terça-feira, 9 de novembro de 2010

NOVO ÍNDEX

O Índex Librorum Prohibitorum foi criado pela Igreja Católica em 1559, no Concílio de Trento, e tinha como objetivo queimar livros que de alguma forma contrariava a doutrina cristã. A última edição do índex, pasmem os leitores, ocorreu recentemente, em 1948, e continha uma relação de 4.000 títulos condenados. Quando a igreja achava que queimar os livros não era suficiente, jogava na fogueira seus autores (como foi o caso de Giordano Bruno). Ainda por motivos religiosos, o fundamentalismo islâmico condenou à morte Salman Rushdie, autor do romance Versículos satânicos (eu li). O escritor indiano foi obrigado a se refugiar na Inglaterra para fugir à fatwa do Aiatolá Khomeini. No século XX, muitos livros foram queimados por motivos políticos. A revolução (a)cultural promovida por Mao Tsé-Tung na China intentou substituir uma história milenar (incluindo a sabedoria de Confúcio) por um único Livro Vermelho. Para isso, atacou os intelectuais, fechou as universidades e queimou livros.  Outras revoluções condenaram, apreenderam e queimaram livros pelo mundo afora, algumas vezes para evitar o que aconteceu, acontecia ou aconteceria na China. No século XXI, todavia, a primeira condenação de um livro ocorre em nosso país. Pasmem os leitores. O julgamento condenatório parte do Conselho Nacional de Educação. O livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, seria racista, em razão de passagens como a que se refere à tia Anastácia, "que tem carne negra" (na fala de Emília). Lembro-me de ter lido esse livro na adolescência, uma história cheia de emoção. Se a moda pega (desde já, sou contra), muitos outros autores deverão ser relacionados nesse novo índex tupiniquim. 

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