terça-feira, 31 de agosto de 2010

UNSCOB - MINUSTAH

As siglas acima representam mais de 60 anos de operações no exterior, em que militares brasileiros participam para manter a paz no mundo (sob a égide da ONU ou não).
A Comissão Especial das Nações Unidas para os Balcãs (UNSCOB) foi estabelecida por uma assembleia-geral em 1947. Sua missão era vigiar as fronteiras entre a Grécia e Albânia, Iugoslávia e Bulgária. Um ano antes, "um forte movimento de inspiração comunista, liderado pelo General Markos e contando com mais de 25 mil militantes, opõe-se ao governo grego. (...) Os rebeldes refugiam-se ao longo da orla montanhosa que acompanha a linha de fronteira". Criam um território da "Grécia Livre", com um exército fortemente armado com equipamentos alemães abandonados, material aliado desviado durante a guerra e provisões recebidas de países comunistas. Na região de Grammos, praticam atos de sabotagem e atacam cidades do interior.
"Muitas atrocidades foram cometidas durante o conflito, mas o rapto em 1949 de 28 mil crianças de três a 13 anos pelos rebeldes da 'Grécia Livre' foi um dos capítulos mais dolorosos da época." (Esse filme se repete até hoje: eles revolucionam em nome da liberdade, mas acabam criando estados-prisão para o povo.)
Os guerrilheiro perderam o apoio da Iugoslávia, concomitantemente foram atacados com mais eficácia pelo Exército grego. A situação voltou à normalidade, com a Grécia livre daqueles comunistas que queriam uma "Grécia Livre".
"Uma rebelião promovida por ex-militares e policiais do Haiti resultou em violência generalizada e grave ruptura da ordem. (...) O presidente haitiano acabou deixando o país", quando os insurgentes ameaçavam marchar sobre Porto Príncipe. Outra vez, o Conselho de Segurança das Nações Unidas autorizou uma Força Multilateral Interina para o Haiti (FMIH) em 2004, sendo essa força substituída pela Missão das Nações Unidas de Estabilização no Haiti (MINUSTAH). A MINUSTAH continua em atividade.
(Citações transcritas do livro Brasil: 60 anos de Operações de Paz, de Paulo Roberto Campos Tarrisse da Fontoura.)

GRANDES CAMPANHAS

A 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada se engajou na Campanha do Agasalho e angariou 60.000 peças. Em seguida, realizou a Campanha do Quilo nas cidades-sede de suas Organizações Militares (Itaqui, São Borja, São Luiz Gonzaga, Santa Rosa e Santiago). Quantidade final arrecadada: 26.251 quilos de alimento não-perecível. Isso deu origem a um desejado problema: para quem distribuir as 26 toneladas. Em São Luiz, por exemplo, o 4º Regimento de Cavalaria Blindado arrecadou 13.000 (metade do total). Nessa cidade, tão laboriosa quanto solidária, encontrar pessoas/instituições carentes de comida não será uma tarefa das mais fáceis. É extraordinário que seja assim. Em Santiago, foram mais de oito toneladas, suficientes para prover com gêneros nossas entidades assistenciais (já atendidas por outras mobilizações frequentes para esse fim). O grande objetivo da campanha de 2010 era superar o arrecadado no ano anterior. Foi atingido com uma vantagem de 8.751 quilos. A propósito, a solidariedade constitui-se num atributo que vem caracterizando cada vez mais nossa sociedade. O Exército Brasileiro não é uma exceção. A prova está no último contingente da força que retorna do Haiti (com 83 militares da nossa Brigada "José Luiz Menna Barreto"). A situação haitiana, a partir do grande terremoto, passou a exigir muito trabalho solidário, somando-se ao já realizado para a paz. Além de manter a segurança, os integrantes do Brabatt2 eram voluntários para distribuir alimentos, reconstruir orfanatos, entre outras ações humanitárias fora do horário de expediente. Aqui, na região de abrangência da 1ª Bda C Mec, os boinas pretas se engajaram em duas campanhas de significativo valor filantrópico, para abrigar gente do frio e dar-lhe alimentação necessária.

domingo, 29 de agosto de 2010

CONCERTO ESPECIAL

Ontem fui assistir ao Concerto Especial nº 22 - Opus 691, realização do Clube de Música Amigos de Beethoven. Programa:
1. Pastoral - Final da Sinfonia nº 6, Op. 68 (Beethoven);
2. Rigoletto - La Donna É Móbile (Giuseppe Verdi);
3. Vozes da Primavera (Johann Strauss Jr.);
4. Luiza (Tom Jobin);
5. La Paloma (Sebastián de Yradier);
6. Concerto para uma só voz (Saint-Preux);
7. Tarantela Napolitana (Folclore italiano);
8. Sole mio (Eduardo Di Cápua);
9. Branca (Zequinha de Abreu);
10. Santa Luzia (Teodoro Cottrau);
11. Ave Maria (Charles François Gounod);
12. Pequena serenata noturna (W. Amadeus Mozart).
Diogo Bonatto (violão e voz), Bruno Immich (violino) e Dinorá Campello (piano).

sábado, 28 de agosto de 2010

LANÇAMENTO DE LIVRO

Há pouco cheguei do lançamento do livro Cerne do Pampa - Memórias do velho Giba, de Gibelino Minuzzi. O evento ocorreu no Círculo Militar de Santiago, com a presença dos familiares e amigos do querido octogenário. Entre os presentes, Mônica Leal e José Francisco Gorski (candidatos à Assembleia Legislativa). O Cel. Antônio Fernando Rosa Dini, ex-comandante do 19º GAC, e D. Maria Madalena Skoloude Dini vieram de Caxias do Sul especialmente para o lançamento.
O livro traz uma apresentação de orelhas assinada pela jornalista Sandra Siqueira. O prefácio foi escrito por Mônica Leal, quando secretária estadual da Cultura. Depoimentos do general Cesário da Silva Filho, Júlio César Viero Ruivo, Chicão, Cássio Fernando Lopes Peixoto, Clovis Fernando Ben Brum, coronel Antônio Fernando Rosa Dini, Maria Madalena Skoloude Dini, tenente-coronel Alexandre Gomes Ferreira Braga, Éden de Paula e Pedro Américo Leal. Com a mesma finalidade de homenagear o velho Giba, também é publicado um poema crioulo de Antônio Cadaval.
Fotos, crônicas autobiográficas. Reminiscências, reminiscências...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

REVISTA FILOSOFIA

CERTEZA ABSOLUTA?
Entenda como a verdade pode ter uma dupla forma de abordagem diante da visão filosófica.
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O CETICISMO DE DAVID HUME
Pensador iluminista defendeu a emancipação do homem frente ao pensamento religioso.
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EM CENA
Como o teatro e a filosofia andam juntos para encontrar o real significado da existência.
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CUIDADO COM A ALMA
Sócrates e a difusão do autoconhecimento para a busca da felicidade.
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INFLUÊNCIA
O 40º aniversário da morte de Bertrand Russel e o centenário de sua Principia mathematica.
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EDITORIAL
Dúvida como parâmetro.
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EM DEBATE
Sentido ético do eterno retorno em Nietzsche.
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ARTE COMO MIMESE DA NATUREZA
Será que a pintura e a poesia trágica nos afastam da verdade e da experiência do real?
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PROPÓSITO DA VIDA
Quem eu quero ser agora que cresci?
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(A revista traz três filósofos que mais gosto: Hume, Nietzsche e Russel.)

CONFIANÇA ABALADA EM NOSSOS MÉDICOS

Há muitos anos, sofro de uma escamação nas mãos, mais precisamente sobre as juntas dos dedos. Já consultei vários médicos. Segundo os especialistas, ou é psoríase, ou é ácido úrico elevado. Na última vez que consultei, o dermatologista me assegurou que não era psoríase. No mesmo dia, fui ao urologista (que também manja de rins). Esse, depois de examinar as escamações em minhas mãos, disse-me que não era problema de ácido úrico alto. Em meia hora, dentro do mesmo hospital, dois pareceres diferentes. Os dois médicos não sabem o que sei: minha psoríase é de fundo emocional, aparece nos momentos de crise; minha taxa de ácido úrico é altíssima.


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

OFICINA DE ARTE POÉTICA (III)

O poeta compreende o que Nietzsche quis dizer com a seguinte frase: “A existência do mundo só se justifica como fenômeno estético”. No âmbito da linguagem verbal, a poesia constitui-se a mais bela justificativa de todo discurso.
O Departamento de Literatura do Centro Cultural de Santiago convida os interessados em conhecer a arte poética para o início de sua oficina, dia 30 de agosto, às 19 horas. As inscrições continuam abertas, ao preço de R$ 10,00 (somente para os gastos com folhas de papel e xerox). Horário, número de aulas por semana e outras questões pertinentes à realização da oficina serão acertados no encontro de segunda-feira.

Nas primeiras aulas, o oficineiro apresentará um painel com os principais poetas da literatura brasileira. Leitura e análise de poemas. Fixação de conceitos fundamentais. Não necessariamente nessa ordem.

A iniciativa tem por fim uma melhor qualificação daqueles que desejam produzir ou que já produzem com literariedade (com estética) na Terra dos Poetas.

Participe!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

AMIGOS DE BEETHOVEN

Hoje me perguntava o que faria nesta noite. Mais que pensar e escrever na coluna para o Expresso Ilustrado, talvez blogasse alguma coisa, jogasse um xadrez online, lesse um pouco. Ando fugindo de uma cefaleia, provavelmente a enxaqueca, que me impede de ficar mais tempo diante da tela branca do computador e da folha de papel. Chego em casa e logo toca o interfone: meu amigo Otelo Ribeiro veio trazer-me o convite para o coquetel de abertura da exposição comemorativa dos 30 anos de existência do Clube de Música Amigos de Beethoven. Abro minha caixa de e-mails, e uma das mensagens fora mandada por Carlos Max Andres, também me convidando para o evento. O coquetel será às 20:30 h desta terça-feira, no Centro Cultural de Santiago.
(Por razões que desconheço, considero a música a arte suprema. Por razões que conheço, a poesia.)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O DRAMA DE CIELO

O que explicaria a queda na performance de determinados atletas, independentemente do esporte a que se dedicam, assim que eles se tornam foco midiático? Imaturidade psicológica? Condição que o levaria facilmente ao autodeslumbramento, a maior dificuldade em manter a concentração anterior, o mesmo impulso para superar a si próprio. Há um excesso de exemplos, entre os quais cito Cesar Cielo. Para justificar seus últimos fracassos, o nadador sintetiza o drama que vive em poucas palavras: "Eu estou fazendo as mesmas coisas, mas não sou o mesmo atleta de antes". O que lhe é mais prejudicial: o peso do próprio recorde ou a fama, o dinheiro?
(Outros atletas que foram afetados pela mídia, ora mais, ora menos: Gustavo Kuerten, Ronaldinho Gaúcho, Acelino "Popó" Freitas, Daiane dos Santos...)

domingo, 22 de agosto de 2010

CRÔNICA DE UM ARTILHEIRO


O estádio inteiro silencia no momento em que a bola é suspensa na pequena área. O jogador está de costas e prepara o lance inventado por Leônidas da Silva. Depois do "Diamante Negro", poucos conseguiram marcar um gol de bicicleta, desses que merecem uma placa. O corpo impulsionado para trás... Pé esquerdo no ar... Pé direito na bola... No ângulo! Em uníssono, a torcida organizada grita o nome do artilheiro: Jorjão! Jorjão! Jorjão!

sábado, 21 de agosto de 2010

USAR PALAVRAS SIGNIFICATIVAS

Da matéria As lições dos mestres, da revista Língua, transcrevo o que se segue:
Perguntado sobre que tipos de leitura nos ensinam a escrever, o poeta Glauco Mattoso assegura que a poesia ainda é a melhor maneira de conhecer as palavras.
- A poesia trabalha a palavra ao limite, isoladamente. Cada palavra é ela mesma um texto. Quando você mexe nelas isoladamente, pensa uma por uma, acaba tendo uma visão melhor do todo, que é o texto. O leitor interessado em aprimorar o seu processo de escrita deveria começar a ler os poetas clássicos - afirma Mattoso.
Mattoso cita referências clássicas antigas (Homero, Catulo, Horácio, Anacreonte e Virgílio), renascentistas (o Luís Vaz de Camões de Os Lusíadas; o Tomás Antônio Gonzaga de Marília de Dirceu) e, principalmente, modernas (Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade).
- Drummond rompe com toda a tradição. O Bandeira fez a ponte entre dois estilos, entre a poesia mais regrada e a moderna. [...]
O poeta admite a importância de ler prosa, mas adverte que a prática pode produzir vícios na linguagem e na forma. Mesmo em profissionais da escrita, como no jornalismo, há vícios, como figuras de linguagem que se repetem. A leitura da poesia, por ser um gênero que lida com diversos significados e acepções das palavras, inclusive as figuradas, permite que as pessoas pensem melhor, reflitam sobre o significado das palavras e do mundo. Assim, acaba-se não só ampliando o vocabulário como descobrindo possibilidades expressivas, o que alarga o universo do redator.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

POETA ASTRÔNOMO

Essa copiei do blog de Vieira Calado, poeta português que ensina astronomia.
(Para melhor leitura do poema, clicar sobre a foto.)

LEITURAS SUPERFICIAIS

Para especialista, Google está diminuindo capacidade de concentração das pessoas.
Ainda que o Google tenha revolucionado a linguagem das pessoas e da internet, a empresa está longe de ser uma unanimidade. No recém-lançado Is Google Making Us Stupids? [O Google está nos deixando estúpidos?], o autor Nicholas Carr avalia a influência do mecanismo de buscas mais famoso do mundo sobre a mente das pessoas. O livro aborda como a sociedade mudou da tradição oral para a palavra escrita, relatando o processo de reorganização do cérebro para se adaptar às novas fontes de informação. Para Carr, a internet fez com que nossas leituras ficassem mais superficiais. Estaríamos nos tornando, segundo ele, mais bibliotecários, capazes de encontrar informações com agilidade, e menos acadêmicos, posto que incapazes de ler textos mais longos e complexos.
(Extraído da revista Língua portuguesa, nº 58 - Agosto de 2010)

A POÉTICA DO DEVANEIO

O que escreveu Bachelard ao longo das 26 páginas da Introdução de A poética do devaneio? Transcrevo alguns excertos para que meus visitantes interessados possam tomar contato com um filósofo fora do comum.
"Nas horas de grandes achados, uma imagem poética pode ser o germe de um mundo, o germe de um universo imaginado diante do devaneio de um poeta."
"A fenomenologia tem boas razões para tomar a imagem poética em seu próprio ser, em ruptura com um ser antecedente, como uma conquista positiva da palavra. Se déssemos ouvidos ao psicanalista, definiríamos a poesia como um majestoso Lapso da Palavra."
"É pela intencionalidade da imaginação poética que a alma do poeta encontra a abertura consciencial de toda verdadeira poesia."
"O devaneio é uma fuga para fora do real."
"O devaneio é um pouco de matéria noturna esquecida na claridade do dia."
"É precisamente pela fenomenologia que a distinção entre o sonho e o devaneio pode ser esclarecida, porque a intervenção possível da consciência no devaneio traz um sinal decisivo."
"Há horas na vida de um poeta em que o devaneio assimila o próprio real."
"A poesia nos proporciona documentos para uma fenomenologia da alma."
"Para Ferenczi, psicanalista dos mais argutos, a busca das etimologias é um substituto das perguntas infantis sobre a origem das crianças."
"Tentaremos apresentar, de forma condensada, uma filosofia ontológica da infância que põe de parte o caráter durável da infância. Por alguns de seus traços, a infância dura a vida inteira. É ela que vem animar amplos setores da vida adulta. Primeiro, a infância nunca abandona as suas moradas noturnas. Muitas vezes uma criança vem velar o nosso sono. Mas também na vida desperta, quando o devaneio trabalha sobre a nossa história, a infância que vive em nós traz o seu benefício. É preciso viver, por vezes é muito bom viver com a criança que fomos. Isso nos dá uma consciência de raiz. Toda a árvore do ser se reconforta. Os poetas nos ajudarão a reencontrar em nós essa infância viva, essa infância permanente, durável, imóvel."
"Os poetas nos arrastam para cosmos incessantemente renovados."
"Os poetas sempre imaginarão mais rápido que aqueles que os observam imaginar."
Os excertos acima sintetizam os capítulos do ensaio bachelardiano.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

MAIS LIVROS


Hoje recebi esses dois livros. Comecei a ler o primeiro. Meu interesse pelo A poética do devaneio teve origem na leitura de um artigo de duas professoras da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), A poética do devaneio e da imaginação criadora em Gaston Bachelard. Entre as frase que iluminei do artigo, releio a seguinte: "No livro A poética do devaneio, Bachelard afirma que um excesso de infância é o germe de um poema".

terça-feira, 17 de agosto de 2010

LÍTERO-CULTURAL*

(OU SOBRE AS MANEIRAS DE PRESTAR UM SERVIÇO À CULTURA)
Entre os múltiplos significados para o termo cultura, Houaiss coloca o seguinte: "complexo de atividades, instituições, padrões sociais ligados à criação e difusão das belas-artes, ciências humanas e afins". Em Santiago, já fixado o epíteto Terra dos Poetas, há uma manifesta preponderância da literatura, que apresenta e requer (ao mesmo tempo) um número cada vez maior de partícipes em torno de uma aculturação social ainda não experimentada anteriormente. Nesse sentido, a obra mais destacada continua sendo a Rua dos Poetas, panteão dos ilustres santiaguenses (de nascimento ou por adoção) que produziram com a matéria-prima verbal. A grandiosidade do projeto exigiu (e exige) a participação de muitos, razão que me levou a cooperar voluntariamente. Nunca trabalhei com igual entusiasmo e dedicação, mal-interpretado por alguns opositores dessa obra pública. Fator de inegável embelezamento urbano, a Rua dos Poetas resgata e expõe a história lítero-cultural de nosso município. O resultado positivo das críticas recebidas injustamente** foi uma reflexão que me deu mais tranquilidade para continuar no papel de um agente de cultura, ou auxiliando pessoas e instituições, ou em minha casa. Isso mesmo! Ao produzir prosa ou poesia, como fizeram Manuel do Carmo, Antônio Carlos Machado, Sílvio Duncan, Caio Fernando Abreu***, entre outros, contribuo para que haja cultura em nossa terra. Falo na primeira pessoa, mas é uma regra a que se submetem todos os escritores, poetas ou prosadores, por mais isolados da (ou pela) sociedade. A maior ou menor contribuição de cada um vai depender da qualidade do que é produzido individualmente (com a chancela de criticidade emitida pelo tempo).
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* Texto publicado na coluna do Expresso Ilustrado em 5 de fevereiro de 2010.
** Injustamente, porque algumas vozes se fizeram ouvir, contrárias à escolha de Caio Fernando Abreu para figurar na Rua dos Poetas. Muitas desses vozes são ouvidas hoje de bocas que se enchem para falar de Caio.
*** A propósito, lá pelas décadas de 70 e 80, Caio Abreu produzia cultura individualmente, distante daqui. Mas era santiaguense.

UMA HISTÓRIA INTERESSANTE

Na primeira fala que fez no foyer da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, o novo capelão contou-nos a seguinte história: No antigo Oriente Médio, as cidades fortificadas tinham em seus portais os lugares formais das grandes decisõe s da sociedade. Os mais velhos, os anciães eram juízes das causas comuns e difíceis, responsáveis também para aconselhar os que entravam e saíam da cidade. Numa dessas cidades, um sábio permanecia à porta observando o deserto com suas areias intermináveis. Ao longe, o ancião notou um peregrino que se aproximava. Quem chega é um jovem, faminto, sedento, roupas gastas. Diante do ancião, curva-se e diz: “Grande sábio, permita-me entrar em tua cidade?”. O ancião responde: ”Por que devo deixá-lo entrar em minha cidade?”. “Ah, senhor, a minha cidade é um lugar horrível, cheio de homens maus, avarentos, maledicentes; a cidade é suja, não há lugar pior, por isso fugi de lá”, desabafou o jovem. O sábio põe a mão no ombro do jovem e diz: “Levante-se, meu filho, tome outro caminho, esta cidade é dez vezes pior que a sua”. O outro se levantou, seguindo o conselho. Algum tempo depois, ao longe, notou o ancião outro peregrino vindo do deserto. Aproxima-se o visitante, também faminto, sedento... Curva-se e fala: “Sábio ancião, permita-me entrar em tua cidade?”. O conselheiro responde: “Por que devo deixá-lo entrar em nossa cidade?”. “Senhor, minha cidade é um lugar maravilhoso, cheio de homens honestos e bons; nossa cidade é simples, limpa e organizada, muitas pessoas estão chegando lá agora. Animado com a minha cidade, saí peregrinando para saber se há outros lugares tão bons”. O sábio ajudou o jovem a levantar e disse sorrindo: “Achaste o caminho, entre em nossa cidade, ser-lhe-á tão boa quanto a sua”. Essa história contada pelo Asp Addson é interessante. Interessantíssima ao substituirmos cidades por pessoas.

NOVO BLOG EM SANTIAGO

Informo aos caros visitantes que um novo blog se insere no universo hipertextual de nossa comunidade: http://www.blogdoaddson.blogspot.com
Recentemente chegado a Santiago, o Asp Of Addson Araújo Costa é o novo capelão militar da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, substituindo o Cap James Vasconcellos Mesquita (já transferido para Manaus).
Addson, bem-vindo!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

NÍTIDAS LEMBRANÇAS

Por que certas lembranças da infância ganham em nitidez à medida que mais se distancia o fato a que remontam do presente? Por ocorrerem repetidas vezes, elas teriam o acréscimo coesivo da imaginação (a preencher as lacunas de esquecimento)?

sábado, 14 de agosto de 2010

CRÔNICA DE UM PERSCRUTADOR

O Rincão dos Machado fica sob a rota de pequenos aviões que se deslocam entre Santa Maria e Santiago, entre Porto Alegre e São Borja... Sei lá de que cidade vêm ou para que cidade vão os monomotores que cruzam por este pedaço de céu que tanto perscruto com olhos de menino. Ao distinguir o ruído sobre o silêncio da paisagem, suspendo o que faço, tarefa mandada ou brincadeira, para identificar o pequeno objeto que lembra uma cruz com reflexos metálicos. Do alto do Capão Bonito, o Paulo me diz que é possível ver o aeroporto rente ao horizonte. Pra não mentir, ainda não consegui vê-lo, a não ser um ponto que percorre a linha entre céu e terra. O avião que decola ou aterrissa. Para aumentar os mistérios que desafiam minha cognição, o pai compra um rádio. O rincão vive seus dias de infância.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

FOGO INEVITÁVEL

A ciência me ensina didaticamente (como 2 + 2 = 4) que o Sol queimará a Terra, potencializado pela fusão do Hélio que se acumula em seu núcleo. A Bíblia me profetiza que “os céus, incendiando-se, serão desfeitos, e os elementos se fundirão ao serem queimados”. A arte cinematográfica me mostra um cenário apocalíptico, resultado de uma guerra que “abriu um buraco no céu (por onde) vieram os raios do Sol e queimaram tudo”, forçando os sobreviventes a viverem certo tempo na sombra de ruínas ou dentro de cavernas. Ninguém me fala de uma nova glaciação futura, com o planeta coberto de gelo. Caso isso venha a acontecer, poucos sobreviveriam de nossa espécie. Todavia, a probabilidade do gelo parece não nos assombrar tanto quanto a do fogo. Já sofremos hoje com os primeiros indícios (e provas) do aquecimento global. O fenômeno que começou a ser questionado pelos cientistas, passa a ser referido pela produção estética (literatura e cinema) e acabará como confirmação da vinda do “dia do Senhor” para os cristãos. A inconfessável alegria de quem crê na palavra revelada (de realização das profecias), para mim, vai de encontro ao instinto especista, de amor à humanidade. Independentemente do comportamento moral dos homens, de suas crenças religiosas e da nefasta interferência no meio ambiente, a Terra será queimada pelo Sol que lhe propiciara a vida. Aqui me ocorre uma imagem que associa avanço tecnológico, mito bíblico e imaginação literária: um Noé espacial, no comando de gigantesca nave, conduzirá belos espécimes humanos para um exoplaneta que se encontra, em relação à sua estrela, na zona conhecida como “cachinhos dourados”.

* O Livro de Eli

PROTESTO FUNDADOR

A propósito do que editei abaixo, ratifico meu discurso já iniciado em setembro de 2009, com a postagem "Protesto fundador". Futuramente, quando os brasileiros deixarão de ir aos estádios de futebol, enojados com a política de mercantilização de um esporte antes apaixonante e puro, deverei ser lembrado como pioneiro.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

POLÍTICA E FUTEBOL

No tempo da oralidade, um dos preconceitos populares, senso comum, sustentava que não se discutia política e futebol. A justificativa é conhecida de todos: trata-se de assuntos que envolvem a paixão (mais do que o simples gosto). Toda conversa sobre esses dois motivadores passionais quase sempre levou seus interlocutores à controvérsia, à polêmica. Exceção para os correligionários e co-torcedores.
Um dos grandes benefícios do (auto)conhecimento é a superação realizada pelo indivíduo diante do que Francis Bacon denominou de ídolos. Para não ficar difícil, torno ao argumento anterior, da paixão. Esta diminui de intensidade à medida que avança o processo racional, de (auto)consciência.
Foi o que ocorreu comigo. Pelo menos na última década, vejo diminuir paulatinamente o interesse que tinha antes por uma eleição, por uma Copa do Mundo. Em 1982, por exemplo, colei adesivo no peito para governador e chorei a desclassificação da seleção brasileira na Espanha.
O que conheço da política e do futebol, principalmente da maneira de como são conduzidos uma e outro, já é suficiente para ter nojo de ambos. Se o termo "nojo" parece meio forçado, retrato-me com uma afirmação: amo a literatura.



domingo, 8 de agosto de 2010

O QUE É POESIA?

Defino a poesia, por um lado, como uma forma de dizer as coisas mais conhecidas, de preferência, uma forma ainda não conhecida de dizer (que cause surpresa e encantamento). Dessa forma, não é só o que dizer que interessa, mas como. Por outro, poesia é dizer coisas inauditas (que também causem surpresa e encantamento). Para exemplificar a primeira parte da definição acima, cito a poesia concreta, a práxis, a visual. Para a segunda parte, Manoel de Barros.

O poema solida, de Wladimir Dias Pina, fundamenta-se no como dizer.











O poema II, de O livro das ignorãças, de Manoel de Barros, fundamenta-se no quê.

Desinventar objetos. O pente, por exemplo. Dar ao

pente funções de não pentear. Até que ele fique à

disposição de ser uma begônia. Ou uma gravanha.


Usar algumas palavras que ainda não tenha idioma.

Ou este outro:

Conheço de palma os dementes de rio.

Fui amigo do Bugre Felisdônio, de Ignácio Rayzama

.........e de Rogaciano.

Todos catavam pregos na beira do rio para enfiar no

.........horizonte.

Um dia encontrei Felisdônio comendo papel nas

.........ruas de Corumbá.

Me disse que as coisas que não existem são mais

.........bonitas.

Obviamente, poesia é forma (o como) e conteúdo (o quê) ao mesmo tempo.

SINTONIA OU PLÁGIO?

Ferreira Gullar, participando da FLIP, falou ontem:
"Vocês estão cansados de ouvir poeta dizer: fazer poema é um sofrimento. É mentira. Ninguém te obriga a fazer. O poema pode tratar de coisas doidas. Mas como disse Elliot, eu escrevo para me livrar da emoção. O poema é alquimia: transfigura as coisas, transforma a dor em alegria. A arte existe porque a vida não basta".
Essa última frase do poeta não repete o que escreveu Fernando Pessoa, "A literatura, como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta"? (Aqui postada em 3 de agosto de 2010)

sábado, 7 de agosto de 2010

REALIDADE E FICÇÃO

Leio no Zero Hora de hoje sobre o calor sufocante que faz em Moscou. "A capital da Rússia amanheceu ontem tomada por uma densa fumaça produzida pelos incêndios florestais. Com a temperatura próxima de 40ºC e uma alta concentração de partículas tóxicas no ar, aviões foram impedidos de decolar dos aeroportos da cidade. Em locais turísticos, como a Praça Vermelha, uma bruma negra se instalou, provocando irritação nos olhos e garganta, e obrigando os moscovitas e turistas a usar máscaras de proteção."
A imagem que acompanha a matéria parece captada de algum filme catastrofista.
No caderno Cultura, outra matéria anuncia um romance sobre o clima, do escritor britânico Ian MacEwan. "Solar propõe um tratado sobre a culpa ao avaliar as decisões de um físico premiado pela Academia Sueca. Ian McEwan sobe os termômetros do mercado e inaugura a literatura sobre as alterações climáticas. A sátira amarga aborda um tema nevrálgico da atualidade - o aquecimento global."
A leitura dessa duas matérias me faz lembrar de um diálogo interessante do romance O gênio e a deusa, de Aldous Huxley. (Busco o livro na estante para transcrevê-lo:)
- O mal da ficção - disse John Rivers - é que ela faz sentido demais. A realidade nunca faz sentido.
- Nunca? - contestei.
- Talvez do ponto de vista de Deus - concedeu ele. - Do nosso, nunca. A ficção tem unidade, a ficção tem estilo. A realidade não possui nem uma coisa nem outra. Em seu estado bruto, a existência é sempre um infernal emaranhado de coisas, e cada uma dessas coisas é simultaneamente Thurber e Miguel Ângelo, é ao mesmo tempo Mickey Spillane e Thomas Kempis. O critério da realidade é a sua incongruência intrínseca...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

PERSONALIDADE POR ESCRITO

A última revista Língua Portuguesa (nº 57 - Julho de 2010) traz uma matéria interessante sobre a arte da escrita. Segundo Edgard Murano, "Todo texto, por mais impessoal que seja, projeta uma imagem de seu autor". Alguns estilos em que se sobressaem traços idiossincrático afugentam o leitor:
"O afetado - Quer passar a imagem de que está em sintonia com as ideias da moda, daí sobrecarregar o discurso com frases de efeito, mas que o conectem a uma certa identidade ou tendência. Assume o risco de tornar o texto difícil, com termos extravagantes, estrangeirismos cifrados, além de expressões vazias de sentido.
"O arrogante - É o texto de quem banca o sabe-tudo. Não importa a eficácia da mensagem, mas a construção de uma imagem de domínio do assunto, qualquer que seja ele. Daí textos ao mesmo tempo prolixos (a transpirar sapiência técnica) e simplificadores (por tratar o leitor como um ser inferior).
"O bacharelesco - Estilo academicista, diz o simples de modo complicado. Confunde clareza com falta de precisão. Trata tudo com formalidade, mesmo o insignificante e o senso comum. Imagina um leitor informado, e por isso evita ser minucioso demais e adianta conclusões. Mas como o leitor sem sempre é outro acadêmico, deveria esclarecer cada ponto.
"O confuso - Texto truncado, sem encadeamento lógico de ideias, revela alguém a ignorar que o modo de apresentar os fatos já é, em si, um argumento. Repetições e raciocínios truncados ocorrem quando, por exemplo, uma observação particular é seguida por uma geral e depois dá lugar a outros aspectos particulares.
"O picareta - Falso criativo, não entrega o que promete. Trabalha com valores consagrados, criando uma espécie de positivo absoluto, um texto 'curinga' repleto de valores inquestionáveis que se adaptam a qualquer tipo de redação, ainda que não digam a que vieram. Sábio o bastante para dizer coisas que significam tudo e nada.
"O subalterno - A linguagem não é só burocrática como vaga, pois não assume compromissos nem responsabilidade, pois teme a hierarquia e as instâncias de poder superior. Evita correr riscos pelo leitor, por isso não o surpreende.
"O verborrágico - Com frases longas, empoladas e enfileiradas, acredita que do contrário seria tomado simplório. A erudição forçada e a preocupação excessiva com a estruturação das frases traem a fragilidade de conteúdo. A linguagem se torna pouco clara, inclusive a um leitor técnico."

(Não incluí o "tímido", por julgar quase uma repetição do estilo "subalterno".)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

FLIP


Mais uma vez, a Literatura em evidência. Até domingo, Parati abriga a Festa Literária Internacional. Entre os escritores que estarão presentes, destacam-se Ferreira Gullar, Isabel Allende, Moacyr Scliar, Patrícia Melo e Salman Rushdie (autor condenado pelo islamismo a partir de Versículos satânicos). Este ano, o homenageado é um sociólogo, não por acaso um dos mais destacados estudiosos brasileiros de todos os tempos, Gilberto Freire. Seu livro Casa-Grande & Senzala está entre os livro que me acompanham nas idas e vindas (Versículos satânicos também). Na foto acima, a Tenda dos Autores.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

FRIO VERSUS CALOR

Numa visita à blogosfera, transcrevo o depoimento do meu amigo João Lemes, de inegável coerência (num mundo superpovoado de hedonistas). Escreve em seu blog, "Foi nessa manhã fria que eu e minha empregada fizemos um acordo lá em casa: não vamos reclamar do calorão de dezembro e janeiro". A maioria reclama do frio, e reclama do calor. Sou exceção, como o é JL, ainda que para contraponteá-lo: não reclamo do frio. Não suporto a soalheira, o suadouro, o sufoco. Alguns defensores do calor, numa demonstração de alto espírito de solidariedade humana, justificam que os pobres sofrem com o frio. Concordo que sofram. O calor não castiga tanto, mata mais. Há pouco, li em notícia.terra.com que uma onda de calor no Japão deixa ao menos 66 mortos. Cerca de 15 mil pessoas foram hospitalizadas. Esses números são inconcebíveis para a situação oposta. A vida é a melhor referência, incontestável referência.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

LEITURA OBRIGATÓRIA

Para quem vê "psicopatas" em nossa cidade, recomendo a leitura de O alienista, de Machado de Assis (que era de poucos amigos). O Dr. Simão Bacamarte, do conto machadiano, também via loucos em sua Itaguaí e não demorou para interná-los. No final, acabou ele se recolhendo à Casa Verde.
Em Santiago, é possível que exista borderline, indivíduo que, numa hora, fala ou escreve uma coisa e, noutra hora, tenta desmentir (mentindo descaradamente); indivíduo que ri, falando/ escrevendo coisas que não deve, e chora para que seja perdoado; indivíduo que transfere seus defeitos, de caráter, para pessoas que sempre o auxiliaram.
Sim, é possível que exista borderline em nosso meio, sempre falando de cultura.

FRASE DO DIA

A literatura, como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta.
Fernando Pessoa

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

OFICINA DE ARTE POÉTICA (II)

O estudo da poesia deve começar por saber quem foram os poetas, sobre o que e como produziram, considerando-se a importância do conteúdo e da forma equivalente. A partir dessa premissa, o único texto sujeito a estudo consiste no produzido em nosso belo português. Na tradução de outra língua, tampouco o significado pode ser mantido plenamente, uma vez que a ele se somam elementos poéticos exclusivos de cada significante. Por exemplo, “window” e “janela” significam a mesma coisa, mas são termos completamente distintos em sonoridade e extensão. Por isso e muito mais, a oficina que orientarei no Centro Cultural começará por um amplo painel dos poetas de língua portuguesa, mormente os brasileiros. De José de Anchieta aos contemporâneos, hei de expor a essência de cada um, o melhor de sua poesia. Cada um associado ao contexto histórico e à orientação estética dominante de seu tempo. É tão importante conhecer que o conteúdo dos versos de Anchieta destinava-se à catequização dos “índios”, quanto que a forma desses mesmos versos remontava ao cancioneiro medieval – dominado pela medida velha. A propósito, a medida nova foi desenvolvida na Itália, por Petrarca, trazida para Portugal por Sá de Miranda e elevada à perfeição por Luís de Camões. Com as lições iniciais, os participantes da oficina já serão capazes de distinguir com segurança as três faces do barroco Gregório de Matos Guerra: lírica, sacra e satírica. Minha proposta é fazermos repetidas leituras e interpretações dos nossos poetas, com especial atenção para o ritmo e para a linguagem figurada – aspectos que serão aprofundados em análise e produção posteriores.

O Centro Cultural encontra-se fechado por motivo de férias. Logo divulgarei dia e hora do início da nossa oficina. As inscrições poderão ser agendadas pelo e-mail www.froilamo@bol.com.br

OS CEM MELHORES POETAS...

Mandei vir pelo www.submarino.com o livro acima. Já estou velho de saber que não devemos cair nessa dos "cem melhores isto", "cem melhores aquilo", ainda mais quando se trata de algo com a subjetividade da poesia. O saber não foi suficiente: caí. Pronto. Na primeira leitura que fiz de algumas páginas, percebi o mau gosto do autor, um tal José Nêumanne Pinto. Para cada poeta escolhido, um poema. À exceção de poucos autores, essa seleção foi horrível.
Exemplos:
Augusto dos Anjos - As cismas do destino (com cento e cinco estrofes);
Olavo Bilac - O caçador de esmeraldas;
Manuel Bandeira - Porquinho-da-índia;
Vinícius de Moraes - Poema de Natal;
Adélia Prado - Casamento;
Paulo Leminski - nuvens brancas/ passam/ em brancas nuvens
...
Exceções:
Carlos Drummond de Andrade - No meio do caminho;
Jorge de Lima - Invenção de Orfeu (XXXIII);
João Cabral de Melo Neto - Tecendo a manhã.
...
Há nomes desconhecidos entre os cem que não justificam as ausências de um Armindo Trevisan e de um Manuel de Barros, por exemplo. Falha imperdoável.
De vez em quando, acabo comprando gato por lebre.

domingo, 1 de agosto de 2010

CRÔNICA DE DOMINGO

Da página 3, Informe Especial, Zero Hora de hoje, transcrevo a crônica de Fabrício Carpinejar:
Minha residência é estar de passagem. Se eu pudesse passaria a vida viajando pelo Rio Grande do Sul e nunca me cansaria. Meu passatempo é encontrar o pastel perfeito em nossas estradas. Não desisto. Tenho um caderninho com a indicação dos restaurantes e cotações da massa e do recheio. Nas andanças literária pelo interior, só abasteço meu interior. Já encontrei de tudo: um bar com uma placa indicativa na porta: "Não dê comida aos macacos nas árvores". Fui espiar e eram macacos hidráulicos espalhados pelos galhos. Pode?
Sim, nossa imaginação é poética. A imagem ao lado vem de Catuípe, pequena cidade a 400 quilômetros de Porto Alegre. Dormi num hotelzinho honesto em cima de um posto de gasolina. Tentei dormir até que um trem me despertou de madrugada. E descobri que o sol era seu último vagão.
(Faltou a imagem.)