quarta-feira, 6 de maio de 2009

DOÇURA E AFETIVIDADE


O mundo (pós-)moderno se caracteriza pelo individualismo, pelo crescente egocentrismo, cujo limite é o culto da própria personalidade, o autoendeusamento. As pessoas tudo fazem por suas felicidades individuais, sem a mínima vocação para mártir ou santo. O Estado que se preocupe com o social, âmbito que exige a máxima participação dessa macroestrutura institucional.
Toda homenagem às mães neste segundo domingo de maio é plenamente justificada, considerando-se as virtudes da maternidade. Com relação às nossas mães, avós e bisavós que pariram filhos e filhos ao longo do século passado, não há dúvida sobre a abnegação, o sacrifício pessoal na missão insubstituível de parir uma nova vida. Com a revolução hedonista, pelo prazer a qualquer custo, as mulheres passaram a sofrer uma pressão maior dos novos valores pró-indivíduo.
O resultado disso é que ser mãe hoje constitui uma opção difícil, muito pensada e, não raras vezes, indesejada. Já ouvi uma balzaquiana falar com toda a convicção que ainda não se casara para evitar filhos. E nunca teria filhos para evitar os (d)efeitos decorrentes da gravidez, do parto e da amamentação. Segundo ela, seu corpo e, por conseguinte, sua beleza física seriam comprometidos irremediavelmente. Outras mulheres, chamadas de “barriga-de-aluguel”, vendem sua natural capacidade de gerar. Outras ainda abandonam seus bebês ou, em casos extremos, cometem o filicídio.
Diante de um mundo que se degenera a olhos vistos, todavia, nenhum gesto supera em doçura e afetividade o da mãe que segura o filho nos braços.

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