quinta-feira, 4 de junho de 2009

(AINDA SOBRE O) ACORDO ORTOGRÁFICO

A reforma ortográfica continua a alimentar uma discussão entre prós e contras. Nos momentos iniciais dessa beligerância linguística, os prós se impunham com o argumento da unificação, mas os contras reagem com uma crítica baseada na impossibilidade prática da uniformidade e na publicação precipitada do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP). Solicitado a dar duas aulas sobre o Acordo, defendi-o, mesmo que a questão do hífen constituísse seu calcanhar de aquiles. A propósito, transcrevo o que postei em 13 de fevereiro:
ACORDO ORTOGRÁFICO
da Língua Portuguesa
Ontem dei uma aula sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990) no 19º Grupo de Artilharia de Campanha. Autorizado pelo comandante, Ten Cel Jacintho, apresentei as novas regras da reforma para um auditório composto por oficiais, subtenentes e sargentos. Em razão da longa e intelectualizada relação com o nosso idioma, não tive problema para, ora defender as mudanças, ora classificá-las como "calcanhar de Aquiles" (e que exigirá novo acordo futuramente). Isso ninguém disse até agora. Apenas no século XX, houve treze passos rumo à unificação.
Nessa postagem, requeri a originalidade em denominar o problema da hifinização de "calcanhar de aquiles". Pois bem, na revista Língua Portuguesa, nº 43, maio de 2009, numa matéria de Josué Machado, lê-se: "Outro engano se refere ao péssimo capítulo do hífen, calcanhar de aquiles do Acordo".
Reitero o que sentenciei há quatro meses: possivelmente, desentendimentos e contradições em relação ao hífen levarão a uma outra edição do Acordo. Sou obrigado a concordar com o professor Cláudio Moreno: não compre o VOLP, está cheio de falhas.

Um comentário:

Al Reiffer disse...

Sou a favor do acordo, em termos gerais, mas acredito que a revisão ortográfica foi muito mal feita na questão do hífen. Está vaga e confusa demais. Por exemplo: fala-se que as palavras que perderam a nossa de composição não levam mais hífen. Mas quais são elas? Isso não foi esclarecido devidamente. Esse critério de perder a noção de composição é muito subjetivo. Quem vai estabelecer o que perdeu ou não a noção de composição? E se para mim, determinada palavra hifenizada não possuir mais noção de composição? E se outra palavra, que perdeu o hífen, continuar, no meu entendimento, com noção de composição? Tudo isso é muito arbitrário.