quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

CHUVA E DESMISTIFICAÇÃO

Na condição de homem pensante, tenho um grande objetivo: desmistificar o mundo ao meu redor. Segundo o Houaiss, "desmistificar" significa: 1 t.d. destituir o caráter místico ou misterioso de (...) 2. t.d. p. ext. desnudar (algo ou alguém) daquilo que mistifica, engana ou embeleza de maneira falsa. Hoje, ao sair à rua, ocorreu-me um exemplo que ilustra a desmistificação. Chovia fino. A previsão meteorológica, científica, que não é mística, assegura-nos que choverá no Rio Grande do Sul. A seca já se fazia anunciar no crestamento da grama, no matiz azulado das plantações, no reclame dos agricultores. Chovendo na véspera de Natal, dizem os mistificadores cristãos que é uma bênção, um presente. Pronto, isso é mistificar. Desmistificar é fazer o contraponto, exatamente como o faço na coluna do Expresso e neste espaço (a rima saiu ao natural). Como contrapontear? Seguindo os passos de Descartes ou Krishnamurti: duvidar e perguntar (não necessariamente nessa ordem). Por que não chovia aqui e diluviava em Santa Catarina? Lá a chuva era, por acaso, um castigo dos céus? Neste exato instante, ocorrem cheias e secas em algum lugar do planeta. Pessoas morrem de frio, e outras morrem de calor. O homem ainda se acha o centro do universo, de um universo que deve girar em torno dele, homo sapiens (in)sapiens, que mistificou sua própria existência. Os fenômenos naturais que continuam a ocorrer à revelia não são suficientes para desmentir as crenças, os mitos antropomórficos e antropocêntricos. Meu objetivo, dentro do qual se inclui esta postagem, reconheço tristemente, não passa de uma palavra sem eco num ambiente em que predomina a algaravia.

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