quarta-feira, 11 de abril de 2012

PARADOXISMO SOCIAL

Eis um dos paradoxismos vividos pela sociedade brasileira: superestima-se a política (a classe dos políticos) e desacredita-se dela ao mesmo tempo. Historicamente, alguns de nossos políticos são heroicizados, cultuados depois de mortos. Isso é possível, em princípio, porque somos tolerantes, condescendentes com a vilania (bem disfarçada em programas sociais). Ao invés do descrédito, da subestimação, a classe ganha maior destaque midiático por motivo de uma nova eleição, que ocorrerá em outubro. O país quase para em ocasiões bianuais, quando devemos votar pela permanência ou não dos integrantes dessa classe de arrivistas, mais ou menos organizados em partidos. Os políticos não fazem muito esforço para ocupar a berlinda, são conduzidos a ela de cabriolé pela grande mídia, que se vende com uma facilidade que faria corar o Fausto* da lenda alemã. Não apenas a grande mídia, mas a pequena, a rasteira, a ignóbil. Independentemente dessas categorias, quantitativas e qualitativas, fomentam a máxima consideração dos atores e atos políticos. Modelo Pedro Bial e seus brothers (por acaso chamados de “heróis”). A quebra de promessas, a traição ideológica (cabriola), a mentira, a corrupção, o enriquecimento com o dinheiro público, nada é suficiente para diminuir a superestimação. Eles continuam na berlinda. Não poderiam ser subestimados pela maioria que representam no poder – uma falácia da democracia. A representatividade mais evidente é de interesses pessoais – e partidários. Quando condenados pelo chamado crime do colarinho branco, o máximo que perdem por alguns anos é a própria inelegibilidade. O Estado (a união de todos os cidadãos que o compõem) nada recebe de volta. Eticamente, podemos reprová-los por receberem 18 salários polpudos ao ano, mais cem mil em verbas indenizatórias (um absurdo), todavia, tornamos a elegê-los no próximo pleito.

* Fausto vendeu sua alma ao demônio em troca de sucesso pessoal. 

Nenhum comentário: