sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A ORIGEM DOS ÁTOMOS

"Em 1946, o físico russo-americano George Gamow propôs as ideias básicas do que viria a ser o modelo do Big Bang. Desde 1929, quando o astrônomo Edwin Hubble mostrou que as galáxias se afastam umas das outras com velocidades que aumentam em proporção direta com as suas distâncias, sabíamos que o Universo está em expansão. [...] Gamow supôs, muito sensatamente, que, se o Universo está em expansão, deve ter sido menor no passado. Um espaço menor significa matéria mais densa e quente. [...] Se voltarmos suficientemente para trás no tempo, chegaríamos a uma época em que a temperatura e a densidade eram tão altas que a matéria estaria dissociada nos seus componentes mais simples. Por exemplo, começando quando a matéria estava dissociada em átomos, se voltássemos ainda mais no tempo, chegaríamos a um momento onde os átomos se dissociariam em elétrons e núcleos. Isso ocorreu bem cedo, antes de 400 mil anos após o Big Bang. Por que essa data e não outra? Antes disso, a intensidade das colisões entre a radiação e os elétrons impedia que estes se juntassem aos núcleos atômicos para formar átomos. [...] Com o passar do tempo, a expansão do Universo vai resfriando a radiação que, consequentemente, fica cada vez mais fraca. Por fim, incapaz de evitar a atração entre elétrons e prótons [...]. Essa época marca uma fronteira na história cósmica: antes dela, átomos não existiam, apenas partículas (elétrons, prótons e núcleos leves) e radiação. Depois dela, o cosmo tinha átomos e radiação. Essa radiação, respondendo apenas à atração gravitacional de grandes concentrações de matéria, preenchia o espaço como água numa banheira. No início, logo após a formação dos átomos, a radiação ainda era bastante energética, consistindo em ondas principalmente no visível e no ultravioleta - o Universo brilhava então. Com a expansão cósmica, a radiação foi se resfriando e perdendo energia, passando do visível ao infravermelho e, após bilhões de anos, às micro-ondas que são detectadas hoje. Gamow sugeriu que essa radiação fosse um fóssil da época em que os átomos surgiram no Universo, uma relíquia da infância cósmica. Quando Arno Penzias e Robert Wilson detectaram a radiação cósmica de fundo em 1965, a teoria do Big Bang obteve o suporte observacional de que precisava, passando a ser mais do que uma mera especulação." 
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O excerto acima, do livro do Marcelo Gleiser, esclarece um aspecto interessante do Universo logo após o Big Bang. Gleiser é de uma claridade que lembra Carl Sagan. 

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