segunda-feira, 4 de agosto de 2008

HOMO HOMINIS LUPUS*


Em O imperativo territorial, Robert Ardrey desenvolve a tese de que “o homem é o homem e não um chimpanzé porque durante milhões e milhões de anos matou para viver”. O homem tanto matou – agora eu argumento –, que aprendeu a matar não apenas “para viver”. A violência já se encontra codificada nos genes humanos, constituindo-se num traço característico da espécie. Nenhum outro bicho mata por simples crueldade ou prazer (de uma forma premeditada). Outras finalidades levam o animal (ir)racional a matar: o ladrão mata para roubar; o policial mata para evitar o roubo; o cidadão ficha-limpa mata para defesa própria ou por vingança. Lendo jornais, ouvindo rádio, vendo TV ou buscando na Internet, constato que o assassinato hoje atinge índices de ocorrência jamais observados em tempos pretéritos. Mata-se aqui, mata-se acolá. Dois brasileiros foram mortos por policiais na Inglaterra e nos Estados Unidos, porque um parecia ser terrorista (Jean Charles de Menezes), e outro fumava um cigarro que parecia ser de maconha (André Luiz Martins). A relação de estrangeiros mortos no Brasil é extensa, chegando ao caso mais recente: Cara Marie Burke, 17 anos, esquartejada pelo namorado em Goiânia. A droga e o crime organizado fizeram de nosso país um dos lugares mais violentos do mundo. Apenas a ignorância dessa realidade justifica o porquê dos turistas virem para cá, onde vivemos angustiados, sob a constante ameaça de ladrões e traficantes (potenciais assassinos que, quando presos, exigem mais proteção do Estado do que nós merecemos como cidadãos de bem). A banalização da morte revela o tecido podre de uma sociedade em decadência.
* Frase de Plauto, dramaturgo romano, traduzida para O homem é o lobo do homem.

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