modernismo para o Rio Grande do Sul). Foi um dos fundadores do Curso de Comunicação Social da UFRGS. Obras: Apenas o verde silêncio, escrito com Heitor Saldanha, Joaquim Azevedo e Jorge César Moreira (1954); Poesia Quixote (1956); Paisagem xucra (1958); Profetas do cimento (1983).

SARAU LITERÁRIO


Ontem foi realizado o 2º Sarau  Literário, coordenado pela Erilaine. O evento cultural está inserido no programa "Virada Cultural", da Secretaria de Educação e Cultura de Santiago. O poeta homenageado desta vez foi Sílvio Duncan, sobre o qual tivemos a oportunidade de ouvir o Dr. Valdir A. Pinto fazer uma bela exposição oral. Logo a seguir, recitei Campos de cimento, do livro Profetas do cimento desse poeta que contribuiu para que o modernismo poético se fixasse no Rio Grande do Sul: "Todas as vidas somadas/ erguem o edifício...". Depois, João Matheus Ghan, recitou Os mendigos mentirosos: "somos pobres, pátrias/ somos pobres...".  Também do livro Profetas do cimento. A Ellen Ramos declamou Paisagem, do livro Paisagem xucra: "Cara verde do Tempo./ Face verde do Tempo./ Tempo com risco escuro dos caminhos, girando ao som do eixo das carretas...". A Erilaine encerrou a homenagem a Sílvio Duncan, recitando Paisagem lunar, um belíssimo poema de Profetas de cimento: "Para alguma coisa servem as estrelas/ com seus raios tímidos...". Em seguida, o Marcus Vinícius Manzoni executou duas músicas no violão. Noutra parte, o palco ficou vago para a declamação voluntárias. Surpreendente, a professora Arlete Gudolle Lopes, recitou José, de Carlos Drummond de Andrade. O poema é extenso, todavia, mais ampla é a capacidade da nossa articulista ZH. Outras pessoas foram à frente, ler poemas de autores santiaguenses.    

PODERES INDEPENDENTES?

A falta de seriedade no Brasil é constitucional. Não poderia ser diferente, considerando-se seu povo, sua política, sua cultura etc. Para começo de conversa, analisemos o Art. 2º da nossa Constituição Federal: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. No Art. 60, reafirma-se tal independência de uma forma indireta, proibindo qualquer emenda no sentido de aboli-la. Todo cidadão sabe, ou deveria saber, que o Poder Legislativo é exercido por representantes votados pelos brasileiros (em condições de). O Poder Executivo tem seus dois maiores representantes votados pelos brasileiros. Presidente e vice, depois de eleitos, escolhem a equipe de ministros. Aqui começa a se perder a seriedade da democracia, uma vez que a escolha de alguns ministros não passa de recompensa pela coligação oportuna e arrivista. O Poder Judiciário, por sua mais poderosa instância, o Supremo Tribunal Federal, todavia, tem seus juízes indicados pelo Executivo (presidente), sabatinados pelo Legislativo (Senado) e nomeado pelo indicante. O Art. 101, em seu parágrafo único estabelece o seguinte: “Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal”. Entre as atribuições do Presidente (Art. 84), repete-se essa exclusividade de “nomear após”, nada sobre “indicar antes”, que vêm a ser a mesmíssima coisa. Desta forma, a sabatina no Senado é uma mera formalidade. Pouca diferença há entre a escolha de um Ministro de Estado e um juiz do STF. Há uma dependência, na prática, entre Judiciário e Executivo subentendida no voto de Ricardo Lewandowski, favorável ao pedido do advogado dos mensaleiros, Thomaz Bastos. 
(Publicado na coluna do Expresso Ilustrado dessa sexta-feira. Faltou espaço para dar outros exemplos, como a visita do Lula ao escritório de Nelson Jobin, a indicação de José Antônio Dias Toffoli para o Supremo, ad nauseam. O grande saber jurídico não pesou para a indicação de Toffoli, senão o fato de ter sido ele advogado do PT.) 

ENXAQUECA

Tanto li nos últimos meses, que o resultado foi uma "enxaqueca oftálmica" (um dos personagens de Houellebecq sofre disso). Há uma semana, não consigo ler, com as crises chegando no início de cada manhã. Logo irei ao oftalmologista. Certamente, deverei fazer uma nova troca de lentes. 
Essa tela branca do monitor me agride inevitavelmente.  

sábado, 11 de agosto de 2012

SABER VOTAR


Há uma unanimidade discursiva no país: o brasileiro não sabe votar. Obviamente, incluo-me entre as exceções. Já expressei minha opinião sobre essa questão mais de uma vez.  É o que dizem, a posteriori, em razão dos resultados. A priori, todavia, ninguém ensina como o brasileiro deve votar corretamente. 
Democracia é maioria. A maioria sempre elege seus representantes para legislar, agir, tomar decisão por ela. Pela maioria, vírgula. No centro da minoria de políticos beneficiada, estão os interesses próprios. Não demora, a maioria se bandeia, fazendo coro com a minoria que votou contra.
Agora me ocorre o seguinte: no poder, o eleito pela maioria, pensando em se manter popular ou até mesmo se reeleger com segurança, passa a defender minorias. No Estado do Rio Grande do Sul é isso que se observa há muito. Em termos de classe, os professores são maioria, sempre elegeram o governador e depois o derrotam pelo voto (caso não o consigam pela greve). 
Os professores deveriam reconhecer que não sabem votar? Não, por uma razão muito simples: qualquer que seja o eleito, entre os diversos candidatos ao Piratini, acabará se defrontando com os professores.
Para vereador, trazendo o questionamento para o ambiente santiaguense, arrisco uma dica de como devemos votar: o(a) candidato(a) deve ser limpo(a) de caráter. Como saber? É fácil: basta buscar informações sobre sua família, suas amizades, seus afazeres, seus negócios...
Infelizmente, não parece ser esse o princípio que norteia o eleitor. Aquém ou além do partidarismo, o favor, a cesta básica, o remédio, o dinheiro são mais convincentes que o caráter. A raiz da corrupção, uma imensa árvore que ensombra o território brasileiro, finca-se em solo local. Uma aparente boa ação (uma soma delas), com fins eleitoreiros, não poderia confundir os incautos e os corruptíveis.  

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

ÓTIMA SOLUÇÃO

Ao saber que a Corsan buscará água no 3º Lajeado, a primeira dúvida que me ocorreu foi sobre a vazão desse riacho, que deverá ser sempre maior que a água retirada. O sistema de captação sugará 50 litros por segundo, ou 180.000 litros por hora. Isso representa apenas 30% do consumo normal da cidade. Se os técnicos dizem que essa água subtraída do 3º Lajeado não afetará seu curso, está sanada minha dúvida. 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

GAZEADORES

Segunda-feira fui à URI, pedir meu histórico, programa das disciplinas, documento de reconhecimento do curso e sistema de avaliação. Feito o pedido desses documentos, decidi esperar o ônibus de retorno do campus. Sentado no extremo do primeiro pavilhão, aguardei por uns longos cinquenta minutos. Às minhas costas, uma turma de Administração participava de uma aula com a porta fechada. Não havia se passado vinte minutos, o primeiro aluno saiu da sala para atender o celular. Logo uma dupla de estudantes fez a mesma coisa. Resolvi prestar atenção nesse movimento e contar o número de gazeadores. Desde meu tempo, a maioria dos professores permite que o aluno saia em qualquer momento, a despeito de causar uma interrupção no andamento da aula. Os motivos são diversos: atender o telefone, ir ao banheiro, à biblioteca, à CUC (xeróx), ao bar, ao cigarro, ao namoro etc. No final da minha espera, que poderia ter sido tediosa sem a estranha ocupação, senti-me recompensado. O total de alunos que saiu da sala foi de 22, a maioria retornando depois de alguns minutos.
Vim para casa pensando, pensando. Quantos alunos havia naquela turma? Qual a parcela de culpa do professor pelo péssimo hábito? Qual a parcela de culpa da Universidade?  O que aprendem os gazeadores?  

domingo, 5 de agosto de 2012

MENSALÃO (MAIS UMA VEZ)

Recebi e-mails me atribuindo o mesmo "ranço ideológico" dos que negavam a existência do mensalão. Ideologia? "Representação imaginária", na definição de Louis Althusser. Falo de representações reais. Não é invenção minha o julgamento que está ocorrendo em Brasília. O Supremo Tribunal Federal lá está reunido, há um procurador-geral da República com um imenso processo e uma lista de réus. Isso não é uma "representação imaginária". A mídia está la para acompanhar o julgamento. Também não é culpada, como querem os petistas. Sem a mídia, continuaria o processo. Engraçado, em relação à CPI do Cachoeira, esses mesmos petistas não reclamaram da grande mídia, contentes com a cortina de névoa que se formava no país. Uma cortina que encobrisse o mensalão, que postergasse sua reaparição. 
Desse julgamento, repito, depende o futuro ético do país. 

sábado, 4 de agosto de 2012

PRESSUPOSTO E SUBENTENDIDO

Determinado candidato à vereança apõe um carimbo em sua propaganda política: "ESTE TRABALHA". 
A Semântica é o ramo da Linguística dedicado ao estudo da significação dentro da língua. Há dois tipos de sentido nos enunciados: o pressuposto e o subentendido.
Ex.: Fulano parou de fumar.
       pressuposto - Fulano fumava antes
       subentendido - pode-se parar de fumar
No enunciado aposto pelo candidato, o pressuposto é bastante claro: "aquele(s) não trabalha(m). O subentendido, nesse caso, constitui um componente retórico negativo: trabalhar é uma condição óbvia de todo vereador, eleito para isso. Não há necessidade de afirmá-la.
Todo sentido, ensina-nos o linguista, é uma interpretação do destinatário.
A intenção do candidato é a melhor (o que não deixa de ser um subentendido). 
     

MENSALÃO... ATÉ QUE ENFIM!

No Brasil destes dias, a verdade tem um nome e uma personalidade: Roberto Gurgel (e ele não pertence à VEJA). Os brasileiros precisamos saber quem era o chefe do "mensalão" e qual o seu objetivo político. 
Até que enfim cessou a cortina de fumaça, digo, de névoa que petistas no governo transformaram a CPI do Cachoeira. Tudo fizeram para encobrir a coisa. 
Repito, desse julgamento depende o futuro ético do país. 

MAIOR NO QUÊ?

Uma campanha midiática do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) busca eleger o maior brasileiro de todos os tempos. Sensacionalismo! Pouca seriedade! Contribuição gratuita para a depreciação de nosso país iniciada por Charles de Gaulle! Essa campanha não destoa de outros monstrengos que produzimos culturalmente. Maior no quê? Como cotejar representantes de uma mesma área? Entre Irmã Dulce e Chico Xavier? Entre D. Pedro II e Getúlio Vargas? E de áreas diferentes? Entre Cândido Rondon e Villa-Lobos? Entre Tiradentes e Oswaldo Cruz? Outros nomes podem figurar nessa relação: Landell de Moura, Bartolomeu de Gusmão, Carlos Gomes, Pelé, Machado de Assis, Barão do Rio Branco, Cândido Portinari, Anísio Teixeira, Santos Dumont... Numa relação inicial das doze personalidades favoritas, percebe-se a clara tendência de superestimar o presente, como se os maiores brasileiros surgissem nas últimas décadas (feito cogumelos depois da chuva). Oito dos doze nomes mais votados pertencem à segunda metade do século XX: Juscelino Kubitscheck, Oscar Niemeyer, Pelé, Chico Xavier, Irmã Dulce, Ayrton Senna, Fernando Henrique Cardoso e Lula. A inclusão dos dois últimos ex-presidentes prova a falta de discernimento histórico ou de memória mesmo. Todo absurdo é passível de eleição num país cheio de analfabetos funcionais.
No rodapé da coluna passada, anotei que continuaria com o tema das diferenças entre esperteza, inteligência e sabedoria. Não há espaço, todavia, para associar o Brasil pouco sério ao Brasil dos espertos, cujo produto cultural mais conhecido para consumo interno é o do jeitinho brasileiro, tão característico da malandragem. 
(Publicado na última edição do Expresso Ilustrado.)

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

INOVE (LIVRARIA)


Leitor, vale a pena dar uma passadinha na loja de meu amigo Rayson, na Bento Gonçalves, ao lado da Agropecuária Colpo. Livraria Inove conta com um número considerável de obras dos mais diversos gêneros literários. Clássicos e modernos. Entre os últimos, este da ilustração abaixo:

Fui para dar olhadinha e fiquei com o livro. O título é uma variação do famoso livro de Stephen Hawking, Uma breve história do tempo (que já li duas vezes).

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

JULGAMENTO DO MENSALÃO

Ué! Como o Supremo irá julgar uma coisa que não existiu, que é invenção da imprensa golpista? Não é isso o que diziam os fanáticos defensores dos principais acusados pela coisa existir? Deduz-se que, se há julgamento, a coisa existiu mesmo. Se a coisa existiu mesmo, há culpados por isso. 
Desse julgamento depende o futuro ético do país.  

SESSÃO NOSTALGIA


Eu e Maria numa festa no Bom Retiro, 1º de março de 1964.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

TRAJETÓRIA

o homem 
levanta
um dia
caminha
e cai
levanta
caminha
e cai
levanta 
caminha
caminha
caminha
e cai
levanta
caminha
e cai
um dia
o homem