sábado, 31 de março de 2012

EDIFÍCIO SEM ÁGUA

Muito escrevi sobre a água, substância natural mais importante para a vida. Tudo o que produzi textualmente nada significa, uma vez que poucos leram e, dessa parcela de leitores ocasionais, ninguém mudou suas atitudes em função de ter compreendido minhas ideias. A propósito, também já expressei sobre essa impotência para mudar qualquer coisa, pessimismo não compartilhado pela professora Arlete Gudolle e pelo Júlio Prates (intelectuais que se destacam em Santiago). Eles são otimistas em relação às suas ideias. 
Ultimamente, optei por denunciar o desperdício de água, numa posição terra a terra. 
Há alguns dias, o edifício em que moro tem problema de abastecimento de água. Por volta das 12 horas, as torneiras deixam de dar vazão ao líquido tão necessário, assim permanecendo até de madrugada. Mal clareia o dia, as máquinas de lavar roupa dos nove apartamentos começam a funcionar. Se nenhuma dessas máquinas funcionasse, a água seria suficiente para os demais usos que fazemos dela. Mas quem raciocina dessa forma? Quem é capaz de abrir mão de seu direito (porque paga), pensando no bem coletivo? Cada mulher que põe sua máquina em funcionamento deve pensar que se ela não lavar, as demais o farão, justificando-se assim o consumo individualizado. 
A síndica poderia tomar a iniciativa e propor o racionamento. 

sexta-feira, 30 de março de 2012

VENTÓS


Esta semana fui a Santa Maria, para participar de um simpósio coordenado pela 3ª Divisão de Exército (sobre os projetos Liderança, História Militar e Leitura). Desses três projetos, o último é muito interessante: o militar lê uma obra de sua escolha e apresenta aos demais, recomendando-a ou não. Na condição de um bibliófilo autêntico, cheio de leituras, não deixei de ir a uma livraria e aumentar minha biblioteca com o livro da ilustração acima: Deus entre outros inconvenientes, de Xavier Rubert de Ventós. Esse filósofo e político catalão "aborda de forma surpreendente as preocupações do homem moderno: a função do Estado, a falência das metrópoles, o poder dos clubes de futebol, a capacidade da internet de moldar comportamentos, a arte e o sexo como produtos do mercado, entre outras". Num bar de Santa, li os primeiros dois capítulos.  Gostei!

JOÃO E RAIMUNDO

João e Raimundo eram amigos há pouco tempo. Certo dia, Raimundo pediu que João o ajudasse a criar um blog. João, solícito, introduziu seu amigo na blogosfera. Para quê? Raimundo não demorou para transformar a ferramenta textual numa poderosa arma de ataque. Como se diz no jargão popular, meteu os pés pelas mãos. Suas postagens passaram a desvelar um ego poderoso e incendiário (esta última característica aponta para uma possível personalidade bipolar). Um dos últimos alvos de Raimundo é (in)justamente João, fato que não pode ser tomado como perversidade do acaso, posto que previsível. Ainda que se defenda muito bem contra as aleivosias de Raimundo, pois sabe digladiar com a palavra, João precisa do apoio da blogosfera. Para começo de conversa, a ingratidão é abominável. 

quinta-feira, 29 de março de 2012

QUADRILHA

João amava Teresa que amava Raimundo 
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili 
que não amava ninguém. 
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, 
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, 
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes 
que não tinha entrado na história.



Esse poema de Carlos Drummond de Andrade constitui uma metáfora para a nossa blogosfera. Cada personagem nele citado representa um blogueiro. O único acréscimo necessário é de um sentimento contrário ao amor, não plenamente expresso a partir de Lili. A indiferença é uma virtude da grandeza, do espírito nietzschiano, aristocrático. "Não amava ninguém" é de uma natureza diversa do ódio. Outra coisa insuficiente no poema para retratar a blogosfera santiaguense consiste na perfeita assimetria de gêneros. Por se tratar de um sentimento diverso do amor, as relações ocorrem entre João e Raimundo, entre Raimundo e Joaquim, entre os três e J. Pinto Fernandes. Excesso de testosterona. Não entre as mulheres. Tereza, Maria e Lili são superiores, amam ou não. Elas cuidam de bichos, ecologicamente corretas, escrevem belos poemas, intimistas, adoráveis. O problema está entre os homens, que adotaram delas a volubilidade. João odeia Raimundo num determinado momento e o ama noutro (não necessariamente nessa ordem). Trocam-se elogios e depois se engalfinham visceralmente. Amigos ontem, inimigos hoje, amigos amanhã. Num ano eleitoral, então... A despeito de fazer essa análise, confesso que também sou influenciado por esse ambiente eletrônico. 

quarta-feira, 28 de março de 2012

A REALIDADE O SONHO

Toda realidade se constitui a partir de um sonho, sua causa primeira. Isso parece demasiado idealista para os realistas, materialistas. Mas é uma verdade metafísica que escapa à percepção dos incapazes de compreender o que não é visto, ouvido, tocado... Até ontem, incluía-me nesse grupo, com a mente dominada pela lógica, pelo ceticismo, pela razão. Ontem vi uma flor em pleno outono, contra o céu azul da manhã. Essa flor de outono – ocorreu-me um insight – é o sonho de uma flor sonhada no verão. Da mesma forma, as flores da primavera foram sonhos tidos no inverno. Para chegar a isso, sonhou-se uma linguagem que expressasse justamente isso. A propósito, a linguagem foi o sonho de quem queria dizer sobre as coisas do mundo e não conseguia dizer. A poesia foi o sonho de dizer sobre as coisas do mundo com originalidade e beleza. A borboleta que voeja em torno da flor foi sonhada pelo poeta na manhã anterior. Ou ela é o sonho de um casulo? Ou o poeta sonha o casulo e a borboleta ao mesmo tempo? De repente, a panapaná sonha a poça d’água, em volta da qual se coloca em círculo – sonho de um menino que corre atrás dos lepidópteros com seu chapéu na mão. A poça d’água sonha reter um pedaço de céu para a contemplação do poeta, que sonha as palavras.  Estas sonham um mundo de coisas, inclusive do que é muitas vezes indizível por elas. O menino que sorri, ao apanhar uma borboleta com o chapéu, também foi o sonho de seus pais numa estação chamada amor. O mundo todo, a propósito, foi o sonho de um deus louco, apaixonado (que marcou caminho para eternidade espargindo estrelas). Depois o homem sonhou esse deus – à sua imagem e semelhança. O sonho dentro do sonho, numa sequência quase infinita, eis a realidade.

segunda-feira, 26 de março de 2012

NOTÍCIAS VULGARES

Tipo de notícia que mais veicula na mídia santiaguense: 
"Uma senhora, de iniciais F.L.S., registrou queixa na delegacia contra seu companheiro, R.C.J.";
"Um senhor, de iniciais J.M.A., blábláblá..."
"S.N.P. foi agredida por B.L.R., por este desconfiar que sua companheira tenha um caso com E.P.S."
Qual a finalidade dessas notícias, quando não sabe o ouvinte/ leitor quem são os envolvidos na peleia?
A violência não adquiriu autonomia, ela é praticada por humanos, perfeitamente identificáveis. 

QUEM?

Notícia é relato, é narrativa. Os elementos básicos da narrativa: fato (o quê?); tempo (quando?); lugar (onde?); personagens (com quem?); causa (por quê?); modo (como?); e consequência. Os quatro primeiros são indispensáveis, sem os quais a narração fica incompleta (no caso do gênero notícia, nem se fala). Exemplo que ocorre amiúde em nossa blogosfera e nas rádios locais: "um senhor levou uma facada de outro senhor". O autor da notícia declina do elemento principal, o personagem, tornando-o indefinido. Se o autor da facada é desconhecido ou apenas suspeito, tudo bem, mas o faqueado é evidente, tem um nome. Exceto se a vítima  é menor de idade, ou o agressor.  Existe uma lei do Estatuto da Criança e do Adolescente, no sentido de preservar o nome e a imagem do menor.    

domingo, 25 de março de 2012

PODER DE DEUS VERSUS REINO DE DEUS

Espetacular essa guerrinha entre a Igreja Mundial do Poder de Deus e a Igreja Universal do Reino de Deus (quanto uso do nome de Deus em vão!). Uma vez que o discurso de um ateu não é ouvido, ouvem-se as acusações mútuas dos grandes pastores, líderes cristãos de milhões de fiéis. O pastor Valdemiro Santiago defende-se da acusação da Record/Universal, dizendo que as fazendas compradas no Mato Grosso não são suas, mas da igreja. Qual é a necessidade real de uma igreja adquirir grandes extensões de terra? Reforma agrária? Não. Repete-se a Igreja Católica, que acumulou bens materiais desde o apoio dado pelo imperador Constantino, contra a qual, protestou Martinho Lutero. A diferença é que, em tempos modernos, o valor individual (pregado pela Nova Era) suplanta o coletivo. Dessa forma, os bens não são adquiridos para o Estado (Vaticano) ou para as igrejas (Universal, Mundial etc.), mas para o indivíduo que as lidera religiosamente. O homem é falho? Isso é inegável. Não serve como justificativa dos próprios indivíduos levados a contribuir com dinheiro vivo para enriquecimento do pastor. O que importa é a fé do contribuinte também não justifica. O espetáculo dessas brigas por motivos econômicos, audiência igual faturamento, um dia poderá despertar a razão adormecida da massa de fiéis, que crê cegamente, explorada pelos salafrários.    

sábado, 24 de março de 2012

PLANETA COM ÁGUA


Essas notícias sobre planetas distantes, exoplanetas, que teriam água não passam de especulações sensacionalistas. Dentro do Sistema Solar, existe um planeta que possui muita água: Terra. Falta ao homem essa constatação simples. 

OSCAR É DO SÃO PAULO

Não entendo por que até agora o advogado (e colorado fanático) José Amélio Ucha Ribeiro Filho, especialista em comentários absurdos contra o Grêmio (atribuindo ao tricolor o desacerto passado entre Internacional e AG, por exemplo), não se manifestou sobre a questão de seu time ter perdido Oscar para o São Paulo Futebol Clube. O segundo melhor jogador em atividade no Brasil, segundo Haroldo de Souza, não é mais do Inter, mas do clube paulista (onde passará a receber o salário de R$ 7,5 mil). Mesmo sendo gremista, que poderia estar vibrando com essa perda colorada, penso na grande sacanagem (que se provou legal) aprontada contra o Inter e contra o próprio atleta. Estranho o silêncio desses colorados (entre os quais Ribeiro Filho), numa passividade denegadora do espírito que sempre norteou os gaúchos. Certamente, a antipatia que Ronaldinho Dentuço "conquistou" de toda a torcida gremista, terá uma equivalente no Beira-Rio, com o sentimento dos colorados contra o São Paulo. 

THEREZINHA LUCAS TUSI

Ontem D. Therezinha Lucas Tusi me ligou para elogiar a coluna editada no Expresso Ilustrado. Hoje a encontrei na rua (em frente à Loja Tamiosso), para ouvi-la dizer coisas agradáveis sobre o conteúdo do meu texto, uma metáfora da vida. Com a mais profunda sensibilidade (no alto de seus 80 anos), a poeta interpretou corretamente o final da minha crônica. 
Outono
Todo verdor perecerá (um dia), a alma evolui continuamente, ao contrário do corpo, e as palavras do poeta ganham em doçura. O outono chega em boa hora, trazendo as manhãs mais claras da estação e as paisagens caducifólias (em seus tons que cambiam entre amarelo e vermelho). Com o auxílio da metáfora, pode-se estratificar a vida de uma pessoa em primavera,verão, outono e inverno. Limitada a apenas quatro ciclos. O filósofo Osvald Spengler fez essa comparação com as culturas (que identificam cada civilização). Tanto para a onto quanto para a filo, o outono é a primeira estação da maturidade, superadas as paixões tórridas da estação anterior. A temperatura sofre uma pequena queda, e os horizontes melhor se definem sob a claridade oblíqua da razão. Algumas folhas caem ou mudam de cor, e os sonhos se transformam em realidade ou emigram definitivamente. As águas de março fazem tabula rasa de todas as depressões, transformando corredeiras em remansos. Por isso, navegar é tranquilo, mais que preciso. Em terra, é tempo de colheita da polpa deliciosa para consumo imediato e da semente plenamente constituída para o plantio futuro. A única nuvem escura a cruzar os céus no outono consiste na perspectiva inversa, cujo ponto de fuga se aproxima inexoravelmente: a última estação. Com o inverno se fecham os grandes ciclos (sazonais), restando os rebrotos extemporâneos de uma primavera sempre possível para os ciclos menores, renováveis a cada ano. 

PAPA EM CUBA

A Igreja Católica se vira em sua secular e inexorável decadência. O papa, mais chefe que líder,  vai a Cuba para demarcar um papel ativo de sua organização religiosa na abertura do regime comunista. Segundo a matéria publicada no Zero Hora, Bento XVI encontrará um país notadamente mais capitalista que há 14 anos, quando João Paulo II visitou a ilha.  

sexta-feira, 23 de março de 2012

CHICO ANYSIO

Chico, que confessara "Tenho muita pena de morrer", por derradeiro, balangou sua capa.

quinta-feira, 22 de março de 2012

A BÍBLIA COMO ARGUMENTO

Não necessito citar Feuerbach, Nietzsche e Freud como argumentos de autoridade contra a grande ilusão, a grande hipocrisia, a grande contradição. Basta a Bíblia. Nas tábuas distribuídas a Moisés, Jeová prescreve "Não matarás", mas, em seguida, fala que homem que se relaciona sexualmente com homem, por exemplo, deve ser morto. E mata cidades inteiras. Na terra como no céu (não necessariamente nessa ordem). 
Sugiro aos cristãos que procurem estudar quem era realmente Paulo de Tarso. Ele distorceu tanto o deus de amor, que o deixou igualzinho ao vetusto Jeová, sedento por hemoglobina. 

PASTOR NÃO CONHECE A BÍBLIA

Ânderson Zambom, pastor homossexual, fundador da igreja Cidade de Refúgio, declara que "em nenhum momento a Bíblia condena o homossexualismo". 
Um pastor que não conhece a Bíblia! Isso é risível! (Até parece certo letrado da nossa blogosfera que não conhece  literatura.)
Por que Jeová queimou Sodoma? Qual foi o episódio que ocorreu na casa de Ló? Gênesis, 19. O que é sodomia? Mas as passagens de que mais me lembro são Levítico 18:22 e Levítico 20:13. 
Pela ordem: 
"Com homem não te deitarás como se fosse mulher; é abominação" e "Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos praticam coisa abominável; serão mortos".  
O Velho Testamento sofreu algumas alterações com as sucessivas traduções? Obviamente. Mas nada que comprometesse enunciados inteiros. Se assim fosse, nada seria confiável no VT (o preferido dos citadores cristãos, coisa que minha razão demora a entender). 
Novo Testamento então, muito mais recente:
Coríntios 6:9
"Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não sejais desencaminhados. Nem fornicadores, nem idólatras, nem adúlteros, nem homens mantidos para propósitos desnaturais, nem homens que se deitam com homens";
Timóteo 1:8 -11
"Ora, sabemos que a Lei é excelente, desde que seja manejada licitamente no conhecimento do seguinte fato: de que a lei é promulgada, não para o justo, mas para os que são contra a lei e os indisciplinados, ímpios e pecadores, os falto de benevolência, e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, fornicadores, homens que se deitam com machos [...]"
As distorções linguísticas ocorridas ao longo dos últimos dois mil anos, repito, não interfeririam na essência do texto. Todavia, o pastor da igreja Cidade de Refúgio justifica que o transcrito acima, por exemplo, não passa de "tradução errônea".
(Perceberam que o Velho Testamento designa o grande legislador com o nome de Jeová; o Novo Testamento, de Deus. Aqui está a causa do grande sucesso do monoteísmo judaico-cristão. O deus localizado se transforma em Deus universal. Paulo de Tarso é o responsável por essa transformação. Isso não li em parte alguma.)

OS AUTÊNTICOS CRISTÃOS

Os evangélicos se consideram os autênticos cristãos, uma vez que a maioria  dos católicos nunca conseguiu se elevar religiosamente a ponto de uma tal autenticidade. Noutras palavras, as doutrinas e os ritos evangélicos destacam a figura de Jesus Cristo com mais veemência.
(O blog do Júlio Prates me motivou a fazer esta postagem.)
Desde os anos oitenta, quando evoluí para o ateísmo, com as leituras de Freud, Nietzsche e Russel, passei a escrever sobre o que pode ser sintetizado como a grande hipocrisia cristã. Na época, a Igreja Universal começava a crescer, a crescer sozinha (ante a indolência do trabalho evangelizador que, à exceção das Testemunhas de Jeová, fora relegado há muito). O crescimento da Universal é verificável ab origine no acúmulo de bens materiais realizado abertamente pelo seu pastor, o bispo Edir Macedo. Algo que denega os preceitos mais espiritualizados do cristianismo. 
Daqueles anos até hoje, os absurdos ocorridos em nome de Jesus Cristo foram crescendo extraordinariamente. Na mesma proporção, cresceu o número de igrejas, fundadas por pastores dissidentes de organizações em que eles não tinham acesso ao dinheiro arrecadado. Sim, a hierarquia dentro dessas organizações religiosas é inquebrantável, pessoal e não funcional (como é nas Forças Armadas). 
Hoje os absurdos passaram a figurar na grande mídia, vinte e muitos anos depois de minhas primeiras apreciações de valor. Os dois últimos casos são sintomáticos, envolvendo o "apóstolo" Valdemiro Santiago de Oliveira (1) e o líder da Igreja do Evangelho Quadrangular, Mário de Oliveira (2). Eta sobrenomezinho!
Minha implicância começa no âmbito linguístico: por que chamar esses salafrários de "apóstolo", "pastor"? Isso emporcalha semanticamente nossa língua. 
Mário de Oliveira comprou fazenda no Mato Grosso com o dinheiro de fiéis, depositado nas cerca de 15 mil igrejas existentes no país (com arrecadação estimada em meio bilhão de reais). Metade de uma fazenda  em Miranda (MS), que estava em nome de seu irmão laranja, coube à mulher  deste, Maria Mônica Lopes, após processo de separação conjugal. Mário, inconformado com a perda familiar, contratou pistoleiro para matar Maria. 
A guerra nada santa que ocorre entre as igrejas tem o mesmíssimo motivo das brigas particulares, entre os "irmãos" (dentro de uma mesma igreja).
Diante desses "pecados", meu ateísmo é de uma grandeza, de um caráter... 


terça-feira, 20 de março de 2012

OUTONO

Todo verdor perecerá (um dia), a alma evolui continuamente, ao contrário do corpo, e as palavras do poeta ganham em doçura. O outono chega em boa hora, trazendo as manhãs mais claras da estação e as paisagens caducifólias (em seus tons que cambiam entre amarelo e vermelho). Com o auxílio da metáfora, pode-se estratificar a vida de uma pessoa em primavera,verão, outono e inverno. Limitada a apenas quatro ciclos. O filósofo Osvald Spengler fez essa comparação com as culturas (que identificam cada civilização). Tanto para a onto quanto para a filo, o outono é a primeira estação da maturidade, superadas as paixões tórridas da estação anterior. A temperatura sofre uma pequena queda, e os horizontes melhor se definem sob a claridade oblíqua da razão. Algumas folhas caem ou mudam de cor, e os sonhos se transformam em realidade ou emigram definitivamente. As águas de março fazem tabula rasa de todas as depressões, transformando corredeiras em remansos. Por isso, navegar é tranquilo, mais que preciso. Em terra, é tempo de colheita da polpa deliciosa para consumo imediato e da semente plenamente constituída para o plantio futuro. A única nuvem escura a cruzar os céus no outono consiste na perspectiva inversa, cujo ponto de fuga se aproxima inexoravelmente: a última estação. Com o inverno se fecham os grandes ciclos (sazonais), restando os rebrotos extemporâneos de uma primavera sempre possível para os ciclos menores, renováveis a cada ano.

segunda-feira, 19 de março de 2012

NOVOS ICONOCLASTAS

A partir das pregações de Paulo de Tarso (no século I) e da oficialização do cristianismo pelo imperador Constantino (no século IV), a civilização ocidental seria marcada indelevelmente pela mito cristão. O que isso significa? Não há necessidade de ler Feuerbach, Nietzsche ou Freud para responder tal questionamento com acerto. Qual a essência da religião idealizada pelo tarsiota e imposta pelo romano? Um deus pessoal, o homem à sua imagem e semelhança (e não o inverso que acusa o antropomorfismo), outro mundo além da morte (um ideal tido como verdade), depreciação do mundo verdadeiro, alma eterna, pecado original...
A partir da Reforma Religiosa começada por Martinho Lutero, símbolos e imagens perderam a importância, de certa forma reveladores de idolatria (um pecado combatido desde Moisés). O crucifixo constitui um desses símbolos muito cultuado pelos católicos, que, a despeito de se reconhecerem não-praticantes, incomodaram-se com a decisão do Tribunal de Justiça contra a exposição de seu objeto de veneração. Não engoliram os autores do pedido, novos "iconoclastas". 
(Cont.) 

domingo, 18 de março de 2012

CRUCIFIXO - IGREJA + ESTADO

A partir de um pedido da Liga Brasileira de Lésbicas, o crucifixo (símbolo do cristianismo)  foi retirado dos prédios do judiciário gaúcho. O Estado é laico, segundo a Constituição (que nega o costume, a tradição preponderantemente católica). A reação não demorou: Dom Dadeus Grings, arcebispo de Porto Alegre, e a Associação dos Juristas Católicos querem a volta do crucifixo à sala da justiça. Paulo Brossard advoga que os crucifixos no Tribunal não infere reverência a uma pessoa da Santíssima Trindade, mas "representa valores morais, éticos, sociais e culturais". (Dom Dadeus, diga-se de passagem, andava às turras com o judiciário há pouco tempo.)
A união da Igreja com o Estado começou por volta do século IV, quando o imperador Constantino tomou conta do concílio de Niceia (o papa estava ausente). O movimento criado por Paulo de Tarso passou a ter um braço armado, o exército romano. De uma hora para outra, os cristão passaram de perseguidos a perseguidores. "A Igreja e o Estado formam então o que Henri-Irénée Marrou, historiador pouco suspeito de anticlericalismo, de ateísmo ou de esquerdismo, pois é cristão, chama de Estado totalitário." (Transcrito do Tratado  de ateologia, de Michel Onfray.)
A história conhecida de Constantino propaga que se trata de um imperador romano que se converteu ao cristianismo, instituindo-o como religião oficial. Só isso. 
O conhecimento desmistifica. O conhecimento de História, de Filosofia, de Psicanálise... 
Por favor, caros leitores, procurem ler sobre quem era de fato Constantino, um infanticida, homicida, uxoricida, que comprou sua salvação e o silêncio da Igreja. 
Nos séculos que seguiram à oficialização do cristianismo por Constantino, a Igreja passou a fazer coisas muito piores do que faz o islã na atualidade (Estados totalitários, jihad, execuções etc.). A propósito, há muita semelhança entre o Pentateuco e o Corão que sequer os cristãos podem imaginar.
A retirada dos crucifixos do Tribunal é resquício de uma separação lenta entre o Estado e a Igreja no Brasil, já decretada em 1890 (com a proclamação da República). Uma separação não desejada pela Igreja Católica,  desde Constantino, coalizada com o poder terreno, deste mundo.  
Indefiro Paulo Brossard (quanto a ser o crucifixo a representação de valores morais, éticos e o escambau). Indefiro Dom Dadeus (quanto a ser a volta do símbolo uma exigência da sociedade). 
Os católicos que tratem bem essa Associação Brasileira de Lésbicas, que, futuramente, poderá pedir um novo concílio no Vaticano, exigindo que sejam suprimidos os livros Levítico e Números da Bíblia. 

sábado, 17 de março de 2012

OS INIMIGOS DA INTERNET

Editorial do Zero Hora deste sábado disserta sobre os países que limitam o acesso de seus cidadãos à Internet. A relação é da organização internacional Repórteres sem Fronteira: CHINA, CUBA, COREIA DO NORTE, ARÁBIA SAUDITA,  IRÃ, TURCOMENISTÃO, UZBEQUISTÃO, SÍRIA, VIETNÃ, BAREIN, BIRMÂNIA e BELARUS (BIELORRÚSSIA). Ditaduras socialistas, teocracias, monarquias absolutas... notadamente. A despeito de certos  países democráticos tentarem restringir o acesso livre (principalmente para combater a pirataria, a violação ao direito de propriedade), o texto conclui que a "tecnologia continua rimando com democracia".

ENCICLOPÉDIA BRITÂNICA ONLINE

A Enciclopédia Britânica anuncia que não mais publicará versões impressas de suas obras, passando ao âmbito digital exclusivamente. Primeira grande baixa da linha de resistência do livro impresso, e consequente avanço da escrita eletrônica.

sexta-feira, 16 de março de 2012

CONHECIMENTO VERSUS FÉ

Na minha pré-história (que compreende parte da infância), penso que tive um pouco de fé cristã. A primeira vez que me condicionaram a confessar um pecado ao padre, por ocasião da Primeira Comunhão, tinha apenas sete anos de idade. Minha razão demoraria a evoluir, a ponto de perguntar que pecado comete um inocente de sete anos. Mais tarde, aprendendo a escrita e a leitura, entrei na história, tomei conhecimento da filosofia grega, dos empiristas, dos iluministas, de Feuerbach, dos evolucionistas, de Nietzsche, de Freud... Nunca abandonei a leitura da Bíblia, todavia. Claro, sem a crença na palavra revelada. Uma das tantas conclusões a que cheguei, lendo o Novo Testamento, foi de que Paulo de Tarso foi o grande idealizador do cristianismo. Michel Onfray radicaliza: o tarsiota deu consistência a Jesus Cristo (que não passaria de um personagem conceitual, segundo o filósofo). Depois de Paulo, veio a Igreja Católica, com o apoio de Constantino (autoproclamado o "décimo terceiro apóstolo") e, por último, todos os pastores que falam por Jesus, repetindo a fórmula "Jesus disse...". Todos eles idealizadores.  

SOBRE MEU ATEÍSMO

O leitor pode ficar em dúvida: o que a História Natural tem a ver com as minhas convicções ateístas? Tudo (o que a filosofia e a psicanálise não conseguem responder). 
História Natural abarca todas as ciências da vida, principalmente o fato da evolução (teoria não é o termo correto). 
Os dinossauros, hiperônimo que se refere aos grandes répteis que dominaram o planeta até a grande extinção, ocorrida há 65 milhões de anos, desmistificam o criacionismo bíblico. As primeiras espécies desses animais surgiram há  230 milhões de anos, ainda no Período Triássico. Foram 165 milhões de anos de domínio dos dinos, sem a presença do homem. Antes deles, a Terra existia há mais de 4 bilhões de anos. Os hominídeos surgiriam quase sessenta milhões de anos depois deles. Isto mesmo! Há uma extraordinária desproporção entre o quinto dia da criação (segundo a Bíblia), inclusive com os animais domésticos (antes de quem os domesticariam), e o sexto dia. Embora cada dia da criação possa representar mil dias, ainda é muito grande o tempo em que a Terra girou sem a presença do homem. 
Depois da nossa espécie, outras continuam a surgir, provando que os mecanismos de especiação não foram cessados no "quinto dia". Ao colocar-se por último (e no centro), como a apoteose divina, o homem revela o preconceito antropocêntrico. Está na cara que ele criaria um deus à sua imagem e semelhança, como já o acusara Xenófanes há 25 séculos. Os gregos criaram os seus deuses (desmistificados pela filosofia e pela ciência emergentes); os egípcios também criaram os seus; os nórdicos, os seus; os guaranis, os seus; os judeus, o seu... Este povo do Antigo Oriente inventou o deus único, Javé (que teria criado o mundo há tão somente seis mil anos). A domesticação de animais, para citar um único exemplo) ocorreu há dez mil anos. 
A História Natural desmistifica o criacionismo.  

quinta-feira, 15 de março de 2012

DOCE FRESCURA

Hoje é o dia mais fresco deste ano em Santiago. Depois de muito calor, essa queda na temperatura era esperada até por aqueles que continuam a gostar mais do verão. Toda viração austral é bem-vinda. O vento sul é mais saudável, anima minha alma...

terça-feira, 13 de março de 2012

INICIAÇÃO POÉTICA

Num dia muito longe, de que tenho uma vaga lembrança, acordei com aqueles feixes de luz a transpassar o escuro do meu quarto. As partículas em suspenso potencializavam a claridade que vinha de fora pelos buracos e frestas da parede. As formas que me assombraram durante a noite, nessa hora da manhã, voltaram a ser um casaco pendurado, uma mancha no teto, o nada animado pela minha imaginação. De repente, a janela se abriu, e o Sol apareceu luminoso sobre a coxilha estendida, a cavaleiro do Rincão dos Machado. Essa foi minha primeira visão do Sol, rito inicial que me faria um ser contemplativo. De uma forma inapagável, o fogo estelar marcou meu espírito, até então tabula rasa.  

segunda-feira, 12 de março de 2012

BIBLIOGRAFIA ATEIA

No último capítulo de seu Tratado de ateologia, Onfray dedica-se a apresentar uma bibliografia (ainda "indigente") da questão ateia. Entre os livros citados, A essência do cristianismo, de Feuerbach; O futuro de uma ilusão, de Freud, que "se inscreve na linhagem dos grandes textos desconstrutores do religioso"; Gaia ciência, Ecco homo e O anticristo, de Nietzsche; Uma escola de razão: estudos sobre as origens cristãs, de Prosper Alfaric; A igreja e a guerra, de Georges Minois. 
Aos três grandes autores citados acima (Feuerbach, Nietzsche e Freud), acrescento Richard Dawkins (e todos os pós-darwinistas), Krishnamurti, Bertrand Russel e o próprio Michel Onfray. 

EXCERTOS DE ONFRAY

"Os homens, quando resolvem dar à luz um Deus único, fazem-no à sua imagem: violento, ciumento, vingativo, misógino, agressivo, tirânico, intolerante. Em suma, esculpem sua pulsão de morte, sua parte sombria, e fazem uma máquina lançada a toda a velocidade contra eles mesmos..."
"Em matéria de ciência, a Igreja se engana sobre tudo desde sempre: diante de uma verdade epistemológica, ela persegue o descobridor. A história de sua relação com o cristianismo engendra uma soma considerável de besteiras e tolices. Da recusa da hipótese heliocentrista da Antiguidade às condenações contemporâneas do gênio genético amontoam-se vinte e cinco séculos de estragos para a humanidade."
"Por que razão a Igreja faz tanta questão de perseguir os defensores de uma concepção atomista do mundo? Em primeiro lugar porque a existência da matéria, com exclusão de qualquer outra realidade, leva consequentemente a afirmar a existência de um Deus material. Portanto, à negação de seu caráter espiritual, intemporal, imaterial e outras qualidades que constam em sua carteira de identidade cristã. Ruína, então, do Deus intangível criado pelo judeu-cristianismo."
"Os monoteísmos não gostam da inteligência, dos livros, do saber, da ciência."
"Evidentemente Jesus existiu - assim como Ulisses e Zaratustra, e pouco importa saber se viveram fisicamente, em carne e osso, numa época precisa num lugar identificável. A existência de Jesus não é de modo nenhum comprovada historicamente. Nenhum documento contemporâneo do acontecimento, nenhuma prova arqueológica, nada de certo permite concluir hoje pela verdade de uma presença efetiva na articulação dos dois mundos abolindo um, nomeando outro. Não há túmulo, não há sudário,não há arquivos, com exceção de um sepulcro inventado em 325 por santa Helena, mãe de Constantino, muito dotada, pois também se deve a ela a descoberta do Gólgota e a do titulus, pedaço de madeira que traz o motivo da condenação. Um pedaço de tecido que a datação por carbono 14 atesta datar do século XIII de nossa era e que só um milagre poderia fazer com que envolvesse o corpo de Cristo mais de mil anos antes do cadáver putativo! Finalmente, três ou quatro vagas referências muito imprecisas em textos antigos - Flávio Josefo, Suetônio e Tácito -, certamente, mas em cópias feitas alguns séculos depois da suposta crucificação de Jesus."
"Jesus designa a recusa judaica da dominação romana."
"Jesus concentra sob seu nome a aspiração messiânica da época."
"Quem é o autor de Jesus? Marcos. O evangelista Marcos, primeiro autor do relato das aventuras maravilhosas do denominado Jesus. provável acompanhante de Paulo de Tarso em seu périplo missionário. Marcos redige seu texto por volta de 70. Nada prova que ele tenha conhecido Jesus em pessoa, é óbvio. Um contato franco e claro teria sido visível e legível no texto."
"Paulo apropria-se do personagem e o veste, fornece-lhe ideias. O Jesus primitivo não fala contra a vida. Duas frases (Mc VII, 15 e X, 17) mostram-no sem oposição ao casamento mas nem um pouco fascinado pelo ideal ascético.  É inútil procurar suas prescrições rigorosas no terreno do corpo, da sexualidade, da sensualidade. Essa relativa benevolência com relação às coisas da vida é acompanhada de um elogio e de uma prática da doçura. Paulo de Tarso transforma o silêncio de Jesus sobre essas questões num tumulto ensurdecedor promulgando o ódio ao corpo, às mulheres e à vida. O radicalismo anti-hedonista do cristianismo procede de Paulo - não de Jesus, personagem conceitual silencioso a respeito dessas questões... [...] A conversão a caminho  de Damasco - em 34 - é fruto de pura patologia histérica: ele cai de sua altura (não de um cavalo, conforme mostram Caravaggio e a tradição pictórica...), é ofuscado por uma luz intensa, ouve a voz de Jesus, não enxerga durante três dias, não come nem bebe durante todo esse tempo. [...] Eis uma verdadeira histeria... de conversão! Como viver com sua neurose? Fazendo dela o modelo do mundo, neurotizando o mundo... Paulo cria o mundo à sua imagem. E essa imagem é deplorável: fanático, mudando de objeto - os cristãos, depois os  pagãos, outro sinal de histeria ... -, doente, misógino, masoquista... Como não ver em nosso mundo um reflexo desse retrato de um indivíduo dominado pela pulsão de morte?  Pois o mundo cristão experimenta deleitado essas  maneiras de ser e de fazer. A brutalidade ideológica, a intolerância intelectual, o culto da saúde ruim, o ódio ao corpo jubiloso, o desprezo às mulheres, o prazer na dor que se inflige a si mesmo, desconsideração deste mundo por um além de pacotilha. Baixo, magro, careca, barbudo, Paulo de Tarso não nos da detalhes da doença de que fala metaforicamente: confia que Saã lhe infligiu uma farpa na carne. [...] Freud vê a origem da histeria na luta contra angústia de origem sexual recalcadas  sua realização parcial sob a forma de uma conversão. [...] Golpe do destino ou da necessidade, a vida inflige a Paulo de Tarso uma impotência sexual um uma libido problemática: reação, ele se dá a ilusão de liberdade, autonomia e independência, acreditando livrar-se do que o determina, depois afirma que aquilo que se impõe a ele é escolhido e decidido por ele com plena consciência.  [...] Essa lógica aparece claramente numa proclamação da segunda epístola aos coríntios (XII, 2-10) na qual ele afirma: 'Comprazo-me nas fraquezas, nos insultos, nas opressões, nas perseguições, nas angústias por Cristo! Pois, quando sou fraco, é então que sou forte'. [...] Seu ódio a si mesmo transforma-se num vigoroso ódio ao mundo e ao que constitui seu interesse: a vida, o amor, o desejo, o prazer, as sensações, o corpo, a carne, o júbilo, a liberdade, a independência, a autonomia. O masoquismo de Paulo não é mistério nenhum. Ele coloca sua vida inteira sob o signo dos aborrecimentos, vai ao encontro das dificuldades, gosta dos problemas, alegra-se com eles, deseja-os, aspira a eles, cria-os."
"Paulo, o masoquista, expõe as ideias com as quais o cristianismo um dia triunfa. Ou seja, o elogio da fruição em ser submisso, obediente, passivo, escravo dos poderosos sob o pretexto falacioso de que todo poder vem de Deus e de que toda situação social de pobre, de modesto e de humilde procede de um querer celeste e de uma decisão divina."
"... Concílio de Niceia em 325. [...] Constantino se autoproclama 'décimo terceiro apóstolo', Paulo de Tarso passa a ter um fiel de braço armado."

UMA EPISTEME JUDEU-CRISTÃ

A época em que vivemos, portanto, não é ateia. Também não parece ainda pós-cristã, ou muito pouco. Em contrapartida, continua sendo cristã, e muito mais do que parece. O niilismo provém das turbulências registradas na zona de passagem entre o judeu-cristão ainda muito presente e o pós-cristão."
(Do livro Tratado de ateologia, de Michel Onfray.)

ESPECTOGRAFIA DO NIILISMO

"A época parece ateia, mas apenas aos olhos dos cristãos ou dos crentes. De fato, ela é niilista. Os devotos de ontem e de anteontem têm todo o interesse em fazer passar o pior e a negatividade contemporânea por um produto do ateísmo. Persiste a velha ideia do ateu imoral, amoral, sem fé nem lei ética. O lugar-comum para o último ano colegial segundo o qual 'se Deus não existe, então tudo é permitido' - refrão extraído de Os irmãos Karamazov - continua produzindo efeitos, e de fato a morte, o ódio e a miséria são associados a indivíduos que invocariam a ausência de Deus para cometer seus crimes. Essa tese equivocada merece ser bem e devidamente desmontada."
(Do livro Tratado de ateologia, de Michel Onfray.)

ENSINAR O FATO ATEU

"Enquanto o 11 de Setembro visto pelos Estados Unidos, portanto pelo Ocidente, intima todos e cada um a escolher seu campo de guerra religiosa que oporia o judeu-cristianismo e o islã, pode-se desejar escapar aos termos da alternativa colocados pelos protagonistas e optar por uma posição nietzschiana: nem judeu-cristão,  nem muçulmano,pela boa razão de que esses beligerantes continuam sua guerra religiosa iniciada  a partir das  exortações dos judeus dos Números - originalmente intitulado o "Livro de Guerra do Senhor" - e constitutivos da Torah, que justifica o combate sanguinário contra os inimigos, até as variações recorrentes sobre esse tema no Corão, a massacrar os infiéis. Ou seja afinal perto de vinte e cinco séculos de apelo ao crime de ambas as partes? Lição de Nietzsche: entre os três monoteísmos, pode-se não querer escolher. [...] O Talmud e a Torah, a Bíblia e o Novo Testamento, o Corão e os Hadith não parecem garantias suficientes para que o  filósofo escolha entre a misoginia judaica, cristã ou muçulmana, para que opte contra a carne de porco e o álcool mas pelo véu ou pela burca, que ele frequente a sinagoga, o templo, a igreja ou a mesquita, lugares todos em que a inteligência vai mal e onde há séculos prefere-se a obediência aos dogmas e a submissão à Lei. [...] No momento em que se coloca a questão do ensino do fato religioso na escola sob pretexto de criar vínculo social, de reagregar uma comunidade em abandono - por causa de um liberalismo que produz a negatividade no dia a dia, lembremos... -, de gerar um novo tipo de contrato social, de reencontrar origens comuns - monoteístas no caso - parece-me preferível o ensino do fato ateu. Antes a Genealogia da moral do que as epístolas aos coríntios."
(Do livro Tratado de ateologia, de Michel Onfray.)

BÊNÇÃO EM QUATRO ATOS

"A tripulação do Enola Gay parte com uma bomba atômica lançada sobre Hiroxima, como se sabe, em 6 de agosto de 1945. A explosão nuclear causa em alguns segundos a morte de mais de cem mil pessoas, mulheres, velhos, crianças, enfermos, inocentes cuja única culpa foi a de serem japoneses. Volta da tripulação à base: o Deus dos cristãos protegeu de fato esses novos cruzados. Esclareçamos que o padre Georges Zabelka teve o cuidado de abençoar a tripulação antes de sua missão funesta."
"O genocídio dos túsis pelos hútus em Ruanda, (foi) apoiado, defendido, coberto pela instituição católica local e pelo próprio soberano pontífice."
"Agostinho, santo de profissão, empenha todo o seu talento para justificar o pior da Igreja: a escravidão, a guerra, a pena de morte etc. [...] O bispo de Hipona justifica numa carta (185) a perseguição justa. Fórmula seleta! Ela a opõe à perseguição injusta. [...] Toda perseguição que vem da Igreja é justa, pois é feita por amor."
"A Igreja católica, por intermédio da pessoa do cardeal Bertram, ordena uma missa de Réquiem em memória de Adolf Hitler. [...] (Ela) organiza um trâmite de exfiltração dos criminosos de guerra para fora da Europa; [...] expede documentos carimbados com seus vistos, ativa uma rede de mosteiros europeus como esconderijos para garantis a segurança dos dignitários do Reich desmantelado. [...] Adolf Hitler não foi excomungado, seu livro Minha luta nunca foi colocado Índex. Lembemos que depois de 1924, data de publicação desse livro, o tal Index Librorum Prohibitorum acrescentou à sua lista - ao lado de Pierre Larouse, culpado pelo Grand Dictionnaire universal [Grande Dicionário Universal]! - Henri Bergson, André Gide, Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre."
(Extraído do livro Tratado de Ateologia, de Michel Onfray.)

domingo, 11 de março de 2012

"NÃO MATARÁS"?

Para Michel Onfray, o quinto mandamento da lei mosaica, "Não Matarás!", é o mais importante, suficiente para definir uma ética, "todo um programa que exclui a guerra, a violência, os exércitos, a pena de morte, os combates, as Cruzadas, a Inquisição, o colonialismo, a bomba atômica, o assassínio,coisas estas, no entanto, que os defensores da Bíblia praticam durante séculos, sem constrangimento". 
Onfray não cita o capítulo XXI, de Êxodo, subsequente ao da apresentação da "tábua". O próprio deus Jeová, ainda falando a Moisés, lista vários delitos que devem ser punidos com a morte. 
A tese do filósofo é simples: "Em nome de Deus, a História testemunha, os três monoteísmos (judaísmo, cristianismo e islamismo) fazem correr rios de sangue durante séculos".
Para ilustrar essa verdade, cito um capítulo da História, que narra o início do grande massacre dos incas, levado a termo pelos homens de Francisco Pizarro:
"O governador Pizarro enviou então frei Vicente de Valverde para falar com Ataualpa e pedir que, em nome de Deus e do rei de Espanha, ele se submetesse à lei de nosso Senhor Jesus Cristo e ao serviço de Sua Majestade. Avançando com a cruz em uma das mãos e a Bíblia na outra, por entre as tropas indígenas, até o local onde estava Ataualpa, o frei então falou: 'Sou um sacerdote de Deus e ensino aos cristãos as coisas de Deus e, da mesma forma, venho para ensinar a vocês. O que ensino é o que Deus nos diz neste livro. Portanto, da parte de Deus e dos cristãos, eu lhe imploro que seja seu amigo, porque este é o desejo de Deus, e para o seu bem'. Ataualpa pediu o livro, que queria ver, e o frei o entregou fechado. Ataualpa não sabia como abri-lo e o frei estava estendendo a mão para fazê-lo quando Ataualpa, com muita raiva, deu-lhe um golpe no braço, sem querer que fosse aberto. Então ele mesmo abriu o livro e, sem qualquer demonstração de surpresa com as letras ou o papel, atirou-o a uma distância de uns cinco ou seis passos, com o rosto extremamente vermelho. O frei devolveu-o a Pizarro, gritando: 'Saiam! Saiam, cristãos! Invistam contra esses cães inimigos que rejeitam as coisas de Deus. O tirano jogou no chão meu livro com a sagrada lei! [...] Marchem contra ele, PORQUE EU OS ABSOLVO!'. O governador então fez sinal para Candia, que começou a atirar".
Esse registro foi feito in loco, por um irmão de Pizarro (transcrito no livro Armas, germes e aço, de Jared Diamond). 

sábado, 10 de março de 2012

FRASE DA DÉCADA

A Arlete Gudolle edita a frase da década em seu blog (http://www.palavrasdearlete.blogspot.com/): "Antigamente, as mulheres cozinhavam igual à mãe... Hoje estão bebendo igual ao pai". 
(Não há citação do autor.)
Enviei-lhe um comentário sobre esses enunciados verdadeiros, mas impotentes para mudar a realidade, mudar o que está errado. 
Para mim, um enunciado deve me fazer pensar, sua verdade está nisso. Muita coisa publicada na blogosfera santiaguense é lixo, no entanto faz a fama de seu editor.
Com relação à frase acima, faço as seguintes observações:
- semanticamente, no lugar de "mulheres", mais coerente seria "moças", "filhas", "meninas" (assim subentende-se a partir da ilustração);
- sociologicamente, a justificativa para que essa realidade ocorra é simples: as mães não mais ensinam suas filhas a cozinhar.

sexta-feira, 9 de março de 2012

ZERO OU QUARENTA?

Este verão vem provar minha tese: o calor de 40ºC castiga mais que o frio de 0º. Mesmo que a tolerância seja de 10º, continua sendo preferível viver entre 0º e 10ºC a uma variação de temperatura entre 30º e 40º. A temperatura média do planeta em que vivemos é de 14ºC (há pouco tempo era de 13º), mais próxima do 0º do que dos 40º. Esse dado, aparentemente insignificante, foi responsável pela existência da espécie humana (e de outras, pertencentes à grande classe dos mamíferos).  
(Estou com saudade do inverno.)

LITERARIAMENTE, MULHER



No Dia Internacional da Mulher (o dia particular é todo dia), o livro Infinitamente Mulher reúne uma plêiade de artistas da palavra, que justifica o epíteto Terra dos Poetas para Santiago. Ontem, foi um momento exclusivo, em que o "dos" cedeu o azo e a vez ao "das": Terra das Poetas. O substantivo "poeta" já não define apenas o gênero masculino. Na Estação do Conhecimento, vi Therezinha Lucas Tusi e Érica Bassin Fumaco, por exemplo, uma senhora octogenária e uma menina de dez anos, ambas envolvidas pelo ideal estético, pela poesia. Quanto à crônica da Erilaine, sou suspeito para avaliar que seu texto se destaca literariamente. Essa mulher é poeta até quando escreve em prosa. 

quinta-feira, 8 de março de 2012

LARÍ FRANCESCHETTO


O Larí é poeta de Veranópolis, RS. Nossa amizade começou em 2003, quando o veranense veio a Santiago, na condição de primeiro colocado no Concurso Aureliano de Poesia (instituído pelo Centro Cultural). Depois, ele me convidou para escrever a apresentação de Larí Franceschetto e amigos, uma publicação da Editora Bork (São Luiz Gonzaga). Em 2006 (5 de março), fui à Terra da Longevidade, para reencontrar meu amigo, conhecer sua família. Em 2008, ele realizou seu grande projeto: Espelho da águas (poemas). Uma estreia madura, com insights que lembram Nejar: nascem sopros / às janelas do que somos;   quanta boca / alimentou ausências / nas orlas de teu corpo;   voo maior, aceso, é a vida / fogo invisível / que a noite não apaga ;   o mundo continua / miseravelmente / belo;   no fundo de um copo / as horas são algemas...  Amostras de uma grande poesia. Em 2009, Larí venceu mais uma vez nosso concurso.  A propósito, ele coleciona premiações pelo país afora. No dia 20 de fevereiro, retornando de Nova Prata (Águas Termais), cheguei à casa da Rua João L. Carvalho, nº 98, Veranópolis. Raul, pai de Larí, estava sozinho. O filho fora a Bento Gonçalves em companhia da mãe, D. Assunta, onde ele se submete a tratamento quimioterápico para combater um carcinoma. Com o coração dividido, optei por seguir para Caxias do Sul a esperar pelo seu retorno. Hoje recebi uma carta dele, cujo teor mais significativo para mim é a esperança (que o mantém seguro) na recuperação da própria saúde.                                                                  

quarta-feira, 7 de março de 2012

BLOG PATROCINADO

ATENÇÃO!!!
A partir de hoje, passo a aceitar patrocínio para este blog. 
Meu blog é sério, coerente com a sua principal característica, o contraponto. 
Não farei chantagem publicitária, tampouco exigirei que instituições públicas me paguem na marra. Há caso em nossa blogosfera que me enoja, como o uso do anonimato para vender(-se). A Prefeitura de Santiago é o alvo preferido desse mau-caratismo (o qual encontra no âmbito digital um meio de se propagar sem problemas).  

A SEMELHANÇA

A Bíblia, mais especificamente o Pentateuco (os cinco primeiros livros), já teve sua fase de Corão, o livro sagrado do islamismo. Por mais de mil anos, a Igreja Católica fez uma leitura fundamentalista do Velho Testamento, prendendo, torturando e executando os infiéis. Hoje é evidente a evolução observada nos seguidores bíblicos, em razão dos livros posteriores a Jesus de Nazaré. Dessa forma, entre os cristãos, justifica-se a defesa apaixonada do pastor iraniano Youssef Nadarkhani, condenado à forca pelo islã. 
Ainda que com palavras diferentes, o Corão é muito parecido com Levítico e Números. Mesmo discurso.

terça-feira, 6 de março de 2012

SUGESTÃO


Aos nossos literatos, sugiro a História da Literatura Ocidental, de Otto Maria Carpeaux. A obra é composta por quatro volumes, perfazendo 2879 páginas. Na Livraria do Senado, o preço é R$ 170,00 (cento e setenta reais). Na Estante Virtual, beira os 500 pilas. Carpeaux é um gênio do ensaísmo, da crítica literária. Há muito tempo, li dele As Revolta Modernistas na Literatura. Ontem concluí o romance O Caminha de Volta, do professor Julio Rafael; hoje retomei  Tratado de Ateologia, de Michel Onfray (estou nas últimas páginas); depois, retomo Armas, germes e aço, de Jared Diamond; inicio a leitura de O Colapso, desse mesmo autor; depois ainda, penso enfrentar A História da Literatura Ocidental, uma empreitada mais longa. Haja olhos!

O CAMINHO DE VOLTA

Essa madrugada, acabei de ler o livro escrito pelo professor Julio Rafael, O Caminho de Volta. A partir de uma análise superficial, da macroestrutura do romance, permite-me afirmar a autenticidade desse gênero, o qual se caracteriza pelo encadeamento de diferentes células dramáticas. Não é a extensão da narrativa que faz um romance, que seria maior que a novela (e esta maior que o conto). A novela pode ser mais extensa, caracterizada por uma sucessão linear de unidades, cujo drama envolve os mesmos personagens. Em O Caminha de Volta, o autor produz seis células, com digressões internas nas duas primeiras e subdivisão capitular na última. A primeira e a última encontram-se relacionadas pelo tempo presente, espaço e personagens, marcando a circularidade do romance.     

segunda-feira, 5 de março de 2012

LUÍZA ZOLIN

O lançamento do livro O Caminho de Volta, de Julio Rafael, propiciou-me uma grande alegria, ao reencontrar minha primeira professora de Literatura, LUIZA ZOLIN. No Colégio Polivalente, Marian Bertoldo já me havia despertado para a linguagem figurada, com uma aula inesquecível. No Cristóvão Pereira (que nunca me convidou para as festas de ex-alunos), a Luíza foi interlocutora desse conhecimento que mais me atraiu em todo o estudo regular. Seguramente, hoje não há outra área em que tenho maior domínio (a despeito das leituras de Psicanálise, Filosofia, História Natural, Astronomia, Pintura etc.). A propósito, a URI (nossa universidade) nunca me convidou para falar sobre Literatura. A propósito, há alguns dias, recebi a História da Literatura Ocidental (2879 páginas), de Otto Maria Carpeaux. Sou grato à professora Luíza, inesquecivelmente grato. Ela deve ter tomado o elixir da juventude, para me parecer mais jovem (depois de 36 anos). 

LEO FETT - FALECIMENTO


Nesse sábado, faleceu Leo Petersen Fett (o cidadão que aparece ao meu lado na foto acima). Na Feira do Livro de Santiago de 2010, ele lançou seu Memórias Vivas, e lancei Vozes e vertentes (quase ao mesmo tempo). Amicíssimo do Dr. Valdir Pinto, vinha a Santiago seguidamente, quando pude desfrutar de sua boa conversa diversas vezes. 

domingo, 4 de março de 2012

MASSA DE MANOBRA?

Pergunto se o professorado do Rio Grande do Sul poderia ser caracterizado como massa de manobra. (Massa de manobra consiste num grupo de pessoas que são motivadas por uma opinião ou ideologia pré-formada por alguém, com algum fim, geralmente eleitoreiro.) Sim? Não? Todo governo estadual se elege com o apoio dessa classe, em parte pela promessa de melhores salários, em parte pelo descumprimento do prometido anteriormente. A condição massa de manobra ocorreria em relação ao futuro candidato ao governo; a condição de sujeito (não me ocorre outra definição mais apropriada), em função de um retardo crítico em relação ao governo atual (sempre pleiteando a releição). Dessa forma, os professores sempre elegem o governador e não o reelegem quatro anos depois. Tarso romperá esse círculo vicioso ou não?

FESTA NO BOM RETIRO

Bom Retiro fica sobre a divisa dos municípios de Santiago e Jaguari, entre Florida e Ijucapirama. Desde que a comunidade construiu a igreja (em louvor à Nossa Senhora do Monte Bérico), nos anos cinquenta do século passado, uma festa é realizada no primeiro domingo de março. Sempre no primeiro domingo de março. Minha primeira fotografia (e única da infância) foi tirada numa festa do Bom Retiro, em 1964. Não vou lá todos os anos apenas pelo churrasco (hoje estava bem assado e macio), pelo risoto (tão bom quanto o de Fontana Freda), pela bebida gelada (desta vez não bebi, como motorista), pelo doce em calda, mas para reencontrar parentes e amigos de longas datas (outros de datas recentes). Hoje, por exemplo, revi meus consanguíneos que residem em Sapucaia do Sul. Depois de 30 anos. Eles vieram especialmente para a festa. Muitas outras pessoas de nossa cidade também foram ao Bom Retiro: Júlio Ruivo (prefeito), Toninho Gomes (vice), Bianchini, Arlindo Alves, Bassin, Gavioli, Diniz e Pelé (vereadores), Fernando e Gildo (secretário municipais), Gisele Ribeiro, entre outras. 

sábado, 3 de março de 2012

ARLETE, DILMA E BRIGADA MILITAR (TRÊS COMENTÁRIOS)

I. Ontem, no lançamento do livro do Prof. Julio Rafael, Arlete e eu conversávamos sobre nossas escritas, especialmente de sua participação como articulista no Zero Hora. Ela me falava que necessita vencer uma concorrência de quase oito mil artigos que são enviados ao jornal para publicação. Qual minha surpresa hoje, ao abrir o ZH? No espaço mais nobre, parte superior da página contígua aos editoriais, leio O recomeço de mais um ano letivo, de Arlete Gudolle Lopes. Junto à correção gramatical, seu texto chama a atenção pela coerência no encadeamento das ideias. Parabéns, Arlete!
II. Diante das declarações do secretário-geral da FIFA, o francês Jérôme Valke, de que o Brasil está precisando de "um pontapé no traseiro", em razão do atraso nas obras para a Copa, penso que até a presidente Dilma Rousseff terá que meter a mão nessa massa disforme em que se tornou o futebol. Diferentemente de Lula, torcedor confesso do Coríntia, Dilma é recatada e nunca se manifestou, sequer metaforicamente, sobre o mais popular dos esportes brasileiros. Continuo pessimista: não bastará a mão e os pitos da presidente para evitar o atraso nas obras. 
III. Nunca expressei um voto de louvor à Brigada Militar, à polícia mais atuante de que tenho conhecimento. Sou militar do Exército, mas teria orgulho de servir nessa instituição de segurança estadual, onde meu tio Idílio Soares de Oliveira trabalhou por mais de trinta anos, onde outros consanguíneos, amigos e conhecidos trabalham diuturnamente. Diante dessa operação bem-sucedida no interior do município, próximo a minha Florida, torno pública minha admiração à Brigada Militar, bem representada em Santiago pelo 5º RPMont. 

sexta-feira, 2 de março de 2012

ABSURDO OU APOCALIPSE? TANTO FAZ

O artifício (in)tenta sobrepujar o natural em nome da afetividade (que se sabe uma falácia). A ideia de casal agora exclui os conceitos biológicos que dominaram a história da humanidade até o século XX. A revolução sexual começada há algumas décadas soma outra vitória com a criação de um terceiro gênero, não mais caracterizado pela oposição masculino-feminino. Obviamente, "criação" significando, nesse contexto, "legalização". 
A última notícia informa que um casal homoafetivo de Pernambuco conseguiu registrar uma menina, a pequena Maria Tereza. O espermatozoide responsável pela fecundação in vitro foi coletado de um dos pais, o óvulo pertencia a um banco de doadoras e a gestação coube a uma mulher. A natureza ainda não foi sobrepujada (e não será até o último homem desaparecer do planeta). 
O casal já se manifestou sobre um  futuro bebê, que terá de ser um menino (por que a distinção?), para formar um casalzinho de filhos. Geneticamente falando, serão meio irmãos, uma vez que a célula sexual será doada pelo outro pai (considerando-se que o óvulo copartícipe da fecundação pertença à mesma doadora).
Embora alguns juízes e parte da sociedade considerem uma coisa maravilhosa esse avanço do artifício, para mim, não resta dúvida, já ingressamos numa era de absurdos. O crente bíblico dirá que são os primeiros sinais do Apocalipse. 

quinta-feira, 1 de março de 2012

LANÇAMENTO DE LIVRO

O professor Julio Rafael estreia no mundo da ficção com O caminho de volta, romance de quase trezentas páginas. O lançamento do livro ocorrerá amanhã, dia 2 de março, às 20 horas, no Centro Cultural de Santiago.