segunda-feira, 18 de abril de 2011

LIÇÃO DE POESIA

Um senhor (que declama Jayme Caetano Braun  e canta nas rodas de cerveja) me chama para a conversa ao dizer que a rima é parte obrigatória da poesia crioula, que eu é que escrevo versos modernos, sem me utilizar desse recurso sonoro. (Obviamente, diz isso com outras palavras.) 
Ato contínuo, recito a primeira estrofe de Paisano, de Luiz Menezes: 
Um dia chegou de longe,
nunca se soube de donde...
Chapéu quebrado na testa
e um lenço preto ao pescoço,
negro como o pensamento
de uma china despeitada. 
Meu interlocutor recita a estrofe seguinte:
E afinal ficou de peão
da estância de "Seu" Quirino.
Ele é obrigado a reconhecer que nem sempre o poema crioulo é rimado. 
Aproveito-me de sua vocação para o assunto e vou mais longe, dizendo-lhe que tampouco o ritmo regular é obrigatório. Como exemplo, cito-lhe Herança, de Apparício Silva Rillo. Este, sim, um dos mais belos textos produzidos no gênero.
Infelizmente, meu interlocutor nunca leu meus poemas, nos quais ritmo e rima são recorrentes. 

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