sábado, 7 de julho de 2012

SEM(TI)ÁGUA

Neste primeiro dia de setembro, saiu a nota oficial da Companhia Riograndense, dando conta do esgotamento completo da barragem. O fato já era conhecido de todos, amplamente noticiado pelas rádios e blogues nos últimos dias. As chuvas torrenciais, escassas no verão e outono, continuaram a faltar no inverno – quando se tinha como certa a ocorrência do abastecimento natural. As precipitações nunca marcaram mais que 20 mm, para aumentar as aflições dos santiaguenses. Aqui não há mais necessidade de pluviômetro, uma vez que todos aprenderam a calcular o tanto de água caído dos céus. Da mesma forma, todos passaram a observar os sinais do tempo, cuja interpretação fizera especialistas no campo. Outro aprendizado de importância inestimável para a evolução de nossa sociedade teve início com a mobilização em torno da água. O primeiro debate sobre a questão fora propiciado pela universidade, com a participação do prefeito, vereadores, ambientalistas, professores, alunos, gerente local e superintendente regional da Companhia. Na oportunidade, o gerente assegurara em sua explanação que não haveria racionamento nos próximos 60 dias. Um mês mais tarde, a Câmara Municipal criara uma comissão para acompanhar a situação da barragem. Em seguida, a Prefeitura notificara a Companhia, querendo saber sobre um possível plano emergencial. Desde então, num crescendo, a questão da água se foi impondo ao interesse de todos. O período de racionamento fez com que as pessoas se conscientizassem do problema. A princípio, com muita briga nas vilas, condomínios, onde quer que fosse visto alguém se utilizando da água tratada de uma forma incorreta. Depois, para administrar o caos, acabou se destacando o espírito de solidariedade. (Continua na próxima edição.)
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Produzi o texto acima para a coluna do Expresso Ilustrado dessa sexta-feira. Ele é expressão da verdade por envolver lugar, instituições, pessoas e um fato muito preocupante: o nível de água da nossa barragem. O salto no tempo para primeiro de setembro, todavia, não passa de ficção, sem qualquer pretensão profética. O tema exige continuação, em que colocarei algumas situações possíveis com um racionamento e uma falta de água nunca antes imaginados para a nossa cidade. José Saramago, o grande escritor português, imaginou que os habitantes de uma cidade ficassem cegos de uma hora para outra. A partir desse tema, produziu o romance Ensaio sobre a cegueira

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