sexta-feira, 23 de setembro de 2011

4º MOTIVO DA ROSA

Alguém me pediu ajuda para analisar o poema 4º motivo da rosa, de Cecília Meireles. Dentro do primeiro nível a ser analisado, o fônico, pedia-me para fazer a escansão. 
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Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verás, só de cinza franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.

E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim. 
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O poema é comporto por versos decassílabos (dez sílabas), mas há uma exceção. Excepcionalmente, 
ao longe, o vento vai falando de mim
conta com 11 sílabas poéticas.
Logo pensei que se tratava de um equívoco na transcrição. Para esclarecê-lo, fui ao Google. Digitei "4º motivo da rosa" e passei a abrir os sites da primeira página.  Todos editavam o verso acima da mesma forma, mais o erro verbal verá (no lugar de verás). Seria um erro coletivo, que ocorre seguidamente no âmbito hipertextual. Copiar-colar é uma praxe da escrita eletrônica (cujas principais características são acessibilidade ilimitada e interatividade. Nesse aspecto, a rede deixou de ser confiável com a intromissão dos blogs nos sistemas de busca. Na segunda página do Google, todavia, o verso em questão aparece com outra grafia:
ao longe, o vento vai falando em mim.
(ao- lon- geo- ven- to - vai - fa- lan- doem - mim)
Agora um decassílabo.
Para tirar essa dúvida, hoje mesmo encomendei o livro Mar absoluto, da poeta brasileira. Aposto que ela não cometeu esse erro. O livro também pode trazer erro de impressão, uma vez que é editado por outras pessoas (que nem sempre sabem escandir um verso). 

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