domingo, 20 de novembro de 2011

LEI DO SILÊNCIO(?)

Alguns vizinhos reclamaram do som alto emitido pelo Central Bailes, e o clube passou a realizar seus eventos dançantes no limite mínimo de decibéis. Alguns vizinhos do G.S.S.G.S., incomodados com o som alto, entraram na justiça contra o clube. Um vizinho ligou para a polícia, e a banda (que animava um aniversário no apartamento de Cristina) foi abrigada a suspender seu show de rock-and-roll.
A partir desses três exemplos, há uma clara indicação de que a "lei do silêncio" parece se impor na cidade, exigindo-lhe o que Freud descreveu (em O futuro de uma ilusão) como "uma compulsão e uma renúncia do pulsional". 
Todo o centro de Santiago deixou de dormir nessa noite, em razão de um baile de formatura no Clube União. A música estava num volume tão alto que fazia vibrar as janelas do meu apartamento (na Pinheiro Machado). 
Não entendo (ou faço de conta que não entendo) por que certos lugares e certos eventos são inatingíveis pela dita lei. Eles continuam a emitir seus decibéis amplificados por aparelhos potentes, sem que haja reclamação, denúncia ou processo dos moradores próximos.
O Júlio Prates está corretíssimo em suas análises sociológicas: ainda prevalece aqui uma cultura imposta pela aristocracia formada na primeira metade do século passado, quando era evidente a distinção entre as classes sociais.
O Clube União, a despeito da decadência econômica (ou da imiscuição cultural) sofrida pela aristocracia santiaguense, ainda se mantém altivo, a cavaleiro de quem o contempla da calçada. Noutro clube, não seria realizável com a mesma imponência uma simples formatura de Ensino Médio.

Um comentário:

Iolanda disse...

Froilam
Aqui em Nova Esperança do Sul a "Lei do Silêncio" funciona exatamente como você descreveu em seu post.
Percebe-se claramente o tratamento diferenciado para com certas entidades e mais especificamente, para com as classes sociais.
Aqui a polícia já acabou com eventos onde a classe social mais humilde, desfrutava de momentos de lazer, enquanto em alguns clubes ninguém dorme durante quase todos os finais de semana, devido ao volume excessivo do som.
Fica meu repúdio contra essas atitudes preconceituosas.