quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NO RINCÃO DOS MACHADO


O Rincão dos Machado é uma pequena amostra da degradação ambiental por que passa a região, o estado, o país, o planeta nos últimos cinquenta anos. 
No princípio, a localidade era denominada Rincão dos Cervos, em razão do grande número de veados existente nos dois lados do Rosário. Um dos maiores divertimentos de nossos ascendentes consistia em caçar nos fins de semana. Cachorros veadeiros, dezesseis de dois canos e uma determinação que remonta geneticamente ao paleolítico. 
Não apenas os veados foram desaparecendo aos poucos, mas também lebres, tatus, capivaras, codornas... Um motivo justificava a matança: algumas dessas espécies batiam na roça, alimentando-se de plantas que asseguravam a sobrevivência da comunidade. 
Por falar em roça, esse método pré-histórico de cultivo representou uma das piores formas de degradação, derrubando a mata nativa (geralmente à beira de um curso d'água), queimando-a inteiramente ou em forma de coivara, para realizar o plantio de feijão, milho, abóbora etc. 
No rincão, enquanto vovô Fermino vivia, o campo se destinava à criação do gado; as áreas de mato, após o corte e queima das árvores, destinava-se à plantação. Depois de sua morte (1977), as roças foram paulatinamente abandonadas e as várzeas de grama se transformaram em lavouras para a cultura do soja (mais lucrativa). 
As roças contribuíram significativamente para o assoreamento do Rosário, onde veio a ocorrer a mais grave degradação do habitat de inúmeras espécies de peixe. 
Durante minha infância e adolescência, admirava os cardumes de grumatã virando-se entre as pedras (feito baixelas de prata). Voga, traíra, jundiá e alguns outros (o maior foi um certo dourado) chegavam a um tamanho médio. 
Hoje aquela diversidade se reduziu a um número que se conta nos dedos. As espécies existentes não chegam a se desenvolver, ou devido às enchentes violentas, ou às redes (que deveriam ser para sempre proibidas). 
O afã dos pescadores (semelhante ao dos caçadores) não tinha limite, no princípio, jogando bomba nos poços inclusive e matando o rio aos poucos. Paralelamente, os lavoureiros também o matavam com os venenos agrícolas.

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