segunda-feira, 24 de agosto de 2009

DIÁLOGO COM REIFFER (II)

"Uma ótima observação, não há dúvidas que há elementos na poesia que são intraduzíveis. E há poesias menos traduzíveis que outras, dependendo dos recursos utilizados. A poesia pós-moderna é menos traduzível que a romântica, por exemplo. No entanto, no próprio exemplo que tu deste, na poesia de Drummond, se trocássemos "pedra" por uma palavra que fosse sinônimo dela em outro idioma, como stone, pierre, stein, ainda assim a poesia seria poesia, e o seu significado original seria mantido. Não se manteriam todos os recursos utilizados pelo poeta, mas creio que os que se mantêm por si só já justificam a tradução de uma poesia, pois uma parcela substancial do que o poeta criou será compartilhado com outros povos. Pior seria se nada fosse compartilhado. E convenhamos que raras pessoas no mundo se dariam ao trabalho de aprender Português apenas para ler a poesia de nossos poetas. Eu mesmo não iria aprender russo, apenas para dar um exemplo, para ler sua literatura, embora aprecie vários poetas russos, como Pushkin. Poderia aprender francês, alemão, mas não o russo. Da mesma forma devem pensar os russos. Iriam eles aprender português para ler as poesias no idioma? No entanto, graças às traduções, Fernando Pessoa hoje é um poeta reconhecido e idolatrado mundialmente."
(Comentário do Reiffer à postagem abaixo. Dayana Pessota Leite também participa desta interlocução, seu blog é http://www.unamujerhabitada.blogspot.com/)

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