sábado, 5 de dezembro de 2009

TEMPLETON EM SANTIAGO

Leio no Letras Santiaguenses, última edição, um texto escrito pelo muito estimado Dr. Arlindo Luiz Disconzi. O homem é um palestrante motivacional admirável, um excelente profissional, mas como defensor de sua crença religiosa merece umas boas objeções. O título de seu pequeno artigo é Big Bang. Antes de prosseguir na leitura, os pressupostos e conjecturas em torno do que o autor haveria de expressar nas linhas abaixo me fizeram rir.
O articulista referencia que "há cerca de 3,7 bilhões de anos, o Universo formou-se a partir de uma gigantesca explosão". Grave equívoco: cadê o algarismo 1 na frente do 3? Os mais recentes ajustes da teoria calculam que o big bang ocorreu há 13,7 bilhões de anos. Penso (sempre preferível a "acredito") tratar-se de um erro de digitação, do tipo "falta". Outro dado incorreto é o da velocidade de expansão do Universo (em aceleração). Mas até aí, tudo bem.
O texto descamba mesmo é a partir da frase exclamativa: "A matéria nunca mais conseguiu fazer isso!!!". Na origem das supernovas, por exemplo, há uma imitação em menor escala do big bang.
Risível é o argumento de autoridade ao qual o Dr. Disconzi se agarra: Michael Keller. O prêmio que esse padre polonês (triste ironia do destino, depois do que fez Copérnico) ganhou por defender que a causa do big-bang foi Deus, não prova nada. A Fundação Templeton, que o instituiu, é criacionista e procura compensar toda tentativa de justificar os dogmas da religião cristã pelos argumentos da ciência.
A conclusão do Dr. Disconzi é na mesma linha financiada pela Templeton: "Finalmente, ciência e religião estão lado a lado nesta questão, uma completando a outra". Cita Einstein, somente a frase do cientista que lhe convém: "Sem a religião, a ciência é capenga; sem a ciência, a religião é cega". Provavelmente, não sabe que o cientista também disse: "É claro que era mentira o que você leu sobre minhas convicções religiosas, uma mentira que está sendo sistematicamente repetida. Não acredito num Deus pessoal e nunca neguei isso. E sim o manifestei claramente. Se há algo em mim que possa ser chamado de religioso, é a admiração ilimitada pela estrutura do mundo, do modo como a nossa ciência é capaz de revelar".
Einstein disse: "Eu não acredito num deus pessoal" (o deus dos cristãos).

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