sexta-feira, 16 de março de 2012

SOBRE MEU ATEÍSMO

O leitor pode ficar em dúvida: o que a História Natural tem a ver com as minhas convicções ateístas? Tudo (o que a filosofia e a psicanálise não conseguem responder). 
História Natural abarca todas as ciências da vida, principalmente o fato da evolução (teoria não é o termo correto). 
Os dinossauros, hiperônimo que se refere aos grandes répteis que dominaram o planeta até a grande extinção, ocorrida há 65 milhões de anos, desmistificam o criacionismo bíblico. As primeiras espécies desses animais surgiram há  230 milhões de anos, ainda no Período Triássico. Foram 165 milhões de anos de domínio dos dinos, sem a presença do homem. Antes deles, a Terra existia há mais de 4 bilhões de anos. Os hominídeos surgiriam quase sessenta milhões de anos depois deles. Isto mesmo! Há uma extraordinária desproporção entre o quinto dia da criação (segundo a Bíblia), inclusive com os animais domésticos (antes de quem os domesticariam), e o sexto dia. Embora cada dia da criação possa representar mil dias, ainda é muito grande o tempo em que a Terra girou sem a presença do homem. 
Depois da nossa espécie, outras continuam a surgir, provando que os mecanismos de especiação não foram cessados no "quinto dia". Ao colocar-se por último (e no centro), como a apoteose divina, o homem revela o preconceito antropocêntrico. Está na cara que ele criaria um deus à sua imagem e semelhança, como já o acusara Xenófanes há 25 séculos. Os gregos criaram os seus deuses (desmistificados pela filosofia e pela ciência emergentes); os egípcios também criaram os seus; os nórdicos, os seus; os guaranis, os seus; os judeus, o seu... Este povo do Antigo Oriente inventou o deus único, Javé (que teria criado o mundo há tão somente seis mil anos). A domesticação de animais, para citar um único exemplo) ocorreu há dez mil anos. 
A História Natural desmistifica o criacionismo.  

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