segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O EQUÍVOCO

Não suporto ouvir que falem mal das ciências, uma vez que elas não respondem todas as indagações do senso comum. Algumas vezes, quando respondem, acabam indo de encontro às crenças e aos preconceitos que vicejam no mundo todo. A ecologia está na berlinda, ditando moda, inclusive. Entre as questões dessa nova ciência, o cuidado com a água se coloca como uma das mais pertinentes. O maltrato com o líquido se deve, em grande parte, pela consagração de um equívoco editado em todos os livros didáticos, ensinado pelos professores, veiculado pelos meios de comunicação e defendido por muitos ecologistas de “meia tigela”. O que sempre foi falado acerca da existência da água? Existe mais água do que terra em todo o planeta, numa proporção de quase três partes por uma. Tamanha quantidade de água sempre funcionou como uma reserva para todo desperdício e sujidade, usando-se os rios, lagos, mares e oceanos como transporte ou depósito do pior lixo produzido pelo homem. Não é uma visão superficial (para não chamá-la de ilusão óptica) que deve fundamentar o dado correto, mas um corte vertical e em profundidade. Toda a água existente não passa de uma finíssima camada que preenche as depressões do planeta, de onde sobressaem as terras continentais. Abaixo dessa película doce e salgada, tudo mais é sólido, constituindo a crosta (que, por sua vez, flutua sobre outro estado da matéria). Dito de uma forma diferente, a quantidade de água é mensurável, finita, capaz de ser afetada pelas ações poluidoras do homem. Não me refiro apenas à potabilidade da água, viés que denuncia um antropocentrismo nefasto, mas ao ambiente que ela representa, habitat para um número incalculável de espécies. Essas coisas não preocupam o senso comum, cujo caráter anticientífico traz o ranço da tradição judaico-cristã.
(Gostei tanto desse texto que o publicarei na próxima edição do Expresso)

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