sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

POESIA E REALIDADE

Na tarde de ontem, sentado num banco da URI, escrevi este poema:
oo
PROCURADOR
oo
das coisas
levadas pelo vento
me fiz
procurador
oo
por isso
contemplo macegas
em disparada

oo
por isso
(res)guardo rebanhos
de nuvem


por isso
escuto o gemido
das palavras

oo
procurador
das coisas
trazidas pelo vento
oo
À noite, fui ao Alceu Carvalho, levado por uma paixão menor: o futebol. O show da abertura foi muito bonito, com a melhor apresentação que vi dos pequenos artistas da Escola de Turno Oposto Criança Feliz. Em seguida, o primeiro jogo. Quando a equipe adversária do Grêmio entrou em campo para o aquecimento, perguntei ao Ademar Canterle se os uruguaios não haviam se enganado de cidade. Aquela gurizadinha deveria disputar o torneio infantil em Alegrete, o EFIPAN. Surpreendentemente, os marmanjos gremistas não sabiam jogar bola e acabaram levando um gol do Cerro. Isto mesmo! O último campeão da Copa Santiago foi derrotado pelo Cerro, do Uruguai.
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Diego Neves, acadêmico da UFSM, comenta em meu blog:
Froilam!
Há tempos não deixava meu comentário na tua página. As provas da faculdade não me deixavam sequer manter atualizado meu blog. Estou passando para dizer que continuo um leitor assíduo das tuas postagens, as quas considero as mais interessantes e importantes da rede blogueira atualmente. Agora, em férias, vou poder atualizar meu blog e comentar mais vezes. Um abraço!
Muito generosa essa apreciação.
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Minha coluna do Expresso Ilustrado desta sexta-feira:
Carta aberta
Filha, a saudade não tem tamanho, por isso te escrevo pela quinta vez desde este velho continente (exótico para um sul-americano que não havia saído de seu país anteriormente). Tantas para te dizer, que não sei por onde começar, ou pela ventura de conhecer a África, ou pela lembrança do teu sorriso. A UNAVEM III é a última fase desta missão de paz, responsável por monitorar o cessar-fogo entre os revolucionários da UNITA e os governistas da MPLA. Há poucos dias, um dos nossos fuzileiros foi morto durante uma emboscada contra um comboio de viaturas brasileiras. Angola é um campo minado, perigo iminente de perdermos uma perna ou a vida. Ao entrar para o Exército, nunca me ocorreu que um dia pudesse realizar um trabalho humanitário tão significativo. Não é só a boina azul que me leva a ser solidário com as pessoas, crianças e idosos em sua maioria. Aqui posso dar livre vazão à doçura que tu experimentas desde bebê. Nos momentos de folga, corro para a comunidade mais próxima, onde ensino língua portuguesa, xadrez e recito os grandes poetas. Com um pseudônimo, escrevo para um jornal de Luanda. Diferente de meus companheiros militares, converso muito com os angolanos em suas casas, nos bares, nas ruas. Não te lembras de Forte Coimbra? As vilas daqui têm o padrão da Saramandaia, obviamente sem considerar os danos de uma guerra civil (vistos pelo mundo por ocasião de uma recente visita da Princesa Diana). Esta nação precisa ser reconstruída. Como soldado da ONU e cidadão universal, penso que contribuo para os primeiros passos nesse sentido. O trabalho me diminui a saudade de ti, filha. Teu pai.

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