segunda-feira, 25 de agosto de 2008

QUATRO ANOS É MUITO TEMPO

A Rede Globo preenche o horário reservado à propaganda política (Lei nº 9.504/97) com a apresentação de vinhetas da Justiça Eleitoral, cuja mensagem é a seguinte: quatro anos é muito tempo, principalmente quando as coisas não vão bem; [...] pense bastante antes de escolher seu candidato; [...] não venda seu voto; [...] é a única forma de não deixar maus políticos no poder por quatro anos. Essa campanha vem ao encontro de um argumento que desenvolvi em defesa de quem vota. Um dos discursos recorrentes na boca dos preteridos, dos derrotados, sempre na oposição, consiste em dizer que o eleitor brasileiro não sabe votar. Mais do que um clichê, isso já se transformou num preconceito (que, repetido exaustivamente, ganha status de verdade). Não compreendo como esses eleitores, sempre caluniados, continuam impassíveis, sem a reação discursiva que caracteriza os mais politizados. Obviamente, não pretendo ser candidato a puxar o “véu de maia” que limita sua visão da realidade. Apresento-lhes um argumento tão somente: independentemente de todo esforço intelectual, de toda lógica pensada, de toda ética ao exercer o direito/dever de votar, a escolha entre os candidatos A e B será tripudiada como um equívoco. Tal ocorrerá não por ignorância, leviandade ou fanatismo, tampouco porque A e B sejam potencialmente maus políticos. Qualquer que seja o eleito, mais tarde seus adversários dirão que a maioria dos brasileiros não sabe votar. Isso acontece no âmbito de todas as escolhas, constitui uma regra de comportamento. A tendência natural para o egoísmo, com acusação gratuita e transferência de responsabilidade, impede a livre expressão do amor fati*.
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Aceitação do imponderável, do destino

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