sábado, 15 de janeiro de 2011

CAMPO VERSUS CIDADE

O terremoto de Lisboa, ocorrido em 1755, gerou uma discussão filosófica acalorada entre Rousseau e Voltaire. Para o primeiro, em essência, não haveria tantas mortes se os habitantes residissem mais separados uns dos outros, como os camponeses. Para o segundo, o terremoto serviu para provar que este não é o melhor dos mundos possíveis, ao mesmo tempo que provocava seu contemporâneo, após ter lido os argumentos acima, escrevendo em carta que tinha vontade de pastar de quatro. 
Não querendo tomar o partido de Rousseau, coloco em discussão uma diferença entre os habitante do campo e os da cidade. Das tantas que existem (algumas folclóricas), prefiro à seguinte: as pessoas do campo vão para a cama sentindo-se cansadas e levantam-se maravilhosamente bem; as pessoas da cidade vão dormir, sentindo-se maravilhosamente bem e levantam-se cansadas. 
A diferença que me ocorreu ao assistir os estragos causados por enxurradas e desmoronamento de terra tem a ver com a sabedoria quase instintiva com que os moradores do campo escolhem o lugar de suas casas em contraste com a falta de sabedoria quase racional dos citadinos ao escolherem o terreno de suas construções. Lá fora essa escolha não é acompanhada por um engenheiro, ao contrário daqui. São casas mais simples, é verdade, comparadas com as mansões e edifícios construídos em todos os centros urbanos. 
No interior, diga-se de passagem, ocorrem temporais violentos, enxurradas, deslizamentos, alagamentos...  Salvo raras exceções, dificilmente essas manifestações naturais atingem as casas. Vendavais, pedras e raios são inevitáveis. Vez ou outra causam mortes.
Apesar da aproximação que vem acontecendo entre campo e cidade, na questão acima dicotomizada, ainda há uma diferença evidente entre um e outra, com vantagem de uma melhor qualidade de vida natural para o homem do interior. 

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